63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística |
A NATUREZA DO SEMA NA SEMÂNTICA ESTRUTURAL |
Paulo Henrique do Espirito Santo Nestor 1 Sebastião Elias Milani 2 |
1. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística - UFG 2. Prof. Dr./Orientador - Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística - UFG |
INTRODUÇÃO: |
A natureza do sema é de grande importância para os estudos linguísticos e semióticos, visto que seu estudo visava a encontrar, entre outras coisas, o nível mais profundo da significação. Por esse motivo, o objetivo deste trabalho é tratá-lo, sob o ponto de vista historiográfico-linguístico, a partir da forma como ele se apresenta na teoria semântica de Algirdas Julien Greimas (Sémantique structurale,1966). O intuito de tal incursão é entender e elucidar a forma como esse autor chegou à definição da natureza de tal conceito. Inicialmente é preciso frisar que o sema é a unidade mínima da significação no plano do conteúdo, que equivale ao fema, que é o componente dos fonemas no plano da expressão. Sabe-se da importância que as teorizações acerca dos femas e, por conseguinte, dos fonemas, tiveram no processo de elaboração de metodologias voltadas à alfabetização, ao ensino de línguas estrangeiras, etc. Assim, entende-se que um estudo sobre o sema mereça destaque semelhante, pois a elaboração de tal conceito visava basicamente aos mesmos objetivos que os estudos do plano da expressão, ou seja, tornar mais profundo o conhecimento sobre a língua e a linguagem. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa possui os contornos que a abordagem historiográfico-linguística implica. Essa abordagem visa a tratar de obras e eventos na esfera dos estudos da linguagem. É de seu interesse entender e elucidar como o conhecimento acerca da linguagem se desenvolveu através dos tempos. Seu objeto, quase sempre, é encontrado nos textos escritos, portanto, é desse suporte que a Historiografia Linguística (cf. “La historiografía de la lingüística: apuntes y reflexiones”, SWIGGERS, 2009), fundamentalmente, depende. Assim, esta pesquisa segue os passos de um estudo de documentos. A natureza comum dos documentos estudados é a de que foram publicados: livros, periódicos, revistas científicas, artigos, ensaios, dicionários, manuais etc. Nesse processo, formulam-se as questões de pesquisa lendo-se sobre o assunto, já a quantidade de documentos estudados foi determinada por seleção, voltando-se à literatura científica relativa ao objeto de estudo. |
RESULTADOS: |
Pôde-se constatar que Greimas (1966) se fundamentou em vários autores para discutir a noção de sema. Entre os principais estão: Saussure, Hjelmslev e Jakobson. A partir dessas orientações e de suas próprias reflexões, Greimas afirmou que o sema não possui existência própria, só é possível pensá-lo e descrevê-lo negativamente como parte de uma estrutura de significação, por exemplo, b é definido assim por não ser p. Nessa diretriz, o sema se coloca no interior da percepção, no âmbito em que as significações são constituídas, e recebe uma “espécie de existência” devido ao fato de ser estabelecido por disjunção e por conjunção, pois, ele é identificado tanto por suas diferenças quanto por suas semelhanças, em um exemplo simples pode-se expor que grande vs médio vs pequeno são diferentes entre si, mas são comuns quanto a categoria tamanho. É fácil perceber que o sema ocupa um lugar de destaque no estudo acerca da estrutura elementar da significação. Nesse constructo teórico, a hipótese central é de que ao partir dessa unidade significativa mínima poder-se-ia conseguir organizar e descrever conjuntos cada vez maiores de significação. A compreensão da estrutura e do funcionamento do texto, evidentemente, sempre esteve no horizonte desse estudo. |
CONCLUSÃO: |
As unidades de estudo que ocupam as extremidades de uma hierarquia, ou seja, que se colocam como mínimas ou máximas, muitas vezes, provocam maiores dificuldades de definição que as situadas em patamares centrais. Isso ocorre devido ao fato de que são ou apenas integradas ou apenas integrantes, e disso resulta a impossibilidade de se saber o que as unidades máximas irão constituir e do que são constituídas as unidades mínimas. O sema é uma dessas unidades mínimas, e a dificuldade de determiná-lo reside basicamente nesse fato. Ele é uma entidade construída em razão da descrição, sua natureza não é substancial, mas sim relacional e, desse modo, não há como defini-lo por sua atomicidade ou por sua autonomia. Tal construção teórica atendeu, a princípio, às necessidades de uma teoria linguística, a semântica, que, com Greimas, posteriormente, se integrou a uma teoria semiótica. Nesses dois estágios o sema serviu ao mesmo propósito, entender a significação em seu nível mais abstrato, profundo e universal. Ao seu redor fora constituído o nível fundamental do percurso gerativo do sentido em que se vislumbram as oposições fundamentais (ex.: morte vs vida) que permeiam e ajudam a descrever, por inteiro, os textos. |
Palavras-chave: Sema, Semântica, Greimas. |