63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
FORMAÇÃO E PERCEPÇÃO ÉTICA DE ALUNOS CONCLUINTES DE LICENCIATURA EM QUÍMICA NO IFES – CAMPUS VITÓRIA
Antonio Donizetti Sgarbi 1
Cynthia Torres Daher Fortunato 2
Débora Santos 3
Sidnei Quezada Meireles Leite 4/5
1. Prof, de Educ., Dr.Ed., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES.
2. Profa. de Educ. em Ciências, Me.Ed., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Aracruz do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES.
3. Aluna do Curso de Licenciatura em Química do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES.
4. Prof. de Educ. em Ciências/Química, Dr.Sc., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do IFES.
5. Professor, Doutor, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática, Campus Vitória do IFES.
INTRODUÇÃO:
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Cursos de Química são competências e habilidades de um Licenciado em Química, com relação à sua formação pessoal, “refletir sobre o comportamento ético que a sociedade espera de sua atuação e de suas relações com o contexto cultural, socioeconômico e político” e ainda, em relação ao ensino de Química, “compreender e avaliar criticamente os aspectos sociais, tecnológicos, ambientais, políticos e éticos relacionados às aplicações da Química na sociedade” [1]. Desta forma um egresso do Curso de Licenciatura em Química deve ter em seu perfil as habilidades e as competências que demonstrem sua formação ética. Neste sentido o objetivo desta pesquisa é levantar alguns elementos para reflexão acerca da forma como vem ocorrendo a formação ética dos formandos de um Curso de Licenciatura em Química e também colher elementos que revelem a percepção ética dos egressos de um curso de Química. Estes dados refletidos à luz das DCNs para os cursos de Química ofereceram elementos para que alunos e professores pudessem refletir sobre a sua prática pedagógica, rever algumas posturas, reforçar outras e aprimorar futuros planejamentos em prol da formação dos candidatos à docência em Química.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa exploratória de cunho misto, qualitativa e quantitativa, feita com alunos concluintes do ano de 2010 do Curso de Licenciatura em Química do IFES – Campus Vitória. Dentro de um universo de 18 concluintes, 15 participaram da pesquisa, ou seja, 83.3% do total. A amostra, não probabilística, foi definida pelo critério de acessibilidade, pois participaram os alunos presentes na sala quando o questionário foi aplicado. Na coleta de dados foi utilizado um questionário-padrão com perguntas apresentadas em ordem fixa, cada uma sendo acompanhada por um conjunto determinado de respostas dentre as quais o entrevistado escolhia a que melhor lhe convinha[2]. O questionário constava de vinte perguntas sobre os seguintes temas: identificação do aluno (sexo, idade, procedência, atuação futura); ética como temática nos componentes curriculares (tema transversal, componente específico); eventos na área da ética; dilemas éticos; ética do professor; ética do profissional químico; ética do licenciado em química. Os dados foram inseridos e trabalhados no programa PSPP, um programa para análise estatística de dados em Ciências Sociais.
RESULTADOS:
O questionário foi respondido por 73,33% de mulheres e 26,67% de homens. Dos alunos 46,67% estavam na faixa etária de 20 a 25 anos e 60% vieram de escolas particulares, os demais vieram, metade de escola pública, e metade (20%) teve parte de sua formação na iniciativa privada e parte na rede pública. Pretendem se dedicar ao magistério 40% dos alunos; 33% pretendem atuar na área de pesquisa e 20% querem atuar na área industrial. Responderam que raramente a temática da ética era tratada em sala de aula, 73% dos alunos, embora 53,33% reconheçam que tiveram contato com a temática em disciplinas específicas e 80% afirmam ter participado de algum evento voltado para questões éticas durante o curso. Colocados diante de dilemas éticos 33,33% dos alunos demonstram ter forte consciência ética, sendo que para 60% dos entrevistados o valor axiológico que mais pesa na hora das decisões são os pragmáticos. Dos alunos, 73,33% acreditam que “todo professor é um professor de moral, ainda que o ignore”, como diz Reboul [3]. Surpreende o fato de todos afirmarem que não conhecem os textos relacionados à ética do profissional da Química[4]. Em relação às atribuições de um licenciado em Química, 13,33% dos alunos afirmaram que as conhecem. Acredita-se que informações como estas podem ser trabalhadas no sentido de favorecer realidades diferentes com as turmas que ainda não integralizaram o Curso.
CONCLUSÃO:
Diante dos resultados colhidos sobre a formação dos professores da Licenciatura em questão percebe-se que existem elementos ricos: componentes curriculares com a temática ética; eventos que tratam o assunto de forma específica, etc. De outro lado percebem-se algumas lacunas na formação como: temática da ética tratada de maneira fragmentada; componentes curriculares básicos como o Código de Ética profissional do Químico e outros documentos afins, não recebendo a atenção devida. Os dados também revelam em termos de percepção ética do formando um grande interesse pela temática em especial pelas discussões sobre meio ambiente, revelam ainda atitude crítica frente aos meios de comunicação que não dedicam a devida atenção aos assuntos ligados à temática da ética e a consciência de que existe algo que se pode fazer pela melhoria das relações éticas entre as pessoas. Discutir estes pontos pode ser útil na construção de ambiente ético, formativo onde se desenvolva a arte do diálogo, elemento essencial na convivência democrática.
Referências: 1) BRASIL. MEC. Parecer CNE/1.303/2001, 06 nov. de 2001. DCN para os Cursos de Química. 2) LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 3) ARANHA, M. L. A. Filosofia da Educação. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2006. 4) BRASIL. CFQ Resolução Ordinária nº 927 – 11 nov. de 1970. Disponível em: [http://www.hotlink.com.br/cgi-bin/busca.cgi
Palavras-chave: percepção ética, formação ética, ética do professor.