63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
Uso de um viveiro de mudas nativas do cerrado como estratégia de educação ambiental em uma escola pública de Planaltina - DF
Roberto Shojirou Ogata 1
Marcelo Ximenes Aguiar Bizerril 2
Jeanine Maria Felfili 3
1. Universidade de Brasília – UnB, Faculdade UnB Planaltina – FUP
2. Prof. Dr./Orientador – Universidade de Brasília – UnB
3. In Memorian, Profa. Dra./Orientadora – Universidade de Brasília – UnB
INTRODUÇÃO:
A flora do cerrado é considerada como uma das mais ricas entre as savanas mundiais, sendo sua importância destacada como sendo: fornecedora de madeira, fonte de frutos e plantas medicinais, e quando ocorre ao longo de córregos ou cursos de água irá filtrar poluentes e reter sedimentos, consequentemente, evitando o assoreamento.
A educação ambiental em conceito geral tem como objetivo promover o fortalecimento da cidadania como expressão da construção de uma sociedade mais justa e igualitária, sendo ela uma prioridade a problemas concretos, com uso do meio ambiente imediato como recurso pedagógico e a interação dos docentes das diferentes disciplinas com a escola aberta à comunidade.
Esse fortalecimento pode ser alcançado com o uso de estruturas ou espaço educador, possibilitando que a temática ambiental possa ser tratada de forma prática e ilustrativa. O viveiro florestal é um exemplo desse tipo de estrutura ou espaço.
A sensibilização dos estudantes do ensino fundamental e a escola como um todo para a preservação do meio ambiente pode ser uma alternativa para a construção de uma sociedade mais crítica e responsável. O objetivo desse trabalho foi testar o uso de um viveiro de mudas nativas do Cerrado como estratégia de educação ambiental no ensino fundamental.
METODOLOGIA:
O projeto foi desenvolvido com a participação de estudantes do 7º ano do ensino fundamental (educação integral), monitores e demais interessados durante encontros semanais com duração de três meses.
Em um primeiro momento, foi aplicada uma avaliação escrita a respeito da noção dos estudantes acerca do tema “Cerrado”.
Nas atividades teóricas foram desenvolvidas atividades de pesquisa com o auxílio dos livros didáticos através de perguntas sobre a temática cerrado e desafios matemáticos, com o uso dos livros didáticos presentes na biblioteca.
Após isso, os estudantes puderam realizar na prática o plantio, em saquinhos plásticos. A responsabilidade da irrigação foi dos próprios estudantes, o que foi facilitado pelo período chuvoso.
Dentro do contexto da educação ambiental, os estudantes, com o auxílio dos monitores desenvolveram técnicas para a produção de mudas em saquinhos feitos de jornal.
Ao longo de três meses foram produzidas aproximadamente 500 mudas entre saquinhos plásticos e jornal, com um índice de mortalidade em torno de 30%.
Em um último encontro, foi aplicado o mesmo questionário do início do projeto e distribuídas as mudas entre os interessados.
RESULTADOS:
A compreensão dos estudantes no que diz respeito à temática “cerrado” foi modificada positivamente, sendo que a ocorrência de estudantes que não souberam caiu de 20% para 0% e as respostas satisfatórias aumentaram de 20% para 47%.
A quantidade de espécies do cerrado conhecidas pelos estudantes aumentou significativamente, partindo de sete espécies inicialmente para dez espécies ao final, observando-se que, inicialmente, 20% dos estudantes não descreveram nenhuma espécie, e ao final 41% dos estudantes citaram 5 ou mais espécies.
As espécies citadas nas avaliações foram diversificadas nas duas avaliações com um alto índice de citação do pequi (Cariocar brasiliense). Na primeira avaliação foram citadas ainda as espécies exóticas como o jambo e a cajá-manga, enquanto que na segunda avaliação apenas um estudante citou o nome da manga como exemplo de árvore do cerrado, e as respostas genéricas não ocorreram na segunda avaliação.
Em relação à pergunta – “Qual a importância das árvores do cerrado? Explique.” – ocorreu um aumento nas respostas referentes aos frutos e remédios provenientes do cerrado, reduzindo a ocorrência de respostas inconsistentes e aumentando a citação das importâncias econômicas e medicinais que cresceram de 15% e 0% a 48% e 13%, respectivamente.
CONCLUSÃO:
Os estudantes do 7º ano do ensino fundamental conseguiram, ao final do projeto, produzir aproximadamente 500 mudas de espécies nativas do cerrado, assim como citar o nome de 10 espécies do bioma Cerrado sem se confundirem com o bioma Caatinga, porém ainda não foram capazes de realizar uma relação adequada entre a vegetação arbórea e os cursos d’água. O projeto propiciou aos estudantes um maior conhecimento da importância das árvores do cerrado, principalmente quanto à importância econômica e medicinal, mas a falta de saídas de campo prejudicou o reconhecimento das principais espécies arbóreas assim como para a visualização da dificuldade de regeneração da vegetação nativa diante dos vários fatores como o fogo e a ação antrópica. O pedido de retorno do projeto pelos estudantes do ensino médio da referida escola destaca a importância dessa prática como ferramenta de ensino para a educação ambiental.
Palavras-chave: Viveiro Florestal, Cerrado, Ensino Fundamental.