63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia - 3. Recursos Pesqueiros de Águas Interiores |
ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO DE PESCADOR DE VÁRZEA NA AMAZÔNIA |
Oriana Almeida 1 Rômulo Ravena de Sousa 2 Natan Vogt 3 Fernando Alves 4 Sérgio Rivero 5 Luciene Cardoso 6 |
1. NAEA-UFPA 2. Acadêmico UNAMA-Engenharia Sanitária e Ambiental 3. Associado à Indiana University 4. Acadêmico UFPA-Geografia 5. Departamento de Economia - CEPEC-UFPA 6. Acadêmica UFPA – Ciências Sociais |
INTRODUÇÃO: |
Os empregos gerados no setor da pesca especialmente associados à região de várzea e a população tradicional na Amazônia, regra geral, estão pouco representados dentro dos setores formais ou das estatísticas formais do governo ficando numa zona invisível aos olhos das análises setoriais. Em geral estimativas de população de pescador e da sua produção na Amazônia tem sido feita com base em estudos pontuais sobre densidade de pescadores. Para estimar o total de produção pesqueira tem-se feito uso da população urbana dos centros que não tem estatística pesqueira e o consumo médio de pescadores (Almeida et al. 2006; Almeida et al. 2003; Bayley e Petrere, 1989). Almeida et al. (2006) estimou de população de várzea para o estado do Pará com base na população do setor censitário do IBGE de 2000, associado a um mapa georreferenciado e um mapa de área de várzea do estado. Como os setores censitários não correspondem totalmente à área de várzea, foram considerados como área de várzea os setores censitários que possuíssem pelo menos 10% de área de várzea não considerando as áreas urbanas. O objetivo desse trabalho é estimar a população da área de várzea na Amazônia utilizando a base de dados dos setores censitários em formato digital de 2007 e o mapa da região de várzea. |
METODOLOGIA: |
Foram analisados mapas digitais da várzea e censos demográficos de 1996 com maior resolução disponível no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A extensão da várzea da Amazônia foi definida a partir de um mapa geológico de 2003, numa escala de 1:250.000. Os dados correspondentes do censo foram obtidos a partir do censo demográfico do IBGE 2007 para os setores censitários, ou seja, para a menor unidade administrativa de contagem de população disponível. Três classes da litologia Holocênica derivadas do mapa geológico foram escolhidas para delinear a várzea amazônica com populações ribeirinhas. As classes litológicas do IBGE usadas nesse estudo, e reconhecidamente ocupadas por populações ribeirinhas, são: Aluviões Holocênicos (QHa), Aluviões Fluviolacustres Holocênicos (QHfl) e Terraços Holocênicos (QHt). Ferramentas do Sistema de Informação Geográfica (SIG) foram usadas para extrair os setores do censo demográfico de 2007 que correspondem às áreas de várzea para a Amazônia. Pela observação visual e comparação dos mapas, todos os setores com 10% ou mais de várzea dentro de seus limites foram escolhidos, pois parecem ser os que conseguem capturar toda a população ribeirinha da várzea amazônica. |
RESULTADOS: |
Com essa metodologia a população da região da várzea Amazônica foi estimada em 1.066.614 pessoas, o que representa mais que 174.854 famílias para o ano de 2007. O estado que apresenta o maior número de famílias e população de várzea é o estado do Pará com 447.185 pessoas e um total de 79.854 famílias seguido do estado do Amazonas (63.784 famílias), Maranhão (15.033 famílias), Acre (14.175 famílias) e Mato-grosso (7.448 famílias). No estado do Amazonas a meso-região Centro Amazonense que contém a maior parte da várzea do rio Amazonas no estado, apresenta o maior número de famílias e população de várzea com 168.942 pessoas. A população da região da várzea da região do Pará foi bem maior e foi estimada em 447.185 pessoas. Isso pode ocorrer pelas áreas de várzea quem são mais amplas lateralmente na região. A estimativa de população pode variar dependendo dos cortes metodológicos que se façam em relação à área de várzea. Foi usado um corte de setores censitários onde 10% de cada setor, pelo menos tinham área de várzea. Nesse caso toda a população desse setor com 10% ou mais de várzea foi considerada como de área de várzea. Para testar a metodologia outros cortes foram feitos para o estado do Pará em outros trabalhos. Quando somente a densidade de cada setor censitário é considerada, e essa densidade é usada para calcular a população proporcional somente da área de várzea (através de uma proporção), então a estimativa de população de várzea cai para a metade. |
CONCLUSÃO: |
Esta análise forneceu os primeiros dados de estimativa de população de várzea para a Amazônia, a partir de setores censitários. Baseado nesses dados estima-se mais de um milhão de pessoas residindo na área de várzea. Várias tentativas de estimativa de pescadores e população da várzea já foram feitas, mas com métodos que podem gerar erros bastante grandes. Estimativas mais populares do passado (Bayley e Petrere 1989) foram feitas com base no número de pescadores por km2 a partir de uma região do Peru e expandida para toda a Amazônia. Almeida (2006) utilizou duas densidades de pescadores, uma para o estado do Amazonas e outra para o estado do Pará e, com essas duas densidades, estimou o número de pescadores para a calha amazonas Solimões. No presente trabalho uma estimativa de um pescador por família daria uma estimativa de aproximadamente 175 mil pescadores na Amazônia. Enquanto SIG ajuda e permite ter uma estimativa de população de várzea, os cortes dos setores censitários ainda podem afetar bastante também os resultados aqui presentes. Pesquisas com dados de várzea com maior definição e unidades de setores censitários menores, seriam necessários para precisar ainda mais a população. De outra forma, seria importante saber a distância a ser considerada como máxima de residência de pescadores em relação à margem do rio, para fazer uma linha de corte diferenciada nos setores censitários, considerados os tamanhos de cada setor e sua distância no rio fazendo uso do SIG. |
Palavras-chave: População, Várzea, Pesca na Amazônia. |