63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal |
EFEITO DE AGENTES DESINFECTANTES NA DESCONTAMINAÇÃO DE EXPLANTES DE Saccharum officinarum L. (POACEAE) PARA CULTIVO IN VITRO |
Diego José Caldas 1 Paulo Roberto Faria 1 Rogério Dias Marques 1 Sérgio Tadeu Sibov 2 |
1. Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG 2. Prof. Dr./Orientador, Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG |
INTRODUÇÃO: |
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L. ) apresenta elevado potencial para transformar energia solar em energia química e representa uma forma renovável de energia. A baixa eficiência dos métodos de produção de mudas de cana-de-açúcar torna sua propagação inicial lenta e seu custo elevado. A micropropagação pode ser utilizada para aumentar a eficiência dos métodos de produção de mudas, reduzir o tempo e oferecer grande quantidade de mudas com qualidade. Um obstáculo ao uso da cultura de tecidos é a assepsia do material coletado no campo. O processo de descontaminação deve eliminar os microrganismos do tecido vegetal sem danificar ou inviabilizar o explante. Alguns dos agentes desinfectantes utilizados são: cloreto de mercúrio, ácido clorídrico, cloreto de benzalcônio, peróxido de hidrogênio e os mais comumente utilizados: hipoclorito de cálcio e de sódio. Suas concentrações variam de acordo com o tipo do explante. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de agentes desinfestantes em explantes de cana-de-açúcar, a fim de elaborar um protocolo de desinfestação para variedades destinadas ao cultivo no Estado de Goiás. |
METODOLOGIA: |
Trabalho desenvolvido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais DBG/ICB/UFG. A partir de colmos da variedade RB98710, foram obtidos os “palmitos” para a retirada do ápice caulinar. Estes palmitos foram destinados a cinco tratamentos: T1: água corrente + detergente (H20 + det.) 20 min; hipoclorito de sódio (NaOCl) 1% 20 min.; casugamicina - fungicida/bactericida sistêmico (KAS) 8% por 3h; álcool (EtOH) 70% 20 min.; NaOCl 1% 20 min.; T2: KAS 8% 20h; H20 + det. 10 min.; NaOCl 1% 20 min.; EtOH 70% 1 min.; cloreto de mercúrio (HgCl2) 0,1% 20 min.; T3: KAS 8% 20h; H20 + det. 10 min.; NaOCl 1% 20 min.; EtOH 70% 1 min.; cloreto de mercúrio (HgCl2) 0,1% 20 min.; NaOCl 1% 10 min.; T4: KAS 8% 20h; H2O + det. 5 min.; NaOCl 1% 10 min.; EtOH 70% 1,5 min.; cloreto de mercúrio (HgCl2) 0,1% 20 min.; T5: KAS 2% 64h; NaOCl 0,5% 30 min.; KAS 8% 50 min.; EtOH 70% 1 min.; NaOCl 1% 5 min.; Após a desinfecção dos palmitos retiram-se os ápices caulinares que foram inoculados em frascos contendo 30 mL de meio MS semi-sólido. As avaliações das contaminações ocorreram semanalmente por 45 dias. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 20 repetições. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. |
RESULTADOS: |
A menor porcentagem de contaminação dos explantes foi verificada no tratamento T5 (KAS 2% 64h; NaOCl 0,5% 30 min.; KAS 8% 50 min.; EtOH 70% 1 min.; NaOCl 1% 5 min.), com porcentagem média de contaminação de 42%. Todos os demais tratamentos apresentaram taxas de contaminação acima de 70% sendo que as maiores porcentagens de contaminação dos explantes por fungos e/ou bactérias foram verificadas nos tratamentos T2 (KAS 8% 20h; H20 + det. 10 min.; NaOCl 1% 20 min.; EtOH 70% 1 min.; HgCl2 0,1% 20 min.) (89%) e T1 (H20 + det. 20 min; NaOCl 1% 20 min.; KAS 8% 3h; EtOH 70% 20 min.; NaOCl 1% 20 min.) (88%). Em cultura de tecidos, grande parte da contaminação por fungos indica falta de prática no trabalho em câmara de fluxo laminar ou no momento do manuseio de pinças, bisturis e demais instrumentos em condições assépticas. Porém, a contaminação fúngica foi muito baixa (8%) e o maior problema foi a contaminação bacteriana (66%), considerando todos os tratamentos. A menor taxa de contaminação obtida no tratamento T5 (42%) ainda é muito alta requerendo a utilização de outros procedimentos e/ou reagentes, como antibióticos, para um controle mais efetivo. |
CONCLUSÃO: |
O tratamento no qual o uso da casugamicina por um período de tempo maior (tratamento T5) confere melhor resultado para a descontaminação de explantes de cana-de-açúcar. Porém, novos testes deverão ser realizados, associando os métodos acima com o uso de antibióticos no meio para melhor controle da contaminação bacteriana que foi muito alta. |
Palavras-chave: Cana-de-açúcar, Micropropagação, Descontaminação. |