63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
MICROBIOLOGIA E ANTROPIZAÇÃO DO IGARAPÉ DO TUBO LOCALIZADO NA ILHA DE CARATATEUA, BELÉM, PARÁ
Célio Silva do Espírito Santo 1
Eliane Brabo de Sousa 1
Fábio Roberto Fonseca da Silva 2
1. Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque prof. Eidorfe Moreira
2. Colégio Madre Celeste
INTRODUÇÃO:
Na ilha de Caratateua (Belém), os ecossistemas aquáticos vêm sofrendo degradação e poluição causadas, sobretudo pelo crescimento urbano desordenado aliado ao descaso governamental que oferece, de forma ineficiente, os serviços de saneamento básico para a população. A coleta de lixo e a limpeza urbana são irregulares expondo os resíduos sólidos nas ruas perto das praias, rios e igarapés da região. É visível a ausência de um sistema de tratamento de esgoto e de águas pluviais. Percorrendo os bairros da ilha observam-se inúmeras fossas sépticas nas residências e banheiros improvisados cujos resíduos caem diretamente no solo ou em córregos de rios que viraram, ao longo do tempo, valas a céu aberto. Por outro lado, muitas tubulações de esgoto caem diretamente nas praias e igarapés da ilha sem nenhum tipo de tratamento o que põem em risco a população que utiliza suas águas para o banho, abastecimento e outras atividades de contato primário. Desta forma, este trabalho tem o objetivo de avaliar as atuais condições ambientais do igarapé do Tubo, que atravessa parte da ilha e deságua na principal praia da região, no que tange a qualidade de suas águas através da identificação dos níveis de coliformes totais e Escherichia coli relacionadas aos fatores físicos e químicos da água.
METODOLOGIA:
Ao longo do Igarapé do Tubo foram estabelecidos 5 pontos de coleta no trecho compreendido entre a Rua Tito Franco até a Praia Grande, no dia 29 de setembro de 2010, durante a maré cheia do período seco da região. Nestes pontos amostrais, foram coletadas águas em recipientes plásticos estéreis para determinar a presença e a concentração dos coliformes totais e E. coli. Posteriormente, as mostras foram encaminhadas ao Laboratório Central do Estado do Pará para análise e obtenção de resultados. Utilizou-se um Oxímetro digital para medir o percentual de saturação do oxigênio no Igarapé do Tubo nos pontos amostrais. Um Peagâmetro portátil foi utilizado para medir o pH da água e um termômetro manual para determinar a temperatura da água. Para observar a profundidade e a transparência utilizou-se um disco de Secch. No decorrer da pesquisa foi realizada uma caminhada ao longo do Igarapé do Tubo desde a Rua Tito Franco até a praia do Barro Branco, correspondendo mais de 3 Km de extensão, para observar as atuais condições deste ambiente. No trajeto foram realizados vários registros fotográficos da fauna, flora e das características sócio-ambientais do local.
RESULTADOS:
A temperatura mais elevada foi de 29 oC (pontos 1, 3 e 5) e a menos elevada de 27,8 °C (ponto 2). O pH variou de 7,4 (ponto 4) a 8 (ponto 2). O percentual de oxigênio variou de 89%, ponto 5, a 3% (ponto 2). No ponto 1, o igarapé se caracterizou por apresentar pouca profundidade, águas paradas, claras, límpidas com odor e cor característicos de águas de torneiras e não de esgoto. No local foram registrados níveis satisfatórios de coliformes totais e E. coli. No ponto 2 o igarapé foi cortado pela avenida N.S. da Conceição e se encontra profundo (1,5 m), estreito e com muitas vegetações sobrenadantes, sobretudo de lírio d’água e água-pé. No ponto 3 o igarapé encontra-se debaixo de inúmeras casas de estilo palafita construídas desordenadamente, sem saneamento básico. O ponto 4 apresenta águas cristalinas, correntes e com muito resíduos sólidos, sobretudo plásticos. Existem muitos bares no seu entorno e sobre ele. Foi considerado o trecho mais poluído do igarapé, porém não o mais degradado. Os níveis de coliformes totais e de E. coli foram altos e, portanto, insatisfatórios para as atividades de contato primário. O ponto 5 localiza-se na praia grande e recebe influencia do igarapé, logo suas águas são poluídas por esgoto e apresentaram níveis elevados de coliformes totais e E. coli.
CONCLUSÃO:
O igarapé inexiste em muitos pontos, sendo interrompido por barreiras físicas tais como a pavimentação asfáltica, residências ou deposição de aterros de construção civil. Porém, o igarapé resiste em outros pontos devido às inúmeras nascentes presentes ao longo do seu trajeto. Os valores dos coliformes totais encontrados no Igarapé foram satisfatórios em todos os pontos de coleta. Mas os valores de E. coli foram satisfatórios apenas no ponto 1 apresentando valor inferior a 1000 NMP/mL. Nos demais pontos, as análises foram Insatisfatórias para este parâmetro microbiológico. Desta forma, com base nas análises microbiológicas e físico-químicas de suas águas pode-se concluir, de forma geral, que as águas estão impróprias para a recreação de contato primário, mas segundo a legislação específica sobre a qualidade da água, são necessárias várias amostragens em um mesmo ponto para declarar as águas como impróprias.
Palavras-chave: Antropização, Microbiologia, Igarapé do Tubo.