63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo
MODELAGEM DE UM INSTRUMENTO DE LEITURA COM SIMBOLOGIA TÁTIL E SONORA: concepção e execução de um mapa de auxílio ao deficiente visual
Giovanni Andreas Capeli 1
Núbia Bernardi 1
João Vilhete Viegas d’Abreu 2
Mariana Aribé Alves 3
1. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – FEC/UNICAMP
2. Núcleo de Informática Aplicada a Educação – NIED/UNICAMP
3. Centro de Estudos e Pesquisa em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel O. S. Porto” CEPRE/FCM/UNICAMP
INTRODUÇÃO:
É crescente a preocupação com a acessibilidade no contexto urbano. No caso de indivíduos com deficiência visual a acessibilidade deve ir além de fornecer equipamentos que ajudem a locomoção física, disponibilizando também instrumentos que sejam capazes de oferecer informações que ajudem o usuário a compreender o espaço que ele irá utilizar. Informações como a sujestão de um percurso seguro e a identificação de possíveis barreiras próximas ao usuário ajudam a criar uma imagem mental do espaço e são de grande importância na inserção deste indivíduo no ambiente. Uma das ferramentas capazes de fornecer essas informações são os mapas táteis sonoros.
Este trabalho relata o desenvolvimento e execução de um mapa tátil sonoro passível de manipulação por indivíduos com deficiência visual que percorrem o entorno das edificações do Ciclo Básico no campus da UNICAMP. A pesquisa descreve o desenvolvimento de um protótipo utilizando simbologias de desenho arquitetônico aliado com a implementação de sistema sonoro sensível ao toque. Essa integração de conhecimentos tem permitido o desenvolvimento de um produto que garanta um melhor detalhamento do percurso proposto, com a finalidade de gerar um conjunto de informações que proporcionem segurança e autonomia na orientação espacial do indivíduo.
METODOLOGIA:
A produção da parte física não-eletrônica do mapa iniciou-se com o estudo da rota acessível do Ciclo Básico da Unicamp. A partir do primeiro modelo da rota criada, foi necessária a digitalização de seu desenho no software AutoCAD, da empresa Autodesk. Após a escolha das texturas e dos materiais a serem usados, foi realizada a impressão do documento virtual em uma placa de fórmica utilizando-se uma cortadora à laser (sistema de prototipagem rápida). A máquina trabalha relacionando a potência e velocidade do laser com as cores utilizadas no arquivo, portanto foi necessário a especificação de duas cores, uma definindo a área que receberia corte, com uma potência maior, e uma definindo a área que receberia apenas o desenho da rota (vinco), com uma potência menor.
Com as fórmicas cortadas, inicia-se a montagem da prancha principal do mapa, fixando os elementos em relevo sobre a placa desenhada. A fórmica é colocada em uma placa de mdf, para garantir uma maior facilidade na manipulação e maior resistência durante sua utilização. Logo após a secagem já é possível fixar os botões táteis que servem para ativação das informações sonoras. O mapa final é fixado em uma caixa de acrílico que acondiciona os dispositivos de hardware, finalizando o mapa tátil-sonoro.
RESULTADOS:
Os primeiros testes foram feitos com alguns voluntários na Biblioteca Central César Lattes da Unicamp com o objetivo de captar as primeiras impressões dos usuários e a partir delas direcionar ou alterar as prioridades na forma de se trabalhar as informações contidas no mapa e suas pertinências com relação ao público-alvo, como aceitação da escala, dos materiais e texturas. Na análise da atividade com os usuários foram apontadas algumas questões importantes. Uma delas é a necessidade de uma padronização na forma de se apresentar a informação contida no mapa para que ela possa ser transmitida com maior facilidade e possa até ser trabalhada em mapas posteriores como uma referência a ser seguida. Também houve a sugestão da possibilidade em se trabalhar com informações que fossem além da espacial, como informações que remetessem sons, cheiros ou quantidade de insolação do local. Outra consideração a respeito dos testes é que, mesmo se tratando do mesmo público-alvo, não estamos tratando com pessoas iguais, cada uma tem as suas preferências e diversidades de uso e experiências. Como exemplo, houve divergência a respeito da inclinação do mapa, um dos usuários achou que estava agradável a inclinação de 15o enquanto outro disse que preferia que estivesse na horizontal.
CONCLUSÃO:
O produto final gerado pela pesquisa, apesar de estar sendo chamado de mapa tátil, também contêm características de uma maquete tátil, proporcionando tanto a experiência de forma e disponibilizações dos edifícios bem próximas da realidade, quanto de fluxos e caminhos; todas informações para auxiliar o entendimento do espaço pelos usuários. O entendimento do espaço, que para a população com visão normal é direta, para o deficiente visual não é apenas uma experiência com a finalidade de satisfazer a necessidade da formação de imagens mentais, mas principalmente tem o objetivo de aproximá-lo desse espaço disponível, ajudando-o a utilizá-lo, a inserir-se no espaço físico, a sentir-se seguro e tomar posse dele com maior autonomia. É também importantíssimo lembrar que o mapa tátil-sonoro produzido é um equipamento que tem como usuários deficientes visuais, e foi imprenscindível o trabalho junto a eles em seu desenvolvimento para que seja possível encontrar e suprir as suas verdadeiras necessidades. O estudo da padronização na forma de apresentar as informações em mapas táteis é também um ponto importante nessa pesquisa, visando além da facilidade de seu entendimento, também a possibilidade de se criar uma referência a ser seguida em próximos mapas táteis-sonoros.
Palavras-chave: Mapa Tátil Sonoro, Rota Acessível, Orientação Espacial.