63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 4. Conservação da Natureza
EXTRATIVISMO, MANEJO E CONSERVAÇÃO NAS ILHAS DO PESSANHA E DA CONVIVÊNCIA – ATAFONA/ SÃO JOÃO DA BARRA/b>
Raquel Caetano Braga Reis 1
Nayara Batista Barroso Francisco 1
Luis Felipe Umbelino 1
1. Licenciatura em Geografia, IFF, Campos dos Goytacazes/RJ
2. Licenciatura em Geografia, IFF, Campos dos Goytacazes/RJ
3. Prof. Dr./Orientador - Licenciatura em Geografia, IFF, Campos dos Goytacazes/RJ
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa tem como objetivo compreender a atividade extrativista nos ecossistemas de manguezal localizados em ilhas quaternárias do delta do Rio Paraíba do Sul, a partir das práticas de manejo desenvolvidas pelas comunidades de catadores/ pescadores. Especificamente, busca- se fornecer indicadores ambientais baseados na percepção dos extrativistas e dos diversos agentes sociais envolvidos, sob a ótica da etnoconservação. As atividades extrativistas realizadas nos manguezais das ilhas do Pessanha e da Convivência, são em geral realizadas por grupos formados de familiares que tem como mecanismo de geração de renda, a coleta dos crustáceos guaimum (Cardisoma guanhumi) e do caranguejo-uçá (Ucides Cordatus). A exploração destas espécies em períodos indevidos, a falta de manejo adequado e o desrespeito ao ciclo reprodutivo têm resultado na diminuição da população destes organismos. Acredita-se que estas atividades extrativistas e a degradação ambiental na bacia hidrográfica são as principais causas da redução e fragmentação destes ecossistemas, aliadas a redução da área das ilhas pelo avanço do mar que já registrou-se ser de 1.3 % ao ano.
METODOLOGIA:
Para a realização desse trabalho foram realizadas expedições de campo nas Ilhas do Pessanha e da Convivência visando à realização de entrevistas com os catadores, comerciantes, pescadores e moradores da localidade. Foram levantadas informações sobre as formas de manejo, freqüência de coleta, alteração temporal do valor da abundância dos crustáceos, grau de organização da produção e associativismo e fiscalização. Analisou- se também através da literatura científica, as informações pertinentes ao extrativismo em áreas de manguezal. Os dados obtidos possibilitaram a construção de indicadores baseados na percepção dos extrativistas.
RESULTADOS:
Os resultados apontaram a diminuição do número de caranguejos no ecossistema, pois a coleta compreendia 1500 indivíduos durante um dia do período da estação de verão. Após uma década de exploração, sob as mesmas condições climáticas, os extrativistas retiram apenas uma faixa de 300 a 500 indivíduos. Os extrativistas indicam uma redução da abundância dos caranguejos baseado no aumento da periodicidade de coleta ao longo do ano. Antes, a coleta era realizada apenas na estação de verão. Os próprios catadores da localidade mencionaram a necessidade de um ordenamento da atividade, pois os pescadores de outras regiões que possuem fiscalização ambiental, tal como o manguezal de Gargaú, passaram a explorar os manguezais do Pessanha e da Convivência. Os estoques de crustáceos também estão ameaçados por outros fatores geomorfológicos, como à diminuição das ilhas decorrente do avanço do nível do mar. A falta de incentivos públicos e de organização dos extrativistas em associações e cooperativas contribuem para o arrefecimento da atividade.
CONCLUSÃO:
Os dados analisados revelaram que a falta de consciência ambiental, de fiscalização das atividades e o manejo inapropriado durante o extrativismo têm prejudicado a atividade de subsistência das famílias. A redução dos estoques de crustáceos e o menor número de extrativistas são os principais indicadores ambientais. O conhecimento das populações tradicionais acerca dos ecossistemas constitui-se de ferramenta indispensável para a manutenção da diversidade biológica e da sustentabilidade na geração de renda, pois os catadores das Ilhas do Pessanha e da Convivência conhecem os indicadores ambientais e as problemáticas socioeconômicas
Palavras-chave: Manguezal;, Atividades extrativistas;, Etnoconservação;.