63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura |
MEMÓRIAS NARRADAS: A NOVA DIÁSPORA E A AUTOBIOGRAFIA EM BROTHER, I’M DYING, DE EDWIDGE DANTICAT |
Priscilla da Silva Figueiredo 1 Leila Assumpção Harris 2 |
1. Departamento de Línguas Anglo-Germânicas, Instituto de Letras, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ 2. Profa. Dra./Orientadora – Instituto de Letras - UERJ |
INTRODUÇÃO: |
O trabalho se propõe a apontar o papel da memória dentro do contexto da nova diáspora, entendendo que, “os atos de memória pessoal são essencialmente sociais e coletivos” (Smith & Watson, 2001). O conceito de sujeito pós-moderno (Hall, 1992) e a percepção de indivíduos migrantes como homens e mulheres traduzidos (Rushdie, 1991) são fundamentais. Consoante a esta concepção de sujeito, está aquela defendida pela crítica Linda Hutcheon (1988) de que tanto História quanto Literatura são construções discursivas que ‹i›representam‹/i› a realidade. O trabalho dialoga com um novo conceito de autobiografia e os chamados atos de memória. A fonte primária escolhida foi o livro ‹i›Brother, I’m Dying‹/i›, da escritora haitiana-estadunidense Edwidge Danticat. O livro ganhou um prêmio na categoria de autobiografia, apesar de contar não a história da escritora, mas de seu pai e seu tio – e de certa forma, do Haiti. O livro é uma perfeita representação literária do argumento do trabalho de que: primeiro, tanto o texto literário quanto o histórico são construções discursivas; segundo, a obra de cunho autobiográfico e os atos de memória são sociais e coletivos e; terceiro, os sujeitos diaspóricos, por sua condição de alteridade, conseguem perceber as duas afirmativas anteriores de maneira mais profunda. |
METODOLOGIA: |
A partir da leitura e das discussões, foram selecionados a autora e o livro a serem trabalhados. Foi feito, então, um levantamento de bibliografia sobre as obras da autora escolhida. Toda a bibliografia levantada também foi lida, fichada e discutida, além de textos crítico-teóricos relevantes ao entendimento dos textos primários. De todas as obras primárias lidas foi escolhido o livro ‹i›Brother, I’m Dying‹/i›, publicado em 2007 – agraciado com um prêmio do National Book Critics Circle na categoria autobiografia – da escritora haitiana-estadunidense Edwidge Danticat, como sendo a melhor representação literária do tema proposto, qual seja, o fato de a memória pessoal ser um fenômeno construído e, de acordo com as críticas Sidonie Smith e Julia Watson um ato fundamentalmente social e coletivo, semelhante ao processo identitário da pós-modernidade. Para dar um embasamento teórico, foram lidos textos crítico-teóricos relacionados à formação identitária, diáspora, colonização, pós-colonialismo, pós-modernismo e autobiografia. Ao final de cada leitura, foram feitos fichamentos do material lido, cruzamento de obras primárias e secundárias e encontros de discussão com a professora e as demais alunas participantes da pesquisa para o aprofundamento do conteúdo. |
RESULTADOS: |
Por se tratar em um projeto no âmbito literário, os resultados e as conclusões são os mesmos. |
CONCLUSÃO: |
Tendo em vista o suporte teórico e a leitura das obras primárias, chegou-se à conclusão que os atos memória se realizam através do discurso. Tal como não existe discurso que não seja posicionado (Stuart Hall), ou seja, tudo o que é dito está sempre dentro de um contexto, o argumento é que também não há memória pura; a memória também é um ‹i›constructo‹/i›, mais especificamente uma narrativa. Como não se alcança a memória senão através do discurso, o que se conclui é que toda memória é uma memória narrada. Entende-se também que os chamados atos de memória são especialmente importantes no contexto do pós-colonialismo e da diáspora, uma vez que seus agentes, fundamentalmente aqueles que experimentam o sentimento de alteridade são não apenas sujeitos da diáspora, mas sujeitos da memória; ou seja, se por um lado eles são profundamente afetados por memórias que não são pessoalmente suas, por outro eles são construtores de sua própria memória, da de sua família e, até mesmo, da de seu país/países. A escritora haitiana-estadunidense Edwidge Danticat realiza esses atos de memória em seu livro ‹i›Brother I’m Dying‹/i›, de maneira bastante consciente porque se atreve a escrever um livro de autobiografia onde a protagonista não é ela própria, mas seu pai e seu tio. |
Palavras-chave: Literaturas em Língua Inglesa, Alteridade, Pós-colonialismo. |