63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura |
AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE LITERATURA E SEU PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO: UM OLHAR SOBRE O ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE GOIÂNIA |
Israel Elias Trindade 1 Cecília Andrade Ribeiro 2 Deylla Nara Garcia Manjela 2 |
1. Prof. Mestre/orientador - Depto de Estudos Lingüísticos e Literários, Faculdade de Letras – UFG 2. Graduanda do curso de Letras-Português, Faculdade de Letras - UFG |
INTRODUÇÃO: |
As Organizações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) visando a qualidade da educação básica, orienta que o ensino de Literatura deva ser pautado na formação para o letramento, incentivando o aluno a adquirir o gosto pela leitura. Todavia, diversos estudos, inclusive os da própria OCEM, revelam que esse objetivo não vem sendo atingido, em decorrência do processo de escolarização da literatura. A grande questão que se pode elaborar é que fatores conduzem ao processo de escolarização. Durante o 1° bimestre letivo de 2011, realizando o estágio curricular obrigatório e supervisionado da Faculdade de Letras da UFG, em uma escola pública de Goiânia, dedicamos a observar e identificar esses possíveis fatores. Nossas observações de campo, somadas às pesquisas bibliográficas, apontaram para o fato de que professores, alunos, escola e governo se divergem no que se refere às definições do que é e como se constrói literatura. Trata-se, portanto, de um problema que precisa ser amplamente discutido, principalmente por não ser de pleno conhecimento dos agentes nele envolvidos. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi dividida em dois tipos: bibliográfica e de campo. Num primeiro instante, durante as aulas teóricas do estágio, foi realizada a pesquisa bibliográfica, onde encontramos indícios do problema de escolarização da literatura na educação básica da rede pública estadual. Em seguida, nas pesquisas de campo, realizadas durante as aulas de Estágio supervisionado da Faculdade de Letras da UFG, dedicamos a investigar se o problema existia na escola onde o estágio estava sendo desenvolvido. Nossas observações preliminares confirmaram a ocorrência do problema e nos levaram à hipótese de que o mesmo decorria-se das divergências de concepções de literatura apresentadas pelos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Para a confirmação de nossa hipótese foram analisados quatro aspectos: a definição de literatura pelos documentos oficiais do governo (Organizações Curriculares para o Ensino Médio e Parâmetros Curriculares Nacionais) e da escola (Projeto Político Pedagógico), a concepção de literatura apresentada pelo livro didático, a do professor e a do aluno. Na coleta de dados foram realizadas entrevistas e aplicados questionários com questões objetivas e subjetivas, além da análise da abordagem da literatura nos livro didático adotado pela escola e nas avaliações diagnósticas aplicadas à educação básica. |
RESULTADOS: |
Os resultados de nossa pesquisa apontam para a divergência de definições do que é e como se constrói literatura. As diversas concepções de literatura apresentadas pelos documentos oficiais do governo não convergem com aquilo que os professores e alunos acreditam ser literatura, nem tampouco com a que os livros didáticos apresentam. Somado a isso, as avaliações reforçam essas divergências, pois valorizam apenas o aspecto pragmático da literatura. O resultado desse processo é um trabalho mecanizado da literatura e da leitura na escola. |
CONCLUSÃO: |
O processo de escolarização da literatura é um problema que precisa ser amplamente discutido, pois seus efeitos são exatamente o oposto a que se propõe o ensino da Literatura na educação básica. Ao invés de despertar o gosto pela leitura e conduzir o aluno ao letramento, tal fenômeno pode levar a aversão à leitura e à literatura enquanto disciplina na grade curricular. Os danos desse processo trazem conseqüências para todo o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que o conhecimento passa, necessariamente, pelos vieses da leitura. Nossa pesquisa revela a necessidade de sintonia entre as concepções de literatura, pois o trabalho encontra-se fragmentado e os envolvidos são convictos de que realmente ensinam ou aprendem literatura, demonstrando desconhecimento do problema. Acreditamos que a socialização de nossos resultados enriquecerá o debate acerca da construção de novas propostas de intervenções que contribuam decisivamente para a qualidade do ensino de literatura na educação básica da rede pública de Goiânia-GO. |
Palavras-chave: Educação básica, Concepções de Literatura, Escolarização.. |