63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia |
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DO EXTRATO AQUOSO LIOFILIZADO DA Memora nodosa (SILVA MANSO) MIERS |
Patrícia Vieira de Paula 1 Leila Maria Leal Parente 1 Luiz Carlos da Cunha 1 Adriana da Silva Santos 2 Tatiana de Sousa Fiuza 1 Leonice Manrique Faustino Tresvenzol 3 |
1. Faculdade de Farmácia-UFG 2. Escola de Veterinária-UFG 3. Profa. Dra./Orientadora – Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Goiás – UFG |
INTRODUÇÃO: |
A família Bignoniacea possui uma distribuição pantropical e no Brasil são encontrados 32 gêneros e mais de 350 espécies, com ampla gama de usos. Em Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso encontra-se a Memora nodosa (Silva Manso) Miers conhecida popularmente como carobinha, carobinha-do-campo, caroba-amarela e bambuzinho. O infuso das folhas e dos caules dessa planta é empregado popularmente no tratamento de úlceras e feridas externas enquanto o chá de suas raízes é utilizado internamente para dores abdominais e externamente no combate à sarna. A prospecção fitoquímica de M. nodosa evidenciou presença de óleo essencial, flavonóides, heterosídeos saponínicos nas folhas; carboidratos e heterosídeos saponínicos nas raízes. Verificou-se atividade antimicrobiana dos extratos obtidos das folhas, caules e raízes e do óleo essencial das folhas da M. nodosa com destaque para as bactérias Gram-positivas e o fungo Candida albicans. Baseando-se no uso popular, o objetivo desse trabalho foi avaliar a atividade cicatrizante do extrato aquoso das partes aéreas da M. nodosa. |
METODOLOGIA: |
As partes aéreas da M. nodosa foram coletadas, dessecadas em estufa a 40°C e trituradas em moinho de facas. Realizou-se a decocção do pó na proporção de 10% para a obtenção do extrato aquoso, com posterior liofilização. Foram preparados ungüentos (30% de lanolina etoxilada e 70% de lanolina anidra) contendo 5% e 10% do extrato aquoso liofilizado (EAL). Fez-se a análise do EAL através de cromatografia em camada delgada (CCD) para identificação de metabólitos secundários. Para avaliar a atividade cicatrizante foram utilizados 36 ratos (Rattus novergicus albinus) da linhagem Wistar, machos, provenientes do Biotério Central da UFG. Os animais foram pesados e divididos de forma aleatória, em dois grupos com 18 animais cada. Cada grupo foi subdividido em três subgrupos (n=6): Grupo 1 - tratados com o ungüento contendo 5% do EAL; Grupo 2- tratados com ungüento contendo 10% do EAL; Grupo 3 - controle negativo- tratados apenas com o ungüento. Para o procedimento cirúrgico os animais foram anestesiados (IM) com cloridrato de cetamina e cloridrato de xilazina. Após 4, 7 e 14 dias de tratamento um subgrupo de animais foi sacrificado e as feridas analisadas macro e microscopicamente. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFG com protocolo nº 057/10. |
RESULTADOS: |
A análise do EAL por CCD indicou a presença de flavonóides, saponinas e ácidos fenólicos. Através do tratamento estatístico utilizando-se o programa GraphPad InStat (Version 3.05 for Windows) e da análise das variáveis utilizando o teste t pareado, o teste de Kruskal-Wallis e o pós-teste de Dunn, verificou-se diferença estatisticamente significante na área de contração das feridas entre o grupo tratado com EAL a 5% e o controle apenas após 7 dias de tratamento. Não foi observada diferença significativa nos parâmetros histológicos. Não houve diferença significante entre o grupo tratado com EAL 10% e o controle após 4, 7 ou 14 dias de tratamento. Na análise das características microscópicas da fase proliferativa constatou-se aumento do número de vasos sanguíneos na derme dos ratos no grupo tratado com EAL a 10%, em relação ao grupo EAL 5%, porém essa diferença não foi significativa. Em relação à fibrose, constatou-se que houve aumento progressivo à medida que o reparo da lesão foi se processando, porém sem diferença significativa entre os grupos tratados com EAL a 5% e a 10%. |
CONCLUSÃO: |
Pode-se concluir que o extrato aquoso liofilizado das partes aéreas da Memora nodosa nas concentrações analisadas, não apresentaram atividade cicatrizante. Através desse trabalho pode-se questionar o dado etnobotânico que atribui atividade cicatrizante de feridas as folhas e caules de M. nodosa. |
Palavras-chave: Plantas Medicinais, Cicatrização, Caroba-amarela. |