63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 2. Imunologia Celular |
ALTERAÇÃO DAS POPULAÇÕES DE CÉLULAS T ESPLÊNICAS E PULMONARES NA LAGOCHILASCARIOSE EXPERIMENTAL EM CAMUNDONGOS |
Neusa Mariana Costa Dias 1 Priscila Guirão Lara 2 Letícia de Almeida Leandro 1 Denise Vilarinho Tambourgi 2 Mônica Spadafora-Ferreira 2 Mara Silvia Carvalhaes 1 |
1. Laboratório de Imunoquímica, IPTSP, Universidade Federal de Goiás- Goiânia,Goiás 2. Laboratório de Imunoquímica, Instituto Butantãn- São Paulo,SP |
INTRODUÇÃO: |
A lagochilascariose é uma infecção causada pelo helminto Lagochilascaris minor, que afeta a região da oro-naso-faringe provocando abcessos exsudativos. Algumas vezes o parasita invade o tecido pulmonar e o sistema nervoso central, levando a morte do hospedeiro. O ciclo experimental do parasita foi descrito utilizando-se camundongos como hospedeiros intermediários e felinos domésticos como hospedeiros definitivos. A disponibilidade de linhagens isogênicas de camundongos com diferentes “background” genéticos favorece o estudo da relação parasita-hospedeiro que é crucial no estabelescimento da suscetibilidade ou resistência à uma infecção. Nós demonstramos recentemente que camundongos C57BL/6 são mais suscetíveis a lagochilascariose experimental que camundongos BALB/c, apresentando lesões pulmonares mais intensas e um grande número de nódulos subcutâneos contendo larvas L3 encistadas. Ambas linhagens apresentaram um padrão misto de citocinas. O objetivo deste estudo foi caracterizar as populações de células T presentes no baço e pulmão das duas linhagens de camundongos infectados com ovos de L. minor. |
METODOLOGIA: |
Camundongos BALB/c e C57BL/6 foram inoculados oralmente com 1000 de L. minor por animal, e sacrificados em diferentes periodos da infecção. Animais não infectados foram utilizados como controles. A quantificação dos tipos celulares foi realizada nas lâminas marcadas por imunoistoquimica com objetiva de 40x. Cortes de baço e de pulmão congelado foram incubados com anticorpos marcados com FITC, PE ou PE-Cy5: anti-CD4, anti-CD8, e anti-INFγ. Os campos para quantificação foram capturados por meio de uma câmera acoplada ao microscópio e ao computador para digitalização. A diferenciação e quantificação celular foi realizada no sistema analisador de imagens Image J (NIH/EUA). Foram quantificados campos ou pontos, calculados pela média acumulada. A contagem de células esplênicas considerou as células marcadas em 48 pontos. A contagem de células pulmonares considerou as células marcadas em 30 pontos. As células esplênicas e pulmonares produtoras de IFNγ foram avaliadas semiquantitativamente. A análise estatística foi feita no programa Prisma 3 utilizando-se a média acumulada e desvio padrão seguido de teste T. |
RESULTADOS: |
Detectamos células CD4+ no baço de camundongos BALB/c infectados acima dos valores apresentados pelos controles aos 35, 100, 250 dias após a infecção, e observamos uma diferença estatística nas contagens de 35, 100 e 150 dias de infecção. Nos camundongos C57BL/6 estas células apresentaram-se estatisticamente aumentadas aos 150 dias pós-infecção. As células CD8+ no baço de camundongos BALB/c infectados não apresentaram valores acima dos controles. Nos camundongos C57BL/6 as células CD8+ apresentaram-se aumentadas em relação aos controles, aos 35 e 150 dias de infecção. Os camundongos C57BL/6 apresentaram maior quantidade de linfócitos CD8+ esplênicos quando comparados aos BALB/c. As células CD4+ no pulmão de camundongos BALB/c e C57BL/6 sacrificados aos 100 dias de infecção, apresentaram valores acima do controle. Os camundongos BALB/c apresentaram o dobro de células CD4+ que os C57BL/6. As células CD8+ no pulmão de camundongos BALB/c e C57BL/6 sacrificados no mesmo período, apresentaram valores acima do controle; sendo que os camundongos BALB/c apresentaram o dobro de células CD8+ que os C57BL/6. Os animais BALB/c infectados produziram maior quantidade de IFNγ pulmonar aos 7 dias de infecção, e de IFNγ esplênico aos 7 e 35 dias de infecção. |
CONCLUSÃO: |
Os camundongos BALB/c, mais resistentes a lagochilascariose experimental, apresentaram aumento de células T CD4+ desde o inicio da infecção, com maior produção de IFNγ. Nossos resultados sugerem a participação de diferentes populações de células T na resposta imune contra a infecção por L. minor. |
Palavras-chave: lagochilascariose, helminto, linfócitos T. |