63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
PLANEJAMENTO PERMACULTURAL DO SETOR DE AGROECOLOGIA DO INSTITUTO FEDERAL DE BRASILIA - CAMPUS PLANALTINA, DF
Luciano Bernardo Pimentel 1
Edson Antonio de Oliveira 1
Eldinê Pereira dos Santos 1
Gabriel Romeo Guimarães 1
Iolanda Rodrigues Cadete 1
Igor Alyson Alencar Oliveira 1,2
1. Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia, Instituto Federal de Brasília – Campus Planaltina
2. Prof. MSc/Orientador
INTRODUÇÃO:
O trabalho teve como objetivo o planejamento do setor destinado ao Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFB – Campus Planaltina. A partir dos princípios e fundamentos da permacultura, foi proposto um zoneamento da área que abrangesse, tanto quanto possível, as necessidades que um curso de Agroecologia apresenta. A permacultura, partindo da observação do ambiente e de princípios éticos de cuidado com a vida em todas as dimensões, propõe desenhos sustentáveis da ocupação humana, tendo muito a contribuir com a ciência agroecológica. Assim como esta, a permacultura tem bases na leitura e compreensão dos princípios da natureza, buscando interagir positivamente com estes no planejamento da ação humana sobre o ambiente. O princípio norteador deste trabalho foi a configuração da área enquanto modelo de agroecossistema sustentável, de acordo com as necessidades pedagógicas e materiais (alimentação, água, energia, etc.) do curso, e que incluísse o maior número de elementos, de forma exeqüível, considerando também as relações entre os elementos. Este trabalho assume grande relevância considerando o meio sócio-ambiental no qual está inserido, contribuindo ao Instituto a se firmar como centro de desenvolvimento rural sustentável.
METODOLOGIA:
Em uma primeira visita a campo, foi feito o reconhecimento geral da área com auxilio de imagem de satélite obtida por meio do software Google Earth, identificando os setores de influência dos fatores ambientais (luz solar, ventos, água, declividade do terreno, etc.), assim como a presença de elementos já existentes que deveriam constar no planejamento. Foi realizada então reunião entre os autores para elencar elementos que pudessem ser incluídos, de acordo com a vocação da instituição e os objetivos do trabalho. Após uma segunda ida a campo, realizaram-se mais dois encontros coletivos para construção da proposta, com o objetivo de debater a localização dos elementos propostos e suas conexões. Para isso, recorreu-se ao conhecimento prévio dos autores em permacultura e saberes tradicionais e ao conhecimento local de funcionários do Campus, assim como de tecnologias sociais disponíveis em publicações. Nesta etapa participaram também outros discentes do Curso de Agroecologia, com a proposição de alguns elementos que foram incluídos no planejamento. Finalmente, realizou-se o desenho da área com os elementos organizados segundo o conceito permacultural de zonas, visando uma maior eficiência energética e o máximo aproveitamento dos elementos e conexões.
RESULTADOS:
O resultado obtido foi um planejamento com 38 elementos, distribuídos em 6 zonas, variando desde a zona 0 (zero) até a zona 5 (cinco). Desse modo, foram localizadas na zona 0 as construções habitadas diariamente, como moradias, prédio de salas e centro acadêmico; na zona 1 os elementos acessórios às construções da zona 0, como estruturas de saneamento, assim como plantios manejados e utilizados diariamente; na zona 2 construções de uso não diário e criações animais de pequeno porte; na zona 3 estruturas de produção agropecuária de uso eventual, cultivos em consórcio, além de animais de médio e grande porte; na zona 4 sistemas agropecuários de uso e manejo menos freqüente, como agroflorestas e apicultura, e a zona 5 foi identificada como o córrego e mata de galeria associada que ocorrem em toda a extensão nordeste da área. As zonas não ocorrem necessariamente em seqüência, podendo, por exemplo, uma zona 1 estar em contato com uma zona 4, ou uma zona 2 estar entre uma zona 3 e uma 4. Isto porque, se fatores como a proximidade do local de habitação, a freqüência do manejo e o grau de utilização são importantes, na realidade o fator determinante no planejamento foi o aumento da eficiência energética do sistema como um todo, por meio do arranjo racional dos elementos.
CONCLUSÃO:
O planejamento obtido como resultado deste trabalho é uma das possibilidades de utilização da área em questão, de modo a torná-la mais eficiente para o ensino da Agroecologia. Ao se localizar os elementos ligados às principais necessidades da área, tanto aquelas de manutenção do espaço quanto do ensino, chegou-se a um desenho que, sendo executado, contribuirá de forma evidente à consolidação da área como modelo de agropecuária em bases sustentáveis. Integrando cultivos agrícolas, pecuária, reflorestamento, produção de alimentos, energias renováveis, saneamento ecológico e uso racional da água, entre outros, o setor passará a ter múltiplas funções: local de prática e experimentação dos princípios e técnicas do âmbito da agroecologia, campo de pesquisa e compreensão das interações entre elementos da natureza e destes com a atividade humana, modelo de ocupação humana em busca de níveis cada vez maiores de sustentabilidade, além de se tornar pólo irradiador de tecnologias sociais, princípios e valores éticos para a região na qual está inserido. Deste modo, os autores recomendam estudos mais aprofundados, partindo deste trabalho como base, para a efetiva implementação de sua proposta, o que certamente levará à transformação da área estudada em referência no ensino da Agroecologia.
Palavras-chave: Agroecologia, Permacultura, Planejamento.