63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 4. Gestão de Negócios
PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM EMPREENDEDORISMO TECNOLÓGICO: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO BRASILEIRA.
Renan Marçal Manzi 1
Thayrone Wharley Franco Noleto 1
Cândido Borges 2
1. Universidade Federal de Goiás
2. Prof. Dr. / Orientador - Universidade Federal de Goiás
INTRODUÇÃO:
Uma das estratégias utilizadas por pesquisadores para fazer avançar os conhecimentos sobre um determinado tema é a análise da produção cientifica daquela área. Faz-se uma pesquisa bibliográfica exaustiva, avaliando temáticas estudadas e metodologias adotadas, de forma a identificar tendências e lacunas do assunto em tela. Em administração, por exemplo, é recorrente a utilização deste tipo de estratégia (BERTERO, CALDAS e WOOD JR, 2005). O problema é que, apesar dessa reconhecida importância, não há nenhum trabalho publicado nos principais fóruns de pesquisa em administração e empreendedorismo no Brasil que se preocupe em analisar a produção científica brasileira sobre o empreendedorismo tecnológico. Portanto, o objetivo do presente trabalho é analisar a produção científica na área de empreendedorismo tecnológico feita no Brasil, priorizando a avaliação das temáticas abordadas e dos procedimentos metodológicos adotados.
METODOLOGIA:
Na realização deste trabalho levantou-se todos os artigos publicados em revistas e encontros científicos de maior relevância nacional na área de Administração e Empreendedorismo. Foram utilizados artigos dos Anais do Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica (2006 e 2008), do Encontro da ANPAD (EnANPAD) (1997 a 2009) e do Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (EGEPE) (2000 a 2008), bem como nas revistas de Administração do país com conceito Qualis A1, A2, B1 e B2. Foram utilizados na análise 63 artigos. Os artigos foram analisados sob o prisma de um formulário de análise pré-elaborado, que continha duas linhas de coleta de informações. A primeira abordava o perfil metodológico do artigo, avaliando os seguintes aspectos: (i) se o artigo era apenas teórico ou teórico-empírico; (ii) se era qualitativo, quantitativo ou quali-quanti; (iii) a abordagem temporal do artigo (transversal ou longitudinal); (iv) as fontes de dados utilizadas; e (iv) os métodos de coletas de dados. A segunda parte do formulário de análise tratava da temática de foco do artigo, a saber: empreendedor, nova empresa, processo e ambiente.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos evidenciaram o alto número de estudos qualitativos em relação ao total de artigos publicados cerca de 61%, quali-quant 29% e quantitativo 10%. Constatou ainda o baixo número de artigos teóricos na área, contando com 11% do total de artigos escritos na área de empreendedorismo tecnológico. Outra lacuna observada é a pouca utilização de dados secundários. Nenhum artigo utilizou como fonte de dados principal as bases já existentes, como, por exemplo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) o da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC). Percebeu-se ainda a pouca exploração dos estudos longitudinais na área. Finalmente, sugere-se que os estudos em empreendedorismo tecnológico diversifiquem o contexto de pesquisa. Primeiro, é preciso pesquisar também a criação de empreendimentos tecnológicos fora das incubadoras. Não é majoritariamente nelas que a criação de empreendimentos tecnológicos acontece, mas são nelas que os pesquisadores brasileiros estão concentrando os seus esforços. Segundo, é preciso realizar mais pesquisas em regiões outras que a Sul e a Sudeste – regiões onde a produção brasileira está mais concentrada.
CONCLUSÃO:
Obtêm-se do trabalho outras oportunidades de aprofundamento no estudo do empreendedorismo tecnológico. Conforme mostrado em seus resultados, é indicado maior realização de estudos quantitativos na área do empreendedorismo tecnológico. Além disso, é possível aumentar o número de trabalhos que utilizem dados secundários, bem como realizar estudos de caráter longitudinal. Evidencia-se ainda a necessidade de diversificação no contexto dos trabalhos em empreendedorismo tecnológico, podendo-se concentrar mais esforços em outros aspectos, como a criação de empresas tecnológicas em ambientes que não o de incubadoras de empresas e, também, em outras localidades geográficas do país, fora do eixo Sul-sudeste.
Palavras-chave: Empreendedorismo, Empreendedorismo tecnológico, Produção brasileira.