63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
EFEITO DO TEGUMENTO E DE AGENTES DESINFESTANTES NA DESCONTAMINAÇÃO DE SEMENTES DE Eugenia dysenterica DC (MYRTACEAE) PARA CULTIVO IN VITRO
Marcos de Castro Cardoso 1
Lívia Cristina da Silva 1
Catherine Eleanor Rose 2
Letícia de Almeida Gonçalves 3
Sérgio Tadeu Sibov 4
1. Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG
2. Departamento de Biologia, PUC-GO
3. Profa. Dra./Co-orientadora, Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG
4. Prof. Dr./Orientador, Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG
INTRODUÇÃO:
O Cerrado é o segundo maior bioma do país, reconhecido por sua grande biodiversidade e grande número de espécies endêmicas. Sua paisagem foi pouco afetada até a década de 1960, desde então vem sendo crescentemente ameaçado pelo surgimento de novas cidades, rodovias e pela expansão mal planejada da fronteira agrícola. A cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) está entre as espécies endêmicas do Cerrado que está ameaçada por esta crescente degradação. A espécie floresce entre os meses de agosto e setembro e frutifica nos meses de setembro e outubro. Os frutos são consumidos in natura ou processados e as folhas e casca apresentam propriedades medicinais. Por esses motivos é imprescindível à busca de formas alternativas de conservação deste patrimônio genético. A conservação in vitro é uma forma bastante promissora, permite produzir plantas em espaços mais reduzidos sob condições controladas, multiplicando genótipos superiores. Apesar disto, o principal entrave na micropropagação de plantas é a obtenção de protocolos eficientes de descontaminação do explante inicial, para que os trabalhos envolvendo a cultura in vitro possam ser iniciados. Este trabalho objetiva constituir protocolos eficientes para assepsia de sementes de E. dysenterica visando à produção de plantas in vitro.
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais do Depto de Biologia Geral ICB/UFG. Sementes foram divididas em dois grupos: com tegumento e sem tegumento. A pré-assepsia destes dois grupos consistiu na adição de 20 gotas de detergente neutro em água corrente por 20 min. Em seguida as sementes de cada grupo foram imersas em álcool 70% por um min. e destinadas a sete tratamentos: quatro concentrações de cloro ativo: 0,25%, 0,5%, 1,25% e 2,5%, por 20 min.e três concentrações de casugamicina (fungicida/bactericida sistêmico): 2%, 4% e 8%, por 20 min., totalizando 14 tratamentos. As sementes então foram lavadas três vezes, em água esterilizada. Cada semente foi inoculada individualmente em frascos contendo 50 ml de meio MS, com 30 g/L sacarose e 7,5 g/L agar. O pH foi ajustado para 5,7 antes da autoclavagem. A incubação foi mantida a 25 ± 2ºC com um fotoperíodo de 16h. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 30 repetições. A avaliação da percentagem de contaminação foi realizada semanalmente por cinco semanas. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
O maior índice de contaminação das sementes por fungos e/ou bactérias (100%) foi verificada nos tratamentos das sementes com tegumento independente das concentrações de cloro ativo e casugamicina. A menor porcentagem de contaminação ocorreu nos tratamentos das sementes sem tegumento. Entre as diferentes concentrações de cloro ativo as mais eficientes foram as de 0,5% (6,66% de sementes contaminadas), 1,25% (13,33%) e 2,5% (10,00%). Entre as concentrações de casugamicina testadas a melhor foi de 8% apresentando 26,66% de sementes contaminadas.
CONCLUSÃO:
Para a descontaminação de sementes de E. dysenterica, o tratamento mais indicado é o que utiliza 0,5% de cloro ativo, e que a remoção do tegumento é imprescindível para o sucesso da descontaminação.
Palavras-chave: Cagaita, Germinação, Descontaminação.