63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica |
SAMAMBAIAS E LICÓFITAS EM ILHAS DO RIO DAS MORTES, NOVA XAVANTINA-MT |
Nayara Dias Alves Teixeira 1 Francisco de Paula Athayde Filho 2 Keline França Costa 3 Luciú Rezendes Fernandes 4 Fernando Elias da Silva 5 |
1. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT 2. Prof. MSc. / Orientador - Departamento de Ciências Biológicas – UNEMAT 3. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT 4. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT 5. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT |
INTRODUÇÃO: |
Samambaias e licófitas constituem um grupo vegetal com grande diversidade, com média de 1100 espécies no Brasil, podendo ocorrer em variadas fisionomias, com variadas condições ambientais, e por apresentarem diferentes formas de vida e de crescimento, aumentam suas chances de estabelecimento. No Cerrado a flora de samambaias e licófitas é pouco conhecida e estima-se que 76% dela ocorra em formações florestais, que exibe uma riqueza florística variada. Em Mato Grosso observa-se uma relativa riqueza dessas plantas com cerca de 310 espécies, contudo ainda existe uma grande escassez de estudos sobre este grupo na região. Estudos de fauna e flora em Ilhas no Brasil são escassos, ainda mais quando se refere a ilhas fluviais. E se tratando de estudos com samambaias e licófitas os trabalhos ainda são mais raros, e os que existem envolvem sempre ilhas marítimas. O rio das Mortes possui cerca de 160 km de extensão dentro do município de Nova Xavantina, portando neste trecho mais de 20 ilhas, de diferentes tamanhos e com fragmentos de mata ciliar com variados graus de conservação. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a riqueza florística e os aspectos ecológicos das samambaias e licófitas ocorrentes em cinco ilhas do Rio das Mortes, em Nova Xavantina, MT. |
METODOLOGIA: |
Para o desenvolvimento do presente trabalho foram selecionadas cinco ilhas do rio das Mortes, em Nova Xavantina-MT, sendo duas localizadas abaixo da sede do município (Ilha 26 e Kapitarikura) e três acima (Ilhotas 8, 9 e 10). A Ilha 26 é a mais alta de todas as ilhas amostradas, toda florestada, parcialmente úmida, sofrendo inundações parciais nas cheias, em sua parte anterior e em um trecho em sua porção mediana. Já a Kapitarikura possui solo arenoso em quase metade da ilha e é baixa, inundando a cada cheia, enquanto a outra metade apresenta-se mais elevada, não sofrendo inundações e é onde a vegetação florestal está concentrada. As ilhotas 8 e 10 são altas, arenosas e com bordas rochosas, apresentando vegetação rala. E a Ilhota 9 é baixa, brejosa e possui densa vegetação. As coletas foram realizadas através de caminhadas gerais entre dezembro de 2009 e março de 2011, utilizando-se métodos usuais de campo. Os aspectos ecológicos também foram registrados, seguindo metodologia clássica para hábito, preferência de substrato e formas de vida. Foi utilizado o sistema de classificação do grupo mais atual, e o material testemunho encontra-se depositado no Herbário NX, do campus universitário de Nova Xavantina-MT. Duplicatas foram enviadas para herbários de relevância no Brasil. |
RESULTADOS: |
Foram registradas sete espécies, em quatro gêneros e quatro famílias. Pteridaceae apresentou a maior riqueza com quatro espécies, enquanto o gênero mais comum foi Adiantum. A ilha 26 foi a mais rica (quatro espécies, 57% do total). Essa maior riqueza pode ser explicada pelas condições ambientais e topográficas desta ilha que é florestada e úmida, não sofrendo inundação. Já a Kapitarikura apresentou duas espécies (29%), encontradas na parte mais alta da ilha, onde a vegetação está concentrada e não inunda. Apesar das ilhas 26 e Kapitarikura apresentarem tamanho similar, a menor presença de espécies na segunda pode ser justificada por possuir menor área florestada que não sofre inundação. Na ilhota 9 foram encontradas duas espécies (29%), e nas ilhotas 8 e 10 foi amostrada apenas uma (14%). O tamanho, estrutura física e as condições ambientais das ilhotas 8 e 10 são similares, enquanto a ilhota 9 é maior, mais úmida e toda florestada. Aparentemente, os fatores que podem influenciar a presença das espécies é o tamanho, a densidade florestal e umidade das ilhas. Em relação aos aspectos ecológicos, a preferência por substrato mais comum foi terrícola (quatro espécies); todas apresentaram o hábito herbáceo; e a forma de vida mais comum foi hemicriptófita rosulada (três espécies). |
CONCLUSÃO: |
Devido à escassez de dados sobre a flora de samambaias e licófitas em ilhas fluviais no Brasil, é de vital importância estudos que visem à ampliação desse conhecimento, uma vez que não se tem idéia da riqueza florística destes ambientes, mas sabe-se do grande potencial de portarem espécies exclusivas, adaptadas a esta condição ambiental, e que não são observadas nas áreas de mata ciliar marginais do rio. Aliado à falta de estudo destes ambientes, o risco pelo qual estas ilhas estão expostas também é grande, uma vez que dentro do município de Nova Xavantina estas áreas estão sujeitas constantemente à degradação causada pelo turismo descontrolado, e pela pesca predatória uma vez que estas áreas são usadas como abrigo pelos pescadores. Nestes locais é comum o acúmulo de lixo deixado por visitantes do município e região, além do desmatamento e alteração de características físicas das ilhas. Sendo assim políticas de intervenções baseadas em trabalhos como estes, são de grande relevância, para que se consiga preservar estes ambientes, que são representantes importantes da fauna e flora regional. |
Palavras-chave: Ilhas Fluviais, Rio das Mortes, Samambaias e licófitas. |