63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
Caracterização Preliminar do Estrato Arbóreo de Fragmentos de Mata Ciliar e Ilhas do Rio das Mortes, Nova Xavantina- MT
Angélica Cristina Cozer Leal 1
Gustavo Pires Iduarte 2
Patrícia Fetter 3
Clarissa Fernandes Bulhão 4
1. Departamento de Ciências Biológicas, UNEMAT – Campus Universitário de Nova Xavantina – MT
2. Departamento de Ciências Biológicas, UNEMAT – Campus Universitário de Nova Xavantina – MT
3. Departamento de Ciências Biológicas, UNEMAT – Campus Universitário de Nova Xavantina – MT
4. Professora. MSc./ Orientadora - Dept°. de Ciências Biológicas – UNEMAT
INTRODUÇÃO:
As matas de galeria e ciliar têm grande importância em diversos aspectos hidrológicos e ecológicos: manutenção da qualidade da água, estabilidade do solo de áreas marginais e regularização do regime hídrico. Essas matas funcionam como um filtro de escoamento superficial, protegendo os cursos d’água do excesso de fertilizantes e defensivos agrícolas, além de fornecer alimento para a fauna aquática e silvestre. De acordo com o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771 de 15/09/1965), as matas que acompanham os cursos d’água são consideradas áreas de preservação permanente (APP), devendo ser rigorosamente preservadas. No entanto, estes ecossistemas têm sido destruídos em ritmo acelerado para extração de madeira e pela atividade agropecuária. A crescente pressão antrópica sobre o Cerrado destruiu cerca de 40% de sua área original, o que torna urgente a intensificação de trabalhos neste bioma, que apresenta alta biodiversidade. Para o estado de Mato Grosso, em especial, existem poucos estudos realizados em matas de galeria e ciliar; assim este trabalho teve como objetivo caracterizar a composição florística do estrato arbóreo de fragmentos de mata ciliar e ilhas do Rio das Mortes em Nova Xavantina-MT.
METODOLOGIA:
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa “Corredor das Águas: ecologia e conservação do Rio das Mortes, Nova Xavantina-MT” (FAPEMAT), e até o momento foi desenvolvido em seis fragmentos de mata ciliar e cinco ilhas ao longo do Rio das Mortes, dentro do limite do município de Nova Xavantina-MT, região leste do estado. Foram coletadas todas as espécies de árvores e lianas em estágio reprodutivo, as quais foram fotografadas, herborizadas e depositadas no acervo do Herbário NX da Coleção Zoobotânica James Alexander Ratter da UNEMAT – Campus de Nova Xavantina. A determinação das espécies foi realizada no campo quando possível, ou por meio de comparações com espécimes depositados em herbário. Quando necessárias foram realizadas consultadas a bibliografias especializadas e/ou a especialistas. A identificação das famílias de angiospermas seguiu o sistema de Cronquist (1988), segundo o qual o Herbário NX está organizado. A revisão dos nomes das espécies seguiu o proposto nos sites: Lista de espécie da flora do Brasil e Missouri Botanical Garden (Mobot 2008). O índice de similaridade entre ilhas e margens e entre o rio das Mortes e outras matas ripárias do bioma foi calculado pelos índices de Sørensen e Jaccard.
RESULTADOS:
Nos fragmentos de mata ciliar foram amostradas 225 espécies, distribuídas em 142 gêneros e 61 famílias. Deste total as lianas representam aproximadamente 21% das espécies coletadas e o hábito arbóreo predomina com 79%. A família com maior riqueza foi Fabaceae com oito espécies, seguida por Caesalpinaceae e Vochysiaceae (7), e Sapotaceae, Myrtaceae e Rubiaceae (6). Os gêneros mais importantes foram: Pouteria (10 espécies), Ficus (6), Myrcia (5), e Bauhinia, Licania e Combretum (4). Nas ilhas foram coletadas 127 espécies, distribuídas em 91 gêneros e 46 famílias. O hábito arbóreo também predominou (cerca de 86%) sobre as lianas (14%). As famílias mais ricas foram: Mimosaceae (9 espécies), Moraceae (8), Annonaceae e Rubiaceae (6 espécies cada). Os gêneros com maior número de espécies foram: Myrcia (5), Licania (4), Inga (3). Estes resultados estão de acordo com Mendonça et al. (2008) afirma que as Leguminosae tem maior representatividade para o bioma. A similaridade florística calculada tanto entre ilhas e margens como entre o rio das Mortes como todo e outras matas riparias do bioma foi baixa (valores menores que 0,50 e 0,25 para os índices de Sørensen e Jaccard, respectivamente). Tal resultado possivelmente está relacionado ao pequeno número de áreas amostradas até o momento.
CONCLUSÃO:
O conhecimento sobre a vegetação nativa é essencial para subsidiar ações de conservação e manejo adequado em áreas de proteção permanente (APP), tais como matas ciliares, que em Mato Grosso vêm sendo descaracterizadas especialmente em virtude da má gestão das atividades agropecuárias. Além disso, no município de Nova Xavantina as ilhas fluviais do rio das Mortes também têm sofrido degradação com turismo predatório que promove abertura de clareiras, lixo e fogo.
Palavras-chave: Florística, Mata ciliar, Rio das Mortes.