63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
ESTRUTURA DO SUB-BOSQUE DE UMA ÁREA ANTROPIZADA DA FLORESTA ATLÂNTICA
Elhane Gomes dos Santos 1
Ana Maria da Silva 1
Rafaela Alves 1
Elcida de Lima Araújo 2
Elba Maria Nogueira Ferraz 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE
2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE
3. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE
4. Profa.Dra./Co-orientadora - Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
5. Profa.Dra./Orientadora - Depto. Acad. de Meio Ambiente, Saúde e Segurança – IFPE
INTRODUÇÃO:
A mata atlântica do Nordeste vem sofrendo com um intenso processo de antropização que já devastou cerca de 90% da floresta original. O acelerado ritmo de destruição dos habitats vem ocasionando drástica redução da biodiversidade e, o aspecto mais preocupante é quanto à escassez de conhecimentos sobre a organização das diversas populações que compõem os seus estratos, principalmente, o estrato herbáceo-subarbustivo que é considerado item secundário na caracterização da comunidade, porém apresenta elevada riqueza de espécies e de endemismo, sendo em muitos casos indicadoras da qualidade ambiental. Desta forma, o conhecimento sobre as espécies e a sua dinâmica de ocupação, é um aspecto preponderante para se conhecer a função destes vegetais na organização e estrutura dos ecossistemas, a fim de contribuir para subsidiar metodologias de recuperação de ambientes degradados do domínio atlântico. Visando este entendimento o presente trabalho teve como objetivo caracterizar a composição florística e estrutura da vegetação do sub-bosque de uma área antropizada na mata do Jardim Botânico do Recife, por ser extremamente importante para identificar formas de estabelecimento, uniformidade e tamanho das populações do sub-bosque na mata atlântica.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na mata do Jardim Botânico do Recife (08º04’N e 34º55’W), uma Unidade de Conservação municipal de 10,7ha, onde predomina a Floresta Ombrófila de Terras Baixas. Para a amostragem da vegetação foi selecionado um trecho no interior da mata com abertura do dossel, ocasionado pela retirada de indivíduos arbóreos adultos, em função do corte de espécies ou atividades pertinentes ao JBR. Nesta área foram plotadas 30 parcelas permanentes de 1x1m, interespaçadas em 1m. Foram marcados e mensurados todos os indivíduos herbáceos e plântulas/indivíduos jovens do componente lenhoso com altura ≤100cm. O material botânico foi coletado durante o período de novembro de 2010 a março de 2011 e foi herborizado conforme técnicas usuais de preparação, secagem e montagem de exsicatas. A identificação taxonômica foi realizada com o auxílio de literatura específica, chaves taxonômicas e por comparação com exsicatas depositadas no Herbário Prof. Vasconcelos Sobrinho (PEUFR) da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
RESULTADOS:
No sub-bosque da mata do JBR, foram amostrados 1.079 indivíduos em 30m2, com densidade total de 359.666,70 ind.ha-1., distribuídos em 31 famílias botânicas e 41 espécies. As famílias com maior riqueza de espécies foram: Moraceae (4), Rubiaceae (3); Araceae, Ceasalpiniaceae, Marantaceae, Mimosaceae e Piperaceae, com 2 espécies cada. Os gêneros mais representativos foram Inga, Psychotria, Piper e Sorocea, com 2 espécies cada. O componente lenhoso apresentou elevada riqueza de espécies e densidade em relação às espécies herbáceas, 31 e 9 espécies e 319.000 ind.ha-1 e 40.666,70 ind.ha-1, respectivamente. O número de espécies registrado para Moraceae assemelha-se ao encontrado em estudos sobre a regeneração das espécies arbóreas em fragmentos de floresta ombrófila densa do nordeste. Já a família Rubiaceae destaca-se como a mais representativa em número de espécies e em densidade no sub-bosque da floresta atlântica nordestina com melhor status de conservação. O gênero Psychotria, além de ser diverso, ainda é descrito como bastante sensível à perda de umidade, chegando a desaparecer em ambientes mais secos, tornando-o um importante indicador da qualidade ambiental para a mata do JBR.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados da estrutura de abundância das espécies do sub-bosque da mata do JBR é possível afirmar que a área submetida à perturbação antrópica está em pleno processo de regeneração natural, evidenciada pela presença de espécies esciófilas típicas do sub-bosque da mata atlântica, como por exemplo, a Psychotria bahiensis. Também é possível afirmar que o componente herbáceo-arbustivo exerce papel crucial na renovação das espécies do componente arbóreo, uma vez que, é alta a presença de indivíduos neste estrato que conferem proteção contra a entrada de luz direta, já que as copas dos indivíduos arbustivos formam uma cobertura relativamente contínua sobre o banco de sementes que necessita de condições favoráveis de umidade e temperatura para a germinação e estabelecimento dos indivíduos regenerantes, já que o dossel encontra-se descontínuo.
Palavras-chave: componente herbáceo, riqueza de espécies, florística.