63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
O ENSINO DE ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES, JOVENS E ADULTOS: UM LEVANTAMENTO ETNOGRÁFICO
Daniel Freitas Herrero 1
Edna de Jesus Goyan 2
1. Faculdade de Artes Visuais - UFG
2. Profa. Dra./ Orientadora - Faculdade de Artes Visuais - UFG
INTRODUÇÃO:
A Educação de Jovens e Adultos na Rede Municipal de Educação de Goiânia/GO é caracterizada pela possível inserção de adolescentes a partir de 15 anos, criando assim a modalidade de Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos (EAJA), que está em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, e procura garantir a ampliação de jovens e adultos ao processo de escolarização, na tentativa de promoção de um sujeito com atitude social comprometida com o meio no qual se encontra inserido, possibilitando uma sociedade mais justa e igualitária. No entanto, o que pensam estes adolescentes, jovens e adultos sobre a escola da qual fazem parte? Procurar entender o processo educativo de jovens e adultos é pensar em estabelecer diferenças e pontos comuns entre eles. É saber lidar com o fazer pedagógico não apenas em sala de aula ou na relação entre educador e educando, é pensar na escola como um todo, até mesmo em sua relação com a comunidade, e assim traçar possibilidades de reflexão entre sujeito, escola e sociedade. Investigar este processo pelo viés do ensino de arte na sala de aula é de extrema importância, pois ela possibilita a leitura da realidade, situando o conhecimento do educando em relação a seu próprio trabalho artístico e a arte como produto social.
METODOLOGIA:
Esta investigação enquanto abordagem qualitativa se baseou na pesquisa etnográfica aplicada na prática escolar, que de acordo com ANDRE (1995) se caracteriza pelo pesquisador como instrumento principal na coleta e análise de dados. Neste sentido, o foco de atenção foi à possibilidade de entender o que se passa na educação de jovens e adultos, e assim ser possível perceber o ponto de vista dos educandos quanto a escola, através de reflexão problematizada por uma atividade da disciplina de arte para as turmas de 7ª e 8ª séries, de uma escola municipal. Assim, para a realização desta pesquisa tentou-se significar a questão: Como é a escola para mim? Além de paredes, portas e janelas; o que estes educandos cheios de expectativas, esperam daquela vivência escolar, enquanto sujeitos interventores do mundo. Através desta problemática, foi proposta uma atividade onde: 1) criariam um pequeno texto sobre o que seria a escola para ele; 2) um desenho a partir de como ele gostaria que fosse a escola; 3) uma reflexão sobre se gostou de sua produção e em o que pensou durante a elaboração artística. A partir desta prática em que se permite a reflexão por parte dos educandos, foi possível a observação participante e a entrevista; além da análise dos “documentos” produzidos por cada um.
RESULTADOS:
A atividade permitiu o levantamento de dados que foram essenciais para o entendimento da relação: sujeito da EAJA e escola. A princípio muitos dos educandos reclamaram da atividade envolver a criação de um desenho, porém todos desenvolveram e conseguiram finalizar a atividade. O questionamento de como é a escola para cada um, gerou respostas que, em sua maioria envolviam questões acerca das dificuldades da escola enquanto bem público. Os alunos têm a visão de que a escola é um ambiente físico que carece de melhorias, e assim, mencionaram a importância de uma sala de informática, do refeitório, da biblioteca e de uma reforma Poucos alunos mencionaram a escola enquanto espaço para o aprendizado, onde se formariam como novos cidadãos. Nos desenhos de como gostariam que fosse a escola, observou-se três linhas de pensamentos: 1) a escola perfeita, representação singela de um lugar perfeito; 2) a escola idealizada, construção imagética a partir do que conhece da escola, acrescentando-lhe melhorias; 3) a escola melhorada, reprodução de parte da escola onde acredita poder expressar sua idéia de melhoria. Quanto ao último questionamento: se gostaram e em o que pensaram; de um total de 30 pesquisados, 08 não gostaram de seus desenhos, apesar disso todos conseguiram explicar sua proposta.
CONCLUSÃO:
A vivência que cada educando da EAJA apresenta, foi percebida em suas ações na sala de aula, durante a pesquisa. De acordo com os resultados obtidos pode ser observada uma série de questões, a escola tem algumas dificuldades a serem superadas, pois pode ser caracterizada como um espaço que se encontra em constante “construção”. Os educandos sabem que existem problemas dentro da escola, que não dependem apenas dos professores ou dirigentes para sua solução. E assim, é importante a visão de Paulo Freire quanto à educação popular e a formação da consciência. Todos os educandos acreditam que a escola é boa, que sua permanência será de suma importância, pois se dizem menos aptos a atividades escolares à medida que ganham mais idade, como por exemplo, dizendo não saber desenhar. Uma aluna de 46 anos, diz: “a escola para mim, é essencial para aprender. Uma escola bem organizada é muito boa. Como seria bom se todos nós alunos, nos conscientizarmos para não perder tempo. O tempo é precioso.” Através desta fala pode-se concluir que a educação de jovens e adultos, assim como toda a escola, é carente de alguns recursos. Os sujeitos em formação que fazem parte desta realidade, apesar de tudo estão dispostos a tão sonhada promoção da aprendizagem através da construção do conhecimento.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Escola, Pesquisa Etnográfica.