63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva
ESTUDO SOROLÓGICO ANTIRRÁBICO EM CÃES DOMICILIADOS NAS REGIÕES GEOGRÁFICAS DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE CUIABÁ, MATO GROSSO, BRASIL.
Thelma Michella Saddi 1
Flávio de Rezende Guimarães 2
Luzia Fátima Alves Martorelli 3
Ana Paula A.G. Kataoka 3
Francisco José Dutra Souto 4
Darci Lara Perecin Nociti 5
1. MsC - Escola de Veterinária e Zootecnia - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UFG
2. Prof./ MSc. Depto de Ciências Básicas e Produção Animal, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - FAMEV - UFMT
3. Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores - Centro de Controle de Zoonoses do Município de São Paulo – CCZSP
4. Prof. Dr./ Co-orientador - Faculdade de Ciências Médicas - UFMT
5. Profa Dra/ Orientadora - Depto de Clínica Médica, FAMEV, UFMT
INTRODUÇÃO:
A raiva é uma das mais graves doenças neurológicas que acomete os animais homeotérmicos, incluindo os humanos. É geralmente fatal após o aparecimento dos sintomas, no entanto é prevenível através de vacinas podendo ser eficazmente reduzida através de um programa de vacinação parenteral dos animais domésticos e de uma campanha educativa. No Brasil, a Campanha Nacional Antirrábica é realizada anualmente utilizando a vacina Fuenzalida-Palacios modificada, de vírus inativado, produzida por laboratório que recomenda revacinação a cada 12 meses. A Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional de Epizootias consideram a determinação de anticorpos neutralizantes contra o vírus da raiva como prova indicadora da eficácia da vacina e do tratamento em humanos e animais. Titulação igual ou superior a 0,5 UI/mL representam resposta positiva de imunidade. O Teste Rápido de Inibição de Foco de Fluorescência é o teste mais utilizado. Este estudo objetivou determinar a titulação de anticorpos antirrábicos na população canina urbana do município de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, buscando verificar se a mesma apresenta imunidade satisfatória contra o vírus da raiva e se há variação desta imunidade nas diferentes regiões geográficas do município.
METODOLOGIA:
Foram colhidas 450 amostras sanguíneas de cães domiciliados na cidade de Cuiabá, durante a campanha de vacinação realizada pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) deste município, nos meses de novembro e dezembro de 2008. As amostras foram colhidas, de forma aleatória, em um único posto de vacinação de cada região municipal. Na região Norte foram colhidas 24,4% das amostras (110/450), na região Sul, 31,1% (140/450), na região Leste, 25,1% (113/450) e na região Oeste, 19,3% (87/446). O tamanho amostral de cada região, obedeceu ao critério da proporcionalidade da população canina de cada região em relação a população total do município. O sangue foi colhido através de punção venosa e, logo após, centrifugado para a separação do soro. Na sequência, o soro foi acondicionado em microtubos, identificado, congelado e armazenado em freezer (-20ºC). As amostras foram encaminhadas ao Centro de Controle de Zoonoses do município de São Paulo onde foram submetidas ao Teste de Inibição Rápida de Focos Fluorescentes (RFFIT). Questionários foram aplicados aos proprietários dos cães, simultaneamente à coleta de sangue, visando colher dados epidemiológicos. Todos os dados foram digitados em banco de dados, tabulados e analisados com auxílio do softwere EpiData 3.0 e EpiData Analysis.
RESULTADOS:
Dos 450 animais amostrados na cidade de Cuiabá, 54,9% (247/450) encontravam-se protegidos. Em análise setorizada, observou-se proteção de 64,6% dos animais da região Leste, 64,4% da Oeste, 64,5% da Norte e somente 33,6%, da região Sul. Estudos nacionais semelhantes revelaram 48,9% de proteção em cães do município de Campo Grande (MS) e de 25,9% em animais do Estado de São Paulo. Tais estudos mostram que muitos animais, por algum motivo, não estão adquirindo proteção contra o vírus da raiva. Tal situação também está presente no município de Cuiabá, apesar de terem sido encontrados neste município, índices mais elevados de soroproteção. Considerando-se que a revacinação antirrábica deve ocorrer em intervalos anuais, segundo o fabricante, um atraso neste procedimento foi observado em 56,3% dos animais da região Norte, 49,5% da Sul, 53,5% da Leste e 21,4% da região Oeste. Com relação ao livre acesso à rua pelos animais, este era permitido para 26,4% dos animais da região Norte (72,4% protegidos), 34,3% para os da região Sul (37,5% protegidos), 29,2% da Leste (66,7% protegidos) e 18,4% da Oeste (62,5% protegidos). Animais desprotegidos vagando livremente representam perigo aos animais e humanos, bem como a sua própria saúde.
CONCLUSÃO:
Considerando que títulos sorológicos inferiores a 0,5 UI/mL são insuficientes para determinarem proteção, o que verificou-se é que muitos animais, no município de Cuiabá, por algum motivo, não estão protegidos contra o vírus da raiva.
Palavras-chave: Raiva, Sorologia, Cães.