63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 2. Bioquímica dos Microorganismos
CARACTERIZAÇÃO DE PROTEÍNAS DE FUNGOS PATOGÊNICOS POTENCIALMENTE ASSOCIADAS COM A PATOGENICIDADE
Maressa Gonçalves da Paz 1
Raphaela de Castro Georg 2
1. Depto de Bioquímica e Biologia Molecular - ICB -UFG
2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto de Bioquímica e Biologia Molecular - ICB -UFG
INTRODUÇÃO:
Estima-se que existam aproximadamente 1.500.000 espécies de fungos, sendo que 60.000 já foram descritas. A maioria destas espécies vive em ambiente terrestre e algumas poucas são encontradas em ambiente aquático. A análise de genomas de fungos tem avançado desde o término do sequenciamento do ascomiceto Saccharomyces cerevisiae, o primeiro representante do reino Fungi a ter seu genoma completamente conhecido. Desde sua publicação, o genoma de S. cerevisiae tem se mostrado de inestimável importância para o estudo de uma série de espécies de fungos, incluindo os patogênicos. Muitas proteínas de vital importância para a interação dos fungos com seus hospedeiros foram, por exemplo, primeiro identificadas por homologia a proteínas originalmente de S. cerevisiae, um fungo não patogênico. A análise comparativa de genomas de fungos patogênicos e não patogênicos, através de ferramentas como a bioinformática, pode fornecer subsídios para a identificação de proteínas especificas de fungos patogênicos que podem estar relacionadas com a interação fungo–hospedeiro.
METODOLOGIA:
Em um primeiro momento iniciamos um levantamento para certificar quantos e quais fungos tiveram o seu genoma sequenciado e depositado em bancos de dados públicos disponíveis na internet: NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov); Joint Genome Institute (http://www.jgi.doe.gov); e Broad Institute (http://www.broadinstitute.org). Em seguida, fizemos o download das seqüências de proteínas preditas dos genomas de alguns fungos selecionados para criarmos duas bases de dados locais com estas seqüências. Foram estruturados dois bancos de dados: um com seqüências de proteínas de fungos não patogênicos e outro com seqüências de proteínas de fungos patogênicos humanos e de outros mamíferos. Realizamos uma análise comparativa entre as seqüências presentes nos bancos de dados através da ferramenta computacional BlastP, a fim de detectar seqüências de proteínas que estavam presentes em fungos patogênicos mas que não possuíam um homólogo em fungos não-patogênicos e que poderiam estar relacionadas com a interação fungo-hospedeiro.
RESULTADOS:
Através das nossas análises observamos que 282 espécies de fungos já tiveram o seu genoma seqüenciado. Deste total, foram selecionadas 30 espécies de fungos patogênicos humanos e 29 espécies de fungos não-patogênicos para compor os bancos de dados locais. Das 232.602 seqüências de proteínas de fungos patogênicos que foram comparadas com o banco de dados de fungos não-patogênicos, 55.223 (23,74%) pertenciam a fungos basidiomicetos e 177.379 (76,25%) a ascomicetos. Após a comparação dos dados observamos que 25.147 seqüências de proteínas de fungos patogênicos não possuíam um homólogo no banco de dados de fungos não-patogênicos, representando 11% das seqüências analisadas. Deste total, 13.995 (55,65%) correspondia a proteínas de fungos ascomicetos e 11.152 (44,34%) a basidiomicetos. Estes dados mostram que fungos patogênicos do filo basidiomicota apresentaram proporcionalmente mais proteínas que não possuíam homologia com o banco de dados de fungos não-patogênicos do que fungos ascomicetos. Neste caso, esta observação pode ser devida ao fato que no nosso banco de dados de fungos não-patogênicos, genomas de fungos basidiomicetos estão menos representados que genomas de ascomicetos, uma vez que foram menos seqüenciados e não estavam disponíveis para download.
CONCLUSÃO:
Observamos que os projetos de sequenciamento de genomas estão mais voltados para o seqüenciamento de fungos do filo ascomicota. Observamos que 55.223 seqüências de proteínas de fungos patogênicos não possuem um homólogo em fungos não-patogênicos. Estas proteínas presentes em fungos patogênicos e ausentes em fungos não-patogênicos podem estar associadas com a patogenicidade destes organismos e estarem relacionadas com novidades evolutivas desses grupos. Observamos também que um grande número de proteínas de fungos basidiomicetos não possuía homologia com proteínas de fungos não-patogênicos. No entanto, estes dados podem estar superestimados pelo fato de não existir um número expressivo de genomas seqüenciados de fungos não-patogênicos do filo basidiomicota, diminuindo a representatividade deste grupo no nosso banco de dados.
Palavras-chave: Genoma, Proteínas, Fungos patogênicos.