63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
BIOPROSPECÇÃO DA ATIVIDADE DE PLANTAS MEDICINAIS DO CERRADO DAS FAMÍLIAS Asteraceae, Rosaceae E Solanaceae COMO FONTES DE FÁRMACOS INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
Rafael Franco Mota 1
Karine Ferreira de Campos 1
Fabiana de Moura 1
William Seiji Terayama Sallum 1
Jacqueline Aparecida Takahashi 2
1. Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas – UFMG
2. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas – UFMG
INTRODUÇÃO:
A doença de Alzheimer (DA) é uma patologia neurodegenerativa, progressiva, que afeta principalmente a população idosa. Os principais sintomas associada à DA envolve deficiência orgânica cognitiva, principalmente perda de memória. Um dos mais promissores caminhos para tratar esta doença é aumentar o nível de acetilcolina no cérebro usando inibidores da enzima acetilcolinesterase (AChE). Sob essa perspectiva, somada à grande capacidade das plantas de produzirem metabólitos farmacologicamente ativos para o homem, o ramo das plantas medicinais, mais uma vez, mostra-se promissor no tocante à descoberta de novos fármacos. A grande biodiversidade do cerrado, bem como o uso etnofarmacológico de suas plantas torna o estudo das mesmas de grande importância no tratamento de doenças que ainda necessitam de alternativas quimioterápicas adequadas.
METODOLOGIA:
As plantas utilizadas para este estudo foram coletados em Belo Horizonte e Itabirito (MG), e exemplares autênticos foram depositados no Herbário do Instituto de Ciências Biológicas (BHCB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foram selecionadas as plantas Mentraste (Ageratum conyzoides L.), Arnica (Lychnophora pinaster Mart.), Rosa branca (Rosa chinensis Jacq.), Jurubeba (Solanum scuticum M. Nee.) e Lobeira (Solanum lycocarpum A.St.-Hill.). Foram feitos extratos etanólicos das partes aéreas e/ou raízes das mesmas, a partir dos quais foi realizado o teste de inibição da acetilcolinesterase, utilizando cromatografia em camada delgada (CCD) de sílica gel. Os extratos foram aplicados e eluídos nas cromatoplacas, sendo então borrifados com uma solução tamponada da enzima, contendo albumina bovina. A galantamina foi utilizada como controle positivo. As cromatoplacas foram incubadas a 37 graus em atmosfera úmida por vinte minutos, sendo posteriormente borrifadas com uma mistura de α-naftil em metanol e solução aquosa de Fast Blue B salt. Após alguns minutos, bouve desenvolvimento de coloração. As manchas referentes aos compostos capazes de inibirem a acetilcolinesterase apresentaram halos brancos, enquanto a placa adquiriu coloraçao púrpura.
RESULTADOS:
O método empregado no teste é vantajoso para avaliar-se a capacidade inibitória da acetilcolinesterase de extratos de plantas, uma vez que compostos ativos não são apenas detectadas, mas também separados de acordo com o Rf, tornando fácil o acompanhamento posterior da purificação dos compostos bioativos. Nenhuma das plantas da família Asteraceae analisadas apresentou atividade; o exemplar da família Rosaceae testado, R. chinesis, apresentou atividade; quanto às plantas da família Solanaceae, a espécie S. lycocarpum mostrou ser uma ótima fonte de inibidores da acetilcolinesterase. Estes resultados corroboram a estreita relação entre a atividade antioxidante e inibição da acetilcolinesterase, uma vez que a capacidade antioxidante foi descrita na literatura para extratos ou metabolitos R. chinensis e S. lycocarpum.
CONCLUSÃO:
O teste realizado mostrou a presença de promissores inibidores da acetilcolinesterase em extratos de plantas de bastante acessibilidade como a rosa branca e a lobeira, o que facilita o isolamento das substâncias responsáveis por essa ação. A continuidade de estudos como este pode levar à alternativas para uma melhor qualidade de vida a pacientes que sofrem do Mal de Alzheimer, doença que até o momento não apresenta tratamento eficaz.
Palavras-chave: Plantas medicinais, Mal de Alzheimer, Acetilcolinesterase.