63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
Educação Física na escola: a escuta de professores dos municípios de Sinop, Sorriso, Claudia, Vera, Santa Carmem e Itaúba(MT)
Beatriz Kapp Dias 1
Ana Carrilho Romero Grunennvaldt 2
José Tarcísio Grunennvaldt 3
Irene Carrillo Romero Beber 4
1. Instituto de Ciências Natuarais, Humanas e Sociais - UFMT
2. Profª.Drª./Orientadora - Instituto da Ciências da Saúde - UFMT
3. Instituto da Ciências da Saúde - UFMT
4. Departamento de Pedagogia - Unemat
INTRODUÇÃO:
A proposta do trabalho surgiu do intuito de investigar as perspectivas sobre as práticas da educação física adotadas na rede estadual de ensino dos municípios de: Sinop, Sorriso, Claudia, Vera, Santa Carmem e Itaúba no Estado de Mato Grosso, partiu-se do seguinte problema: as representações dos professores de educação física nas escolas acompanham os desdobramentos históricos do movimento renovador da educação física e as implicações das indicações postas pela Lei Nº 9394 de dezembro 1996(LDB)? Considerando que a educação física na LDB é normatizada como componente curricular, e decorridos mais de 20 anos da aparição das propostas inovadoras e críticas para a educação física escolar no Brasil, a continuidade parece prevalecer. Assim, buscou-se instigar a questão com o pressuposto de que a educação física se justifica por contribuir na funcionalidade da escola, como uma parte agregada a totalidade escolar, mas não se configura como componente curricular com ênfase na organização, trato e sistematização como geralmente ocorre com as outras disciplinas escolares. Neste sentido, observaram-se as circunstâncias sob as quais a disciplina educação física se constitui no contexto da educação básica na região.
METODOLOGIA:
A pesquisa entrou em contato com os professores de educação física que atuam no sistema de ensino da região Norte de Mato Grosso, ou seja, nos municípios de: Sinop, Sorriso, Claudia, Vera, Santa Carmem e Itaúba, a partir de uma lista das unidades escolares fornecida pelo CEFAPRO – Polo Sinop (Centros de Formação e Atualização do Professor do Estado de Mato Grosso) - SEDUC-MT. Procurando saber sobre as condições das aulas de educação física nas escolas, bem como o que pensam os professores desta disciplina em relação o novo tratamento atribuído à educação física na LDB, ou seja, o de componente curricular. Foram utilizados como instrumentos para coleta de dados: a) entrevista semi-estruturada para obtenção de dados junto aos professores; b) roteiro para levantamento de equipamentos, materiais e instalações e; c) registro fotográfico das condições físicas e materiais das escolas. O conceito de representações sociais foi o encaminhamento mais extenso e concentrado para embasamento da constituição do trabalho de campo. Neste sentido, as representações sociais foram entendidas como os pensamentos, ações e sentimentos que expressam a apreciação que os sujeitos têm sobre a educação física. Para auxiliar a análise e tratamento do material coletado foi utilizada a análise de conteúdo.
RESULTADOS:
As respostas dos professores entrevistados apontaram as seguintes evidências: a) existência de um variado leque de entendimentos acerca do conceito de educação física, a sua maioria tem o conhecimento da relação entre educação física - componente curricular, mas suas afirmações não evidenciam o reconhecimento das implicações que este posicionamento traz para a sua prática pedagógica. Neste sentido, ao considerar o processo de reestruturação da educação física na escola devemos atentar para o lugar que ocupa o professor, que apesar dos esforços despendidos por estes, nem sempre esta intencionalidade se materializa na organização do seu trabalho pedagógico. b) positividade quanto o espaço físico destinado para aulas da educação física, sinalizando a crescente preocupação das unidades escolares com a operacionalização da disciplina. c) identificam uma lacuna entre a prática do professor de educação física e demais componentes curriculares, mas que há uma “maior” valorização das suas práticas, indicando a necessidade da constituição de um processo de formação continuada destes professores, para que este componente curricular se consolide no universo escolar, bem como se criem espaços de escuta e discussão com os demais componentes curriculares da escola como propõe a própria LDB.
CONCLUSÃO:
A Lei de Diretrizes e Bases de 1996, respondendo a um movimento reivindicatório e renovador que se configurou nas décadas de 1980 e 1990, já assegurou à educação física o status de componente curricular. Os dados levantados mostram que os professores de educação física investigados procuram desempenhar uma função que a aproxime do contexto escolar estabelecendo um diálogo com a Pedagogia e seus processos educativos, mas se depara com os reveses de uma formação fragmentada, em que a formação corporal que é seu objeto, muitas vezes é desconsiderada neste processo. A educação física ao longo de sua história tem sido submetida e subordinada a interesses de ordenamentos que extrapolam ao contexto escolar, ora respondendo as orientações da ordem estrutural ou conjuntural. No entanto, pensa-se que na atualidade se torna necessário problematizar e discutir a Educação Física na escola, a partir dos novos referenciais que possam atribuir aos sujeitos envolvidos outros significados e entendimentos. Nesse sentido, dar a entender que deve haver a constituição de uma aproximação entre as instituições formadoras e as unidades escolares para o fomento do debate e propostas das novas leituras da Educação Física na educação básica.
Palavras-chave: Educação Física, Componente Curricular, Educação Básica.