63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
MORFOLOGIA DAS FOLHAS E DOS TRICOMAS DE Hyptis alpestris A.St.-Hill. ex Benth. E Hyptis peduncularis Benth. (LAMIACEAE)
Kleber Resende Silva 1
Juliana Aparecida Povh 2
Daniela Guimarães Simão 3
1. Faculdade de Ciências Integradas do Pontal – UFU
2. Profa. Dra./Orientadora – Faculdade de Ciências Integradas do Pontal – UFU
3. Profa. Dra./Coorientadora – Instituto de Biologia, Campus Umuarama – UFU
INTRODUÇÃO:
A família Lamiaceae apresenta cerca de 252 gêneros e 6800 espécies de distribuição cosmopolita. Muitas espécies conhecidas e utilizadas nesta família se devem às propriedades aromáticas e terapêuticas devido em grande parte aos óleos essenciais. A família Lamiaceae é bem representada no bioma cerrado pelo gênero Hyptis Jacq. tendo no Brasil, nos estados de Goiás e Minas Gerais, os principais centros de diversidade para o gênero, inclusive com espécies endêmicas como Hyptis alpestris e Hyptis peduncularis. Estas espécies pertencem à subfamília Nepetoideae que é rica em óleos essenciais, os quais são sintetizados e secretados por tricomas glandulares, capitados e peltados. Neste contexto, o objetivo deste estudo consiste em descrever a morfologia foliar e dos tricomas encontrados em H. alpestris e H. pedencularis, buscando revelar aspectos morfológicos das espécies e das estruturas secretoras, levando a um maior conhecimento da família.
METODOLOGIA:
Para a realização deste estudo, as plantas foram coletadas durante caminhada aleatória em áreas de cerrado no município de Mineiros, Goiás, no período de novembro de 2009 a julho de 2010. Parte do material botânico, após cada coleta, foi utilizada na confecção de exsicatas e o restante fixado em FAA 50 ainda em campo e posteriormente conservada em álcool 70% para estudo morfológico das folhas de H. alpestris e H. peduncularis. Para a anatomia foliar foram feitos cortes transversais à mão livre, com o auxílio de navalhas comerciais. Os cortes foram clarificados em solução de hipoclorito de sódio 33%, lavados em água destilada e em seguida corados com safrablau. Lâminas semipermanentes foram confeccionadas utilizando-se gelatina glicerinada 50%. Cortes em micrótomo rotativo também foram feitos em materiais emblocados em historresina para a confecção de lâminas permantentes. Estes cortes foram corados com azul de toluidina 0,12% em bórax 5%. Tanto os cortes à mão livre, quanto os feitos em micrótomo, foram realizados nas regiões medianas da lâmina e do pecíolo, em folhas presentes no terceiro nó, do ápice para a base.
RESULTADOS:
Os indivíduos coletados apresentam filotaxia oposta, com folhas simples e nervação peninérvea. Tais características são comuns para a família Lamiaceae. Porém, algumas características morfológicas foliares podem diferir entre as espécies. Em H. alpestris, a forma do limbo é ovada, com base levemente cordada, ápice agudo e margem crenada. Já em H. peduncularis, o limbo apresenta formato lanceolado, base atenuada, ápice agudo e margem serreada. Nas faces abaxial e adaxial da lâmina foliar e no pecíolo das duas espécies foram encontrados tricomas tectores e glandulares. Os tricomas tectores são unisseriados e multicelulares. Em H. alpestris foram observados tricomas glandulares capitados apresentado uma célula basal geralmente expandida, uma a duas células pedunculares e cabeça secretora unicelular. Já em H. peduncularis foram observados tricomas peltados com uma célula basal inserida na epiderme, uma célula peduncular e cabeça secretora multicelular e tricomas capitados com uma célula basal, uma ou mais células no pedúnculo e cabeça secretora com uma célula. A presença de tricomas glandulares peltados e capitados já foi verificada em diversas bilabiadas, sendo característica para a família.
CONCLUSÃO:
A morfologia das folhas e dos tricomas, em especial a dos glandulares, pode contribuir na identificação das espécies, por servir como ferramenta taxonômica. Tendo por base os estudos já realizados para espécies em Lamiaceae, pode-se apontar que os tricomas glandulares, peltados e capitados, encontrados nas espécies em áreas de cerrado estão de acordo com a descrição já feita para as demais espécies de Lamiaceae, complementando o conhecimento a respeito deste grupo.
Palavras-chave: Cerrado, Goiás, Óleos essenciais.