63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 2. Anatomia Humana
ESTUDO DA PRESENÇA DO MÚSCULO PALMAR LONGO E SUA CORRELAÇÃO COM SEXO E DOMINÂNCIA MOTORA
Maraiza silva Gomes 1
Janiffer soares Moraes 2
Milca Abda Morais 3
Carla Helrigle 4
Tais Malysz 5
1. Acadêmica do curso de Biomedicina da Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí.
2. Acadêmica do curso de Biomedicina da Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí.
3. Acadêmica do curso de Biomedicina da Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí.
4. Fisioterapeuta, especialista, Técnica do Laboratório de Anatomia da Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí.
5. Profª. Drª./Orientadora. Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí.
INTRODUÇÃO:
O músculo Palmar Longo (MPL) é descrito como um pequeno músculo fusiforme localizado superficialmente na região anterior do antebraço e recoberto pela fáscia do antebraço. Insere-se por meio de um longo tendão na metade distal do retináculo flexor e ápice da aponeurose palmar (WILLIAMS et al., 1993; MOORE e DALLEY, 2007). Trata-se de um dos músculos mais variáveis nos seres humanos, as quais incluem agenesia completa, variações na origem e inserção, na localização e forma do seu corpo, presença de fascículos acessórios e uniões com outros músculos (TÉLLEZ e ACUÑA, 1998; KAWASHIMA et al., 2002; SCHUURMAN e GILS, 2002; FAZAN, 2007).
Há um crescente interesse na existência do seu tendão porque o mesmo é frequentemente usado para plástica reconstrutiva e cirurgias da mão (SEBASTIN et al., 2005) e grande variedade de procedimentos cirúrgicos que incluem correção de ptose (NAUGLE e FAUST., 1999) e restauração da paralisia facial (ATIYEH et al., 1998).
Considerando importância de fornecer dados anatômicos que possam servir de subsídios para aplicação clínica e a variabilidade e escassez dos percentuais de prevalência do MPL na população brasileira, este estudo teve como objetivo verificar a prevalência da agenesia do referido músculo em Jataí - GO.
METODOLOGIA:
Fizeram parte desta pesquisa, 740 sujeitos de ambos os sexos (461 mulheres e 279 homens), os quais concordaram em participar através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (CEP/UFG 167/2010). Os dados referentes à dominância e sexo foram coletados através da aplicação de um pequeno questionário. O sujeito foi inicialmente submetido ao teste padrão para identificação do tendão do palmar longo, o qual consiste na realização oposição do primeiro e quinto dedo e flexão de punho (SCHAEFFER, 1909). Quando o tendão não foi visualizado ou palpável, três testes adicionais semelhantes foram realizados para confirmar a ausência, sendo eles o Teste de Thompson (THOMPSON et al., 1921), o Teste de Mishra II (MISHRA, 2001) e o Método do Pushpakumar (PUSHPAKUMAR et al., 2004). Os dados foram descritos em forma de percentual e a agenesia do MPL foi analisada estatisticamente. As análises estatísticas foram feitas através do SPSS (versão 12) usando o teste Qui-quadrado (P<0,05).
RESULTADOS:
A amostra foi formada principalmente por mulheres (62,7%) e por indivíduos destros (94%). A presença bilateral do MPL foi identificada em 544 indivíduos (73,5%), sendo ausente do lado esquerdo em 58 indivíduos (7,8%), à direita em 48 indivíduos (6,5%) e bilateralmente em 90 indivíduos (12,2%). Entre as mulheres, em 9,3% foi observado agenesia do lado esquerdo, em 7,3% do lado direito e em 13,1% ausência bilateral do PLM. Entre os homens, 5,4% apresentaram agenesia à esquerda, 5% agenesia à direita e 10,7% ausência bilateral do músculo. Assim, os resultados mostram que 29,7% das mulheres e 21,1% dos homens apresentaram ausência unilateral ou bilateral de MPL (P<0,05).
A prevalência de 26,5% de casos de agenesia em Jataí/GO está dentro da variação percentual já estudada em outros estados do Brasil, sendo 14% no Paraná (GARCIA et al., 2005), 16,5% em São Paulo (BONSI et al., 2000), 20,9% em Minas Gerais (PEREIRA e PIERUCCI, 2010) em 47% em Pernambuco (SILVA et al., 2010).
A agenesia unilateral (14,3%) foi mais frequente que a bilateral (12.2%) está de acordo com dados de outros estudos ( PEREIRA e PIERUCCI, 2010). Da mesma forma que a agenesia do MPL mais frequente em mulheres também já foi descrita por outros autores (PEREIRA e PIERUCCI, 2010; KAPOOR et al., 2008).
CONCLUSÃO:
Concluímos que a presença do músculo palmar longo em indivíduos de Jataí, Goiás, é mais frequente que a agenesia do mesmo. A agenesia unilateral/bilateral de MPL mostrou ser mais frequente em mulheres do que nos homens, mostrando uma correlação positiva com o sexo do indivíduo. Nenhuma correlação significativa entre a ausência de MPL e lado do corpo, assim como com a lateralidade do sujeito foram observadas.
Nosso estudo mostrou que a prevalência da agenesia do MPL em Jataí, Goiás é semelhante com a prevalência da agenesia em outros estados do Brasil. Acreditamos que a ausência do músculo provavelmente tenha as características regionais e correlação hereditária e sugerimos que a prevalência da mesma seja descrita em outras cidades e estados do Brasil, fornecendo assim, maiores subsídios anatômicos para os cirurgiões.
Palavras-chave: Agenesia, Jataí, Palmar Longo.