63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica |
FLORÍSTICA E ASPECTOS ECOLÓGICOS DAS SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE CACHOEIRAS, NO MUNICÍPIO DE MINEIROS-GO |
Lúciu Rezende Fernandes 1 Francisco de Paula Athayde Filho 2 |
1. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT 2. Prof. MSc. / Orientador - Departamento de Ciências Biológicas – UNEMAT |
INTRODUÇÃO: |
Dentre os diferentes tipos fitofisionômicos do Cerrado, as matas de galeria, que são formações vegetais florestais que acompanham córregos e rios de pequeno porte, merecem destaque, pois constituem um dos ambientes mais diversificados do bioma Cerrado. Porém a flora de samambaias e licófitas do Cerrado é pouco conhecida, e menos ainda se tratando do estado de Goiás, onde se quer uma lista de espécies ocorrentes para o estado não existe. Agora, quando se fala de ambientes associados a cachoeiras, os trabalhos são praticamente inexistentes, mesmo se tratando de locais altamente propícios para o surgimento destas plantas, devido à alta umidade, sombreamento e presença de muitos tipos de substratos diferenciados. Sendo o estado de Goiás uma região com o relevo bastante heterogêneo, existe um número elevado de cachoeiras distribuídas pelo estado, se tornado assim um local de interesse para o presente estudo. Dessa forma o presente trabalho visa contribuir com o conhecimento da flora de samambaias e licófitas do Cerrado, subsequentemente da região do estado de Goiás e das fitofisionomias associadas às cachoeiras, colaborando também para a conservação destas áreas de incrível beleza e biodiversidade. |
METODOLOGIA: |
Para a coleta de dados foram selecionadas três cachoeiras com fisionomias semelhantes (tanto do ponto de vista geomorfológico, como também em relação à flora circundante), inseridas no bioma Cerrado, todas no município de Mineiros, estado de Goiás. A altura média das cachoeiras é de aproximadamente 12m, sendo que a mais alta apresentou 15m e a mais baixa, 7m. As coletas foram realizadas a montante, na queda e a jusante das cachoeiras. Foram percorridos 500m a montante e jusante da queda, coletando em uma faixa de 10m da margem do córrego para o interior da mata, de ambos os lados do córrego. Na queda foram demarcados estratos de 2m de largura, do inicio da queda até o final, mantendo ainda as faixas de 10m de largura, de cada lado do córrego, em direção do interior da mata. Para a realização da amostragem da vegetação foi utilizada metodologia usual de campo, exceto para o trecho das quedas das cachoeiras, onde foi utilizado equipamento especializado de rapel, e todas as medidas de segurança necessárias foram tomadas. Foi utilizado o sistema de classificação para o grupo mais recente. O material testemunho encontra-se depositado no Herbário NX, da UNEMAT, campus universitário de Nova Xavantina-MT, e duplicatas foram distribuídas para herbários de relevância no país. |
RESULTADOS: |
Foram amostradas 52 espécies de samambaias e licófitas, distribuídas em 18 gêneros e nove famílias. A família mais rica foi Pteridaceae (25% do total), enquanto aquelas de menor riqueza foram Cyatheaceae, Anemiaceae e Aspleniaceae (4% cada). Polypodiaceae apresentou o maior número de gêneros (cinco, 28% do total). Já os gêneros mais ricos encontrados nas cachoeiras foram Adiantum (Pteridaceae) e Thelypteris (Thelypteridaceae) com nove espécies cada. Em dois trabalhos no estado de Mato Grosso, em matas de galeria e ciliares, foram registradas 61 e 38 espécies. Isso demonstra que a riqueza de espécies do presente trabalho é satisfatória, já que no trabalho que apresentou maior riqueza, as coletas foram realizadas em toda a extensão do córrego. Do total de espécies, 39 foram coletadas em apenas uma das cachoeiras, e só Anemia phyllitidis (L.) Sw. ocorreu nas três áreas de uma cachoeira (jusante, queda e montante), e apenas nove espécies ocorreram em duas áreas de uma mesma cachoeira. Quanto aos aspectos ecológicos, a preferência de substrato predominante foi a terrícola, observada em 45 espécies (86% do total). O hábito predominante foi o herbáceo, observado em 50 espécies (96%). Quanto às formas de vida, hemicriptófita reptante predominou, observada em 20 espécies (38%). |
CONCLUSÃO: |
Diante de tais resultados pode-se observar a diferença entre os ambientes associados a cachoeiras, pois poucas espécies ocorreram simultaneamente em dois ambientes, em uma mesma cachoeira. Não se sabe ainda exatamente por qual motivo isso ocorre, mas é possível supor alguns destes motivos. Um deles é a diferença da vegetação entre os locais de coleta, pois, muitas vezes a vegetação a montante é diferente da vegetação a jusante. Outro motivo é que a cachoeira pode significar uma barreira para a dispersão das espécies de samambaias e licófitas, impedindo que, mesmo ocorrendo em uma área, ela ocorra em outra. Isso mostra também a importância de se conservar estes locais, pois apresentam uma enorme riqueza vegetal associada, e muitas vezes, bastante sensível, sem mencionar sua importância relacionada à manutenção da qualidade de água dos córregos associados e, inclusive, sua utilização para o turismo de aventura. Dessa forma deve-se ter muita atenção em relação a estes locais, pois são de enorme beleza cênica e atraem a atenção de muitos, tornando assim esses locais vulneráveis a alterações e por não se conhecer o biota associados a estes locais, pode-se perder informações de grande valia. |
Palavras-chave: Ambientes úmidos, Mata de galeria, Samambaias e licófitas. |