63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
AVALIAÇÃO DOS POSSÍVEIS EFEITOS GENOTÓXICOS E/OU ANTICARCINOGÊNICOS DE PRODUTOS NATURAIS: ANÁLISES COM EXTRATOS BRUTOS E FRACIONADOS DE BOWDICHIA VIRGILIOIDES.
Nedja Poliane Torres Medeiros 01
Heloísa de Carvalho Matos Souza 01
Tayhana Priscila Medeiros Souza 01
Juliane Pereira da Silva 01
Emiliano de Oliveira Barreto 01
Renato Santos Rodarte 01
1. Mestranda em Ciências da saúde - ICBS - UFAL
2. Graduanda em Ciências Biológicas - ICBS -UFAL
3. Graduanda em Farmácia- ICBS -UFAL
4. Mestre em Ciências da saúde - UFAL
5. Prof. Dr. - ICBS - UFAL
6. Prof. Dr./ Orientador - Laboratório de Biologia Celular e molecular - ICBS - UFAL
INTRODUÇÃO:
O Brasil é hoje um dos países com maior biodiversidade vegetal em todo mundo, logo um dos mais promissores na corrida por novas biomoléculas de origem natural. A família Fabacea exibe um vasto elenco de espécies tradicionalmente utilizadas na medicina popular a diferentes indicações, incluindo: diabetes, inflamações, anti-espasmódico e anti-ulcerogênico. A espécie Bowdichia virgilioides Kunth, membro desta família tem demonstrado a atividade antinociceptiva e anti-inflamatória, além de outros efeitos imunomodulatórios. Diante disso, passamos a analisar os possíveis efeitos genotóxicos e/ou anti-carcinogênicos dos diferentes extratos de B. virgilioides. Deste modo, se faz imprescindível estudos com plantas medicinais, não só pelo esclarecimento à população que as utiliza, mas também porque se tem no Brasil uma riqueza de espécies ainda não estudadas, a qual constitui uma próspera fonte de novas drogas. Com base no exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar possíveis efeitos genotóxicos e/ou anticarcinogênicos dos extratos aquosos brutos de casca (EABC) e folha (EABF) em ensaio agudo e de super dosagem de B. virgilioides em diferentes tecidos, sangue periférico e medula óssea e ainda frações: metanólica , acetato-metanólica, e acetato de étila e extrato bruto aquoso da casca em cultura de células.
METODOLOGIA:
Os ensaios experimentais foram realizados com grupos de 5 animais tratados via intraperitoneal com extrato da casca, 16,4 mg/kg - dose inibitória (DI50 – determinada em estudos prévios) e em superdosagem (dez vezes a dose inibitória) e EABF (6,7 mg/kg ou 67mg/kg de peso animal), os controles foram ciclofosfamida (50 mg/kg) e soro fisiológico estéril. O ensaio de cometa foi realizado utilizando lavado de células da medula óssea. A contagem das células foi realizada em microscópio epifluorescente e classificadas de acordo com o nível de dano do DNA. O teste de apoptose segue os mesmos passos do teste de cometa, com algumas alterações nos últimos passos. A avaliação do ensaio de micronúcleo foi feita pela contagem de 1000 células de cada citocentrifugado de medula óssea, onde os dados foram expressos por média ± EPM (p<0,05). Para os ensaios in vitro os linfócitos, obtidos de linfonodos mesentéricos de camundongos Swiss, foram plaqueados (5x104 células) em triplicata em placas de 96 poços cultivadas com o extrato aquoso bruto de casca de B. virgilioides ou a fração metanólica em concentrações de 1, 10, 100 e 1000 ng; em meio de cultura (RPMI 10% SFB), com adição de piruvato (1mM), glutamina (2mM) e concanavalina A (5ug/mL). As células foram incubadas em estufa de CO2 a 37°C e analisadas após 24h e 48h. A taxa de proliferação seguiu o protocolo de exclusão com azul de Tripan. As células foram contadas em câmara de Neubauer nos tempos de 24, 48 e 72 horas após plaqueamento.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos, até o presente momento com o Teste de Micronúcleo e Ensaio de Cometa mostram que no ensaio agudo EABF foi tão genotóxico quanto o controle positivo, tanto no sangue periférico quanto na medula óssea. No ensaio de super dosagem, EABF e EABC de ambas as amostras mostraram-se genotóxicas como a ciclofosfamida. Nos ensaios em cultura, os resultados obtidos demonstraram que os extratos aquosos da casca e frações metanólica e acetato de étila de B. virgilioides quando comparado ao branco (ausência de extrato) não foi capazes de inibir significativamente a divisão celular, nas concentrações analisadas A fração acetato-metanólica sugere aumento significativo na taxa de proliferação. O perfil da viabilidade foi similar para todas as frações analisadas, exceto na fração acetato de etíla em que houve em 48h menor capacidade de manter a viabilidade linfocitária.
CONCLUSÃO:
O fato de EABC não apresentar genotoxicidade em doses inibitórias (DI50), corrobora com o uso da casca pela população para fins terapêuticos, mas não o uso da folha. Em cultura o extrato aquoso da casca mostra-se promissor, pois parece suprimir proliferação celular ou alteração na taxa de viabilidade corroborando com o uso de B. virgilioides pela população.
Palavras-chave: Bowdichia virgiliodes, Mutagênese, Genotoxicidade.