63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional
ASPECTOS ECONÔMICOS DO MODO DE VIDA DOS SERINGUEIROS DE MACHADINHO D’ OESTE - RONDÔNIA
Thais Costa Ozame 1
Amanda de Souza Pereira 1
Diego Rodrigues Bonifácio 1
Ezequiel Tostes dos Santos Junior 1
Rubens Rodrigues de Alencar 1
Jania Maria de Paula 2
1. Instituto Federal de Rondônia, Campus Ji-Paraná - IFRO
2. Profª. Ms./ Orientadora - Instituto Federal de Rondônia - IFRO
INTRODUÇÃO:
O município de Machadinho D’oeste localiza-se a 400 quilômetros de Porto Velho, Rondônia e conta com as maiores reservas extrativistas (RESEX) do Estado, num total de 17 naquele município. O objetivo da pesquisa foi levantar a importância socioeconômica das atividades desenvolvidas pelos seringueiros no município de e conhecer o seu modo de vida na sociedade atual. A organização e assentamento das famílias nas reservas se deram a partir das ações da COOPERFLORA, a associação dos seringueiros locais que também cuida da colocação da produção do látex no mercado regional. Esta associação surgiu em 1985 devido à demanda de látex para o mercado, num momento em que as atividades extrativistas locais estavam dispersas e desorganizadas, provocando a necessidade de uma representatividade formal. Os seringueiros têm grande importância na construção e desenvolvimento da Amazônia e em especial de Rondônia. No entanto, eles não recebem o devido reconhecimento, pode-se dizer que a sociedade rondoniense pouco ou nada sabe sobre a história dessa população tradicional, ignorando seu modo de vida e suas contribuições para o desenvolvimento regional sustentável, como a criação do couro vegetal, um tecido ecológico produzido nas reservas que vem ganhando espaço na produção de bolsas e calçados.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em três Reservas Extrativistas de Machadinho D´Oeste/RO, através de observações em visitas de campo e aplicação de entrevistas semi-estruturadas com seringueiros e representantes de sua associação no município. Houve revisão bibliográfica para a complementação de conteúdos formais, levantamento de dados sobre economia de subsistência, número de famílias por reserva extrativista e técnicas de fabricação do tecido florestal.
RESULTADOS:
Das resex visitadas, Castanheira possui 12 famílias, enquanto Piquiá e Maçaranduba possuem em média 05 famílias, seus os membros trabalham com a coleta do látex. Muitos moradores nasceram na região e descendem de antigos Soldados da Borracha que se dirigiram para a Amazônia na década de 1940 para explorar o látex destinado a atender o mercado externo. Estes seringueiros constituem uma população tradicional com modo de vida peculiar adaptado ao ambiente local. Há também uma parcela significativa de migrantes vindos à Rondônia a partir da década de 1970 em busca de terra e trabalho e que foram integrando-se àquela população local, provocando e assimilando modificações culturais. A principal fonte de renda das famílias é a extração do látex, complementam-na com outras atividades: plantação de mandioca e produção de farinha, confecção de biojóias, extração e venda do óleo de copaíba e manejo florestal. Apenas algumas resex possuem energia elétrica, as demais tentam conseguir o benefício a partir de licenças junto aos órgãos do governo para as áreas onde há retirada de madeira através do manejo florestal. Vendem o látex por R$ 1,80 o litro, enquanto que para a produção do couro vegetal, com quantidades semelhantes de látex, conseguem obter melhores preços.
CONCLUSÃO:
Atualmente a produção do latex é destinada, em sua maior parte, à produção do couro vegetal, ainda que produzido em escala reduzida, posto que a venda do látex no mercado regional, atualmente encontras-se muito desvalorizada. Assim a produção do couro vegetal vem ganhando espaço como atividade geradora de renda junto aos moradores das resex. A organização da produção de tecido é de responsabilidade da associação COOPERFLORA que mantém como parceiros órgão governamentais e não governamentais. A possibilidade de aumento da geração de renda a partir do couro vegetal, assim como as demais atividades econômicas, tem provocado nos seringueiros o desejo de continuarem mantendo seu modo tradicional de vida para as futuras gerações.
Palavras-chave: Modo de vida, Economia, Seringueiros.