63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
A INFLUÊNCIA DA SALA-AMBIENTE NA UTILIZAÇÃO DE ARTIGOS SOBRE FÍSICA COMO RECURSO PARA UMA ABORDAGEM PROBLEMATIZADORA
Patrícia Gonçalves de Sousa 1
Paulo Celso Ferrari 2
1. Instituto de Física, Universidade Federal Goiás – UFG
2. Prof. Dr. / Orientador - Instituto de Física, Universidade Federal de Goiás – UFG
INTRODUÇÃO:
Essa pesquisa vem sendo desenvolvida na escola campo do PIBID do Instituto de Física da UFG desde 2009. A escola aderiu a um modelo pedagógico baseado na utilização da sala-ambiente. A sala-ambiente exerce o papel de estimular o estudante a permanecer na sala e dela fazer uso, abre a possibilidade de dispor de várias maneiras os materiais e recursos pedagógicos que podem facilitar a mediação da aprendizagem. No caso da Física a sala-ambiente pode comportar o próprio laboratório didático e vários outros recursos: revistas e artigos científicos, multimídias, livros didáticos e paradidáticos, jornais, experimentos alternativos, que podem ser elaborados pelos próprios alunos ou pelo professor. Nesse trabalho exploramos a utilização de revistas e artigos científicos na concepção problematizadora de educação inspirada em Paulo Freire, conhecida como “três momentos pedagógicos”. Investigamos se numa sala-ambiente o uso desse tipo de material se torna mais produtivo uma vez que nela os recursos já estão dispostos e acessíveis aos alunos. Nossas hipóteses são que o acesso ao material antes das aulas facilita o momento de “problematização inicial”, introduz a “organização do conhecimento” e ainda serve de referência para a “aplicação do conhecimento”.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa envolvendo 20 alunos de 9º ano. Em uma primeira etapa, os estudantes foram convidados a escrever a respeito do que eles tinham interesse em pesquisar, suas curiosidades e porquês. As redações foram categorizadas e tomadas como base para escolha de vários artigos de diversas edições das revistas “Física na Escola” e “Revista Brasileira de Ensino de Física”. Os artigos foram levados para a sala-ambiente de Física uma semana antes da aula. Na etapa seguinte desenvolvemos uma aula problematizada utilizando o material disponível. Durante a realização da aula a pesquisadora registrou suas observações em um diário de campo. Em uma terceira etapa fizemos a análise das notas de campo procurando identificar a influência da sala-ambiente na educação problematizadora.
RESULTADOS:
Como apareceram temas que abordam conceitos de diversas áreas da Física, foi escolhido um artigo e preparada uma aula sobre um tema presente nas redações e julgado mais adequado ao 9º ano: “A Física das tempestades e dos raios”, da revista Física na Escola, v. 2, n. 1, 2001. O desenvolvimento prático da aula se fundamentou em três momentos, no primeiro os alunos foram questionados quanto ao que eles haviam lido sobre os diversos assuntos abordados pelo material, sobre o tema especificado acima e o que eles compreendem após a leitura. Um problema foi assim colocado no quadro: “O que são raio, trovão e relâmpago?”. No segundo momento os conceitos físicos relacionados ao problema (o que é a nuvem, como a nuvem fica carregada, indução, dilatação do ar) foram discutidos. No terceiro os problemas da apresentação foram respondidos. Durante toda a aula foram surgindo questões do cotidiano de cada aluno relacionadas aos conceitos físicos que estavam sendo trabalhados: Por que quando chove ou esta trovejando não podemos ficar na piscina? Um raio cai duas vezes no mesmo lugar? Por que na pilha não acontece raio sendo que nela também há trocas de cargas? Por que eu levo choque às vezes quando encosto em alguém? Essas questões demonstram o envolvimento dos estudantes.
CONCLUSÃO:
Uma primeira consideração a fazer é que exploramos apenas um dos artigos disponibilizados na sala-ambiente, porém, essa abordagem pode ser uma forma de levantar temas de interesse dos estudantes para outras aulas, podendo até mesmo direcionar uma reorientação curricular. Consideramos também que essa experiência provocou nos estudantes e no professor uma maior disposição para agregar outros recursos à sala-ambiente. A julgar pela participação dos estudantes, podemos afirmar que a sala-ambiente, ao disponibilizar com antecedência os artigos, alimentou um grau de ansiedade e expectativa que potencializou o diálogo, princípio fundamental da proposta freireana, ou seja, despertou nos estudantes a necessária “curiosidade epistemológica”.
Palavras-chave: Educação problematizadora, sala-ambiente, recursos didáticos.