63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
ENSINANDO E APRENDENDO HISTÓRIA ATRAVÉS DA PESQUISA HISTÓRICA
Ana Paula da Cruz Pereira de Moraes 1,2
1. Profa. Ms - IFPB - Campus Cajazeiras
2. Doutoranda em História Social pela UFC
INTRODUÇÃO:
O ato de aprender envolve vários aspectos da atividade mental, de todo modo, quando se trata de alunos, tanto da escola básica como superior, o gosto pela matéria, as estratégias didáticas de ensino e a relação professor-aluno também contribuem para que os assuntos estudados se tornem significativos e deste modo, permaneçam e façam parte dos instrumentos de sua vivência social. O presente trabalho vem relatar a nossa experiência de ensino em sala de aula na disciplina de História dentro do IFPB – Campus Cajazeiras. No presente trabalho, também é nossa intenção demonstrar o quanto a aprendizagem na disciplina de História está atrelado ao exercício da construção do saber por professor e alunos por meio da leitura teórica orientada acompanhada pelo ato de ir à busca de documentos ou fontes históricas para serem trabalhados por ambos através de pequenos ou grandes projetos de pesquisa. Nossa experiência de ensino através de pesquisa histórica se deu com a seguinte temática: história social do sertão de Piranhas e Piancó. Esta escolha temática se justificou pelo fato de o alunado não conhecer em profundidade o passado do lugar/região que habitam e os elementos de formação da cultura que vivenciam enquanto moradores de um sertão.
METODOLOGIA:
A atividade de ensino de história além de apresentar assuntos históricos gerais considerados importantes para qualquer aluno, deve estar atrelada ao ato de pesquisar, teórica e empiricamente, novos elementos históricos sobre temáticas consideradas relevantes por alunos e professores. Como já foi dito, na nossa experiência de ensino, escolhemos desenvolver nossa atividade nos debruçando sobre a História Social do Sertão de Piranhas e Piancó, tendo como foco a cultura material do citado lugar dentro do recorte temporal do século XVIII. A partir disto, foi feito o convite aos alunos para participarem de atividades de pesquisa sobre a linha temática através de coleta de fontes históricas, transcrição e análise de documentos (inventários post-mortem). Simultaneamente, foram oferecidas leituras de textos historiográficos pertinentes a temática. Por fim, os alunos foram estimulados a: 1) produzir textos com suas interpretações que, por sua vez, eram fruto do confronto entre análise de fontes diretas, teoria e orientação do professor; 2) e a oferecer oficinas sobre o tema estudado para a comunidade. Este procedimento permitia o crescimento tanto do aluno como da comunidade onde este estava inserido, pois trazia para a sociedade a discussão histórica sobre o passado do lugar onde viviam.
RESULTADOS:
Esta prática de ensino baseada na postura da pesquisa fez com que aluno e professor se tornassem comprometidos com a produção de um estudo histórico sobre o passado local/regional e, ao mesmo tempo, promoveu um processo de entusiasmo para com a disciplina por parte de ambos. O professor passou a buscar variado material historiográfico, além de ficar atento a documentação existente sobre o alto sertão paraibano, estimulando uma salutar postura de orientador. Foi constatada a existência de inventários post-morten dos quais foram extraídos algumas amostras para serem transcritas e analisadas através da sistematização dos dados em tabelas que permitiam dar visibilidade às características de sujeitos habitantes do sertão colonial, inclusive, escravos. Outro elemento resultante do exercício de pesquisa histórica dentro do ambiente de estudo escolar da história foi a mudança da postura tanto do aluno com do professor, pois, o ato de lidar com a construção de uma interpretação sobre o passado local trouxe uma ampliação sobre o conhecimento do lugar onde ambos estão inseridos e isto é parte preponderante para a formação social e cultural de um indivíduo dentro de uma coletividade.
CONCLUSÃO:
Quando aluno e professor de história se envolvem no processo de construção de novos conhecimentos de história, tanto um como o outro deixa a condição de coadjuvantes ou apenas receptores do conhecimento histórico, para a condição de agentes construtores da história enquanto saber e narrativa. Notamos entre os alunos participantes de projeto de pesquisa e extensão na área de História do IFPB – Campus Cajazeiras, um salto qualitativo no conhecimento sobre a história local, ao mesmo tempo em que passaram a sentirem-se mais ligados à disciplina, desenvolvendo um raciocínio, criticidade e criatividades típicos do ofício do historiador. Diante de tal perspectiva, constatamos que tanto o aluno como o professor mudou sua relação com a disciplina, onde estes passam a vê-la como algo estimulante. Este estado do ser acabou sendo combustível para novas pesquisas e geração de problemáticas tanto na história local/regional como na história em geral, inclusive sua teoria.
Palavras-chave: história, ensino de história, história do sertão.