63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia |
EVOLUÇÃO DA PAISAGEM: MODIFICAÇÃO DA ÁREA CORRESPONDENTE AO LESTE DA MATA DE DOIS IRMÃOS, AO BAIRRO DE CÓRREGO DO JENIPAPO E PARTE DOS BAIRROS DE NOVA DESCOBERTA E MACAXEIRA, EM RECIFE-PE |
Heraldo Martins da Silva Neto 1 Rafael Rodrigues Alves 1 Jamerson Dantas Bento 1 Edla Dourado de Souza Oliveira 1 Arivânia de Oliveira Carmo 2 Josiclêda Domiciano Galvíncio 3 |
1. Graduandos do Departamento de Ciências Geográficas – UFPE 2. Graduanda de Bacharelado em Biologia com ênfase em Ciências Ambientais – UFPE 3. Profª. Drª./Orientadora – Depto. de Ciências Geográficas/SERGEO – UFPE |
INTRODUÇÃO: |
A paisagem do Recife-PE estudada neste trabalho está compreendida entre as latitudes 9.114.000mS e 9.115.000mS e longitudes 286.000mE e 287.000mE, no sistema de representação cartográfica UTM, correspondendo à área leste da Reserva Estadual Ecológica Mata de Dois Irmãos, parte da BR-101 Norte, ao bairro de Córrego do Jenipapo e parte dos bairros de Nova Descoberta e Macaxeira. Apresenta-se com a peculiaridade de possuir, no sentido subúrbio/cidade, à direita, a maior reserva de Mata Atlântica da cidade em detrimento de uma das maiores áreas de aglomerado subnormal desta – as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) dos morros –, à esquerda. As modificações verificadas nas imagens de satélite reforçam a justificativa de estudar a evolução paisagística implicada pela intervenção antrópica nos Mares de Morros quanto à Geomorfologia e vegetação, para um adequado planejamento urbano. O objetivo deste trabalho é quantificar as modificações paisagísticas das variáveis vegetação, área urbana e estradas, no recorte temporal de 1974 a 2011, concluindo com as razões das alterações. |
METODOLOGIA: |
Realizou-se um levantamento de imagens do leste da Reserva Estadual Mata de Dois Irmãos e dos bairros já citados, qualificadas como carta topográfica com escala de 1:25.000, ortofotocarta de 1:10.000 e imagem do Google Mapas de 1:20.000, respectivamente dos anos de 1974, 1986 e 2011. Também houve análise de campo. As imagens das décadas de 1970 e 1980 foram processadas com o software SPRING, enquanto a imagem de 2011 foi utilizada apenas para comparação visual. Esse programa opera como um banco de dados geográfico e suporta grande volume de informações (sem limitações de escala, projeção e fuso), mantendo a identidade dos objetos geográficos, administrando tanto dados vetoriais como dados matriciais, realizando a integração de dados de sensoriamento remoto num sistema de informação geográfica (SIG) (Câmara et al., 1999). Foram gerados mapas temáticos da área em estudo, representativos das décadas de 1970 e 1980, nos quais foi possível analisar a evolução temporal da vegetação, da área urbana e das estradas construídas, calculando vetores com o software, cujos temas são vegetação densa, espaçada, aglomerado urbano, área planejada, áreas não construídas, estrada principal e estrada secundária. Em seguida, baseado nestas informações, procedeu-se uma interpretação paisagística. |
RESULTADOS: |
A comparação entre as imagens de diferentes décadas e a análise de campo deixam bastante perceptíveis as modificações paisagísticas no recorte espacial em questão. A vegetação densa desta paisagem – Mata Atlântica de Dois Irmãos – possuía uma área de 335.104m² (3,35 ha), em 1974, sendo reduzida em 14,03%. A vegetação espaçada, em áreas mais antropizadas, possuía 149.248m² (1,49 ha), sendo reduzida em 29,53%, até 1986. Comparando com 2011, nota-se que a vegetação espaçada com certa continuidade foi muito devastada. De um modo geral, a vegetação sofreu uma redução de 18,80%, entre 1974 e 1986. Quanto à urbanização, observa-se que o aglomerado subnormal correspondia a 3.425.428m² (34,25ha), mas, até 1986, a área foi ampliada para 3.985.737m² (39,86 ha), correspondendo a um avanço de 16,36%. De acordo com a imagem de 2011, percebe-se que as construções aglomeradas já correspondem à quase totalidade dos morros. Até 2011, nota-se que houve uma pequena redução da área urbanizada não construída em razão das construções. A urbanização, logo, expandiu-se em 16,97%, entre 1974 e 1986. Em relação às estradas, a principal (BR-101 Norte) possuía área de 33.704m², sendo ampliada em 83%. As estradas, então, ocupavam uma área de 47.211m², em 1974, expandindo-se em 74,99%, até 1986. |
CONCLUSÃO: |
A evolução da paisagem estudada, entre 1974 e 2011, portanto, apresentou índices positivos quanto à urbanização, inversamente proporcionais à cobertura vegetal. Por se tratar de uma referência econômica regional, o Recife foi um dos principais “alvos” de migração, sobretudo a partir da década de 70, o que provocou uma expansão exponencial urbana, de modo que o acompanhamento adequado do poder público para um planejamento se tornou impraticável, resultando no aumento de 16,36% do aglomerado subnormal, entre 1974 e 1986. Explica-se assim o crescimento urbano de 16,97%, bem como a ampliação da área das estradas em 74,99% e a redução da vegetação em 18,80%. Conforme a imagem de 2011, a vegetação densa não sofreu uma redução tão intensa quanto à espaçada, devido à criação da Lei Municipal 16.243/1996, que defende a sustentação do ecossistema recifense, atuando com a lei da Reserva Estadual Ecológica Mata de Dois Irmãos. A paisagem em questão, portanto, já possuía, em 1974, um caráter diversificado, com vegetação densa e concentração urbana desordenada. Percebe-se que na década atual a influência urbana cria e amplia áreas de solo exposto, altera a geomorfologia dos morros deste recorte geográfico e concretiza pressões urbanas sobre a maior reserva de Mata Atlântica do Recife. |
Palavras-chave: Paisagem, Vegetação, Área urbana. |