63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana |
OCUPAÇÃO DE ÁREAS DE RISCO NA CIDADE DO RECIFE: O EXEMPLO DO CÓRREGO DO JENIPAPO |
Josafá Henrique Gomes 1,2 José Carlos Guedes do Nascimento 2 Regina Cristina Albuquerque 2 Rodolfo Jerônimo Prado 2 Djanira Alencar 2 Severina Maria dos Santos Barbosa 2 |
1. Departamento de Ciências Geográficas - UFPE 2. Núcleo de pós-graduação em Geografia – FUNESO |
INTRODUÇÃO: |
A colonização do Brasil sofreu, desde seu início, carência de planejamento, colaborando para um processo de ocupação desordenada. Os reflexos dessa ação podem ser observados em todo território nacional, principalmente, nos grandes centros urbanos, onde há maior concentração populacional. Como esse processo foi desigual, as camadas da população menos favorecidas foram excluídas das áreas mais nobres da cidade, vindo ocupar espaços desvalorizados imobiliariamente, se instalando nas áreas de encosta, que apresentam instabilidade geológica. A ocupação dos morros do Recife aconteceu a partir dos anos de 1940, constituindo nos altos e nos córregos o maior assentamento popular contínuo da cidade. O Município do Recife está dividido em seis áreas, definido como Regiões Político-Administrativas (RPAs). Dessas, quatro apresentam áreas de risco geológico, susceptível à erosão. No Recife, os espaços de maior instabilidade geológica, onde acontecem os maiores índices de deslizamentos de massa estão localizados na zona norte, onde encontramos o bairro do Córrego do Jenipapo, que apresenta morfologia composta por estruturas do Grupo Barreiras, torna-se uma área que apresenta riscos, visto que com as chuvas os terrenos ficam vulneráveis, ocasionando perigo para a população que reside nessa área. |
METODOLOGIA: |
A metodologia consistiu na delimitação da área a ser analisada, acompanhada de um estudo de caso, o qual compreendeu visitação ao local, entrevista com moradores, a fim de conhecer as áreas mais vulneráveis do bairro do Córrego do Jenipapo, Recife – PE. A pretensão era verificar se os moradores participavam das decisões definidas pela prefeitura e se esta atendia suas solicitações. Uma revisão de bibliografia e levantamento fotográfico também foram essenciais para registrar as medidas de contenção utilizada pela Codecir, órgão da prefeitura responsável pelo acompanhamento das áreas de risco. |
RESULTADOS: |
A ação dos moradores, a desordem urbana, a construção de obras indevidas, só agravaram a instabilidade geológica das áreas de riscos. Como conseqüências, no bairro houve ocorrências mais simplórias e sem vítimas. Além das campanhas de conscientização para evitar a retirada da vegetação, novos cortes nas encostas e lançamento indiscriminado de resíduos, vários métodos de contenção foram observados como medidas para se evitar os movimentos massa, algumas que funcionam de maneira bastante eficaz durante um período prolongado, e outras paliativas em situações emergenciais. Porém, se não houver uma ação conjunta entre os órgãos competentes e a população residente, os movimentos de massa irão se agravar aceleradamente, principalmente nas áreas onde os riscos são maiores. Logo, esse trabalho pretende mostrar a problemática do local e apontar algumas medidas usadas para diminuir os riscos. |
CONCLUSÃO: |
De modo geral, a Codecir atua de forma permanente junto à população no desenvolvimento de ações através do Programa Guarda-Chuva, para minimizar ou erradicar os riscos nas regiões de morros e planícies. Além da gestão de riscos, também atua no atendimento emergencial em casos de acidentes. Essas ações consistem em acompanhamento e vistoria das áreas, programas mais específicos, mobilização e conscientização das comunidades, aplicação de lonas, gel, muros de contenção, de arrimo, plantio de vegetação em áreas desnudas, instalação de placas informativas e uma série de outras que visem à segurança da população e à prevenção de acidentes. Pudemos verificar que o bairro do Córrego do Jenipapo, assim como outros bairros da cidade do Recife, sofre constantemente com os movimentos de massa. A população tem plena consciência dos riscos aos quais está sujeita e vem sendo orientada pela Codecir a não agravar essa situação, por meio de um trabalho em conjunto que visa orientar para utilização das vertentes de maneira mais adequada. Apenas medidas de contenção não irão solucionar os problemas de deslizamentos. É preciso, também, que se pense em programas e projetos urbanos que possam garantir melhor acesso aos espaços e melhor habitação dentro das metrópoles. |
Palavras-chave: ocupação de morro, área de risco, deslizamento de encostas. |