63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística
Virada pragmática e virada cognitivista: implicações para os estudos da linguagem
Yan de Lima Justino 1
Marcos Antonio Costa 2
1. Depto de Letras -UFRN
2. Prof. Dr. / Orientador - Depto de Letras - UFRN
INTRODUÇÃO:
Este projeto de pesquisa tem como finalidade compor uma arqueologia que nos ajude a pensar as condições que levaram diferentes áreas do conhecimento – e, em particular, a Linguística – a concluir pela imperativa necessidade de reaproximar questões que, tradicionalmente, foram tratadas de maneira bem segmentada. Para tal, vimos a necessidade de dar continuidade a análise de autores cujas perspectivas teórico epistemológicas abranjam as questões da significação, da verdade e da referência em uma relação linguagem e realidade, palavras e coisas, nos processos de construção de sentido. Acreditamos que compor esse percurso epistemológico corrobora a possibilidade de enxergar como não alógenos, por exemplo, os estudos que, aproximando-se das ciências computacionais, veem a necessidade de entender como as linguagens formais (computacionais), calcadas sobre conceitos formalistas de mente, não contemplam características como projeção e domínios conceptuais dos sistemas naturais de linguagem.
METODOLOGIA:
Este projeto é inicialmente de natureza bibliográfica e documental. Analisamos textos de alguns autores num arco histórico que abrange as últimas décadas do século XIX e todo o século XX. Os autores selecionados são representativos de perspectivas teóricas que influenciaram, e continuam influenciando, o pensamento contemporâneo. Desse modo, mais especificamente, pretendemos considerar: i) no âmbito da Filosofia: as propostas de Gottlob Frege, Bertrand Russell, Ludwig Wittgenstein, John Langshaw Austin e Donald Davidson; ii) Na área da Lingüística: as teses formalistas do estruturalismo e do gerativismo, a partir de Ferdinand de Saussure e Noam Chomsky, assim como as propostas teóricas de orientação pragmática, objetivando a compreensão dos pressupostos da teoria cognitiva de base social, que serve de referência para nosso trabalho. A partir dessas perspectivas, adotamos como método a análise de modelos do paradigma conexionista, a fim de demonstrar a sistemática de representação vericondicional de uma linguagem formal e, a partir dessa representação, confrontá-la com as abordagens sociocognitivas.
RESULTADOS:
O modelo computacional conexionista utilizado para evidenciar os resultados desta pesquisa foi o das redes neurais artificiais. Este paradigma baseia-se no modelo biológico das redes neurais e assume como pressuposto que o desenvolvimento de uma estrutura análoga a estrutura biológica possa projetar em sistemas computacionais os processos de aprendizado, pelo input, reverberação e output da informação. Embora o modelo conexionista se aproxime dos sistemas biológicos, podemos concluir que estes, diferentemente daqueles, apresentam uma inter-relação entre atividades motoras e perceptuais e produção conceptual. Portanto, diferentemente das linguagens formais, o funcionamento dos sistemas naturais de linguagem ocorre concomitantemente às experiências vivenciadas pelo corpo inserido em contextos socioculturais específicos.
CONCLUSÃO:
Em relação aos sistemas naturais de linguagem, os sistemas físicos de manipulação simbólica não apresentam a mesma flexibilidade quanto à capacidade de adaptação/criação. Muitas das funções desempenhadas pelas linguagens naturais não puderam ser, até hoje, formalizadas e processadas mecanicamente. O problema da recorrente idéia do desenvolvimento de sistemas mais “inteligentes”, do ponto de vista interacional, é que tal empreendimento não pode traspassar o conceito de mente sobre o qual os computadores e, consequentemente, as linguagens formais foram desenvolvidas.
Palavras-chave: Linguística, cognitivismo, Linguagens formais.