63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE ESPÉCIES NATIVAS EM REFLORESTAMENTO NA CABECEIRA DO CÓRREGO DAS CLEMÊNCIAS EM QUIRINÓPOLIS-GO
Diego de Souza Aguiar 1
Mozaniel Alves da Silva 1
Diego Gonçalves Freitas 1
Revetria Prado Silva 1
Weslley Pereira Cabral 1
Isa Lucia de Morais Resende 2
1. UEG - Universidade Estadual de Goiás/Quirinópolis-GO
2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto de Ciências Biológicas - UEG/Quirinópolis-GO
INTRODUÇÃO:
Na região do Cerrado ocorrem áreas úmidas como as matas de galeria inundáveis, os campos úmidos e as veredas. Devido à importância destas comunidades ripárias, principalmente no tocante à proteção de nascentes, a legislação ambiental as reconhece como áreas de preservação permanente. Mas, embora protegidas por lei, com a ocupação do Cerrado, estas fitofisionomias têm sofrido alterações de natureza antrópica, que em alguns casos tornam-se irreversíveis, devido principalmente à sua pequena capacidade de regeneração. Entre os danos irreversíveis estão a extinção de espécies-chave e instauração de processos de degradação auto-reforçantes. Isso resulta não só na perda da capacidade de regeneração das espécies, mas na eliminação dos componentes bióticos e abióticos. Nesses casos, a intervenção, através de reflorestamento, faz-se necessária, a fim de estabilizar e reverter os processos de degradação, acelerando e direcionando a sucessão natural. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de espécies nativas em um reflorestamento realizado na Cabeceira do Córrego das Clemências, em Quirinópolis, GO, mediante a aplicação de indicadores vegetacionais.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Cabeceira do Córrego das Clemências, no município de Quirinópolis, Goiás. O plantio foi realizado em 2008, utilizando-se treze espécies nativas do Cerrado e uma espécie exótica. Em 2009 foram marcados 300 indivíduos com plaquetas de alumínio numeradas, de forma assistemática. Na segunda coleta de dados, em 2009, não foram encontrados 36 indivíduos, pois eles estavam sem as plaquetas. Estes indivíduos foram descartados, restando assim um total de 264 indivíduos para o estudo. Em 2010 as coletas foram realizadas em março (período chuvoso) e agosto (período seco). Foram medidos a altura, o diâmetro na superfície do solo e a área da copa. Nas espécies ramificadas, foram medidos os três perfílios com maior diâmetro (D), e, posteriormente, foi calculada a circunferência (C) através da fórmula C = D/π, e, depois, a área basal utilizando-se a fórmula AB = C2/4π. A área de copa (AC) foi calculada pela fórmula da elipse (AC = a x b x π/4), tomando-se duas medidas ortogonais com fita métrica. A porcentagem de mortalidade das espécies plantadas foi calculada a partir do número de mudas que morreram em relação à primeira e à última medição.
RESULTADOS:
As menores taxas de sobrevivência foram apresentadas por Muntingia calabura (100%), Handroanthus heptaphyllus (38,8%), Alibertia edulis (41,6%) e Bauhinia variegata (50%). Isso se deve à ausência do coroamento no entorno das mudas e o prolongado período de estiagem no ano de 2010. As maiores porcentagens de sobrevivência foram apresentadas por Cecropia pachystachya, Jacaranda cuspidifolia e Clitorea fairchildiana (100,0%); Enterolobium contortisiliquum (78,9%), Leucaena leucocephala (76,5%) e Dipteryx alata (73,3%). A grande variação de sobrevivência sugere a existência um diferencial adaptativo de sobrevivência de cada espécie às condições gerais de ambientes degradados. Os maiores crescimentos foram apresentados por Alibertia edulis, Clitorea fairchildiana, Anadenanthera colubrina, Enterolobium contortisiliquum e Cecropia pachystachya. O período foi favorável ao crescimento, haja vista que o intervalo entre as medições correspondeu ao período chuvoso. Além disso, estas espécies são pioneiras, com exceção de Alibertia edulis, a qual é climácica e dióica. Clitorea fairchildiana, Alibertia edulis, Enterolobium contortisiliquum, Bauhinia variegata e Anadenanthera colubrina apresentam maior crescimento em área basal. A maioria das espécies apresentou redução na cobertura foliar.
CONCLUSÃO:
Foi registrada uma grande mortalidade no período amostrado, a qual pode estar relacionada com a ausência de manejo no local, principalmente quanto ao coroamento no entorno das mudas e também à estiagem prolongada. As espécies que apresentaram maiores porcentagens de sobrevivência foram Cecropia pachystachya, Jacaranda cuspidifolia, Clitorea fairchildiana, Enterolobium contortisiliquum, Leucaena leucocephala e Dipteryx alata, sendo, portanto, recomendadas para a aplicação em reflorestamentos de áreas degradadas. A perda foliar apresentada pela maioria das espécies pode ser um mecanismo de escape ao estresse hídrico.
Palavras-chave: reflorestamento, área degradada, espécies nativas do cerrado.