63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOLÓGICAS DA ÁGUA DO IGARAPÉ MELGAÇO, MUNICÍPIO DE ORIXIMINÁ-PA
Andréa Pimentel Barreto 1
Andreana Oliveira Ferreira 1
Erilane dos Santos Almeida 1
Marcelo Alves de Souza 1
Domitila Pascoaloto 2
1. Instituto de Ciências Biológicas, UFPA, Oriximiná/PA
2. Profª. Dra./Orientadora-INPA, Manaus/AM
INTRODUÇÃO:
O Município de Oriximiná é considerado o segundo maior do Estado do Pará com uma área de 107.604,4 km² em extensão territorial. Está localizado na região denominada Calha Norte, a Oeste do Pará, sendo drenado pela rede hidrográfica do rio Trombetas.
O crescimento populacional e a expansão urbana deram-se em decorrência da implantação da mineradora de bauxita. Segundo Coelho e Monteiro (2003) o contingente populacional na cidade de Oriximiná, elevou-se mais de quatro vezes em trinta anos, muito mais do que nos municípios vizinhos, apesar da infra-estrutura urbana e a economia formal não apresentarem condições de absorverem o crescimento.
O igarapé do Melgaço é um dos mais impactados pela influência humana. O aumento populacional desordenado, o despejo de esgoto doméstico sem tratamento e a atividade agropecuarista desenvolvida no entorno têm gerado o aporte de contaminantes e a destruição da mata ciliar, comprometendo assim a qualidade deste igarapé. O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade da água do igarapé do Melgaço, através da análise de parâmetros biológicos e físico-químicos, tendo como base a resolução 357/05 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).
METODOLOGIA:
Foram realizadas duas coletas durante os meses de Agosto/10 (período seco) e Fevereiro/11 (período cheio).
Neste estudo foram avaliadas as variáveis físico-químicas: pH, medido por potenciometria, com potenciômetro digital pH-meter, modelo pH 221; oxigênio dissolvido e temperatura, medidos com oxímetro digital (Hanna), e a transparência utilizando-se o disco de Secchi. As análises foram realizadas in locu, ocorrendo no horário da manhã (das 8:00 às 10:00h).
Na segunda coleta (Fevereiro/2011) realizou-se análise microbiológica utilizando-se a técnica do número mais provável (NMP), complementando o teste de presença e ausência feito através do método do substrato cromogênico (colilert®) realizado na primeira coleta como estudo preliminar.
No mês de Fevereiro também realizou-se a análise dos metais Ferro (Fe) e Alumínio (Al), por fotometria, utilizando fotômetro multiparâmetro da marca Hanna, modelo HI83200.
RESULTADOS:
As concentrações de oxigênio dissolvido no igarapé Melgaço variaram de 0,69mg/L a 5,3mg/L, durante a seca; e de 1,7mg/L a 5,1mg/L na cheia. Os níveis mais elevados foram observados na fase de seca e mostraram um aumento da concentração de oxigênio ao longo do igarapé.
A temperatura da água apresentou-se homogênea, como observada na maioria dos igarapés amazônicos, com média de temperatura de 29ºC na seca e 28,35ºC na cheia.
A transparência apresentou menores valores no período da cheia, fato este que pode ser explicado pela entrada de sedimentos. O pH mostrou valores oscilando de 4,1 a 5,9, indicando caráter levemente ácido de suas águas.
De acordo com as concentrações encontradas para os metais (Al e Fe) nas amostras de águas, nota-se que algumas concentrações encontram-se acima dos valores recomendados para águas de classe 2 segundo a resolução CONAMA Nº357/2005. O Al apresentou concentrações significativas em todos os sítios de coleta, enquanto que o Fe apresentou maior concentração no sítio 2 (0,82 mg/L).
O resultado da analise microbiológica mostra que a água do igarapé Melgaço apresenta-se imprópria para balneabilidade segundo a resolução CONAMA Nº357/2005, com valores críticos no sítio 5 (4,7 X 103), podendo ser ocasionado pela entrada de matéria orgânica no igarapé.
CONCLUSÃO:
Neste estudo o igarapé Melgaço pode ser incluído nas águas de classe 2 (no caso, água com enquadramento ainda não aprovado, levando em consideração os parâmetros analisados)
O igarapé Melgaço apresentou baixos níveis de oxigênio, águas ligeiramente ácidas e altas concentrações de Fe e Al³. O resultado bacteriológico confirma que a água do igarapé Melgaço segundo a resolução CONAMA nº 357/05 não atende aos padrões de qualidade de água devido apresentar valores de coliformes fecais superiores a 1 X 103 em 100ml de amostra.
O aumento populacional desordenado, o despejo de esgoto doméstico sem tratamento e a atividade agropecuarista desenvolvida no entorno têm gerado o aporte de contaminantes e a destruição da mata ciliar, comprometendo assim a qualidade da água deste igarapé.
Palavras-chave: igarapé Melgaço, urbanização, qualidade de água.