63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL CONFORME O PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL EM IDOSAS AFERIDO POR DIFERENTES MÉTODOS ANTROPOMÉTRICOS
Ellen Cristina de Sousa e Silva 1
Erika Aparecida da Silveira 2
1. Faculdade de Nutrição – UFG
2. Profa Dra/Orientadora – Faculdade de Nutrição – UFG
INTRODUÇÃO:
O envelhecimento é um processo gradual que acarreta alterações físicas e psicológicas. Observam-se modificações na composição corporal com redução da massa magra, mobilização do tecido adiposo e redução da estatura (GOMES et al., 2006; KRAUSE et al., 2006). A partir da avaliação adequada do estado nutricional é possível identificar os fatores de risco e agravantes das doenças crônicas. Uma das formas de avaliar o estado nutricional é por meio do índice de massa corporal (IMC), que apresenta baixa correlação com a estatura e alta correlação com o peso, contudo não é capaz de discernir a composição corporal com relação à massa livre de gordura e tecido adiposo. Semelhante ao IMC, as dobras cutâneas tem sido bastante empregadas para a avaliação do estado nutricional, pois podem indicar a quantidade de tecido adiposo corporal. Existem outros métodos para estimar o percentual de gordura corporal (%GC) como a bioimpedância e a densitometria corporal (DEXA), sendo o último considerado padrão-ouro, contudo são métodos mais onerosos. Diante disto, este trabalho objetiva analisar a relação entre o IMC e o percentual de gordura corporal aferido por diferentes métodos: bioimpedância tetrapolar, dobras cutâneas e densitometria corporal total em mulheres idosas.
METODOLOGIA:
Estudo transversal com 81 idosas usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) de Goiânia. Este estudo está inserido no “Projeto Idosos Goiânia” financiado pelo CNPq, edital universal 14/2008. A coleta dos dados foi realizada no período de julho a agosto de 2009, com equipe treinada e padronizada. Foram coletas as medidas peso, altura e dobras cutâneas (bicipital, tricipital, subescapular e supra-ilíca) e realizados os exames de bioimpedância e DEXA. O IMC foi classificado segundo valores propostos por Lipstchtz (1994), cujo ponto de corte para obesidade é de 27 kg/m2. A estimativa do %GC corporal foi realizada pelo protocolo de dobras cutâneas, bioimpedância tetrapolar e DEXA. Para classificação do %GC foram adotados os valores sugeridos por Gallagher et al (2000), cujo valor para diagnóstico de gordura corporal feminina aumentada foi de 42%. O banco de dados foi estruturado no programa EPIDATA versão 3.1 e as análises dos dados realizadas no programa Stata 8.0. Foram realizadas as análises estatísticas Qui-quadrado, correlação de Pearson, índice Kappa e teste Anova. Todas as participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para participar do estudo. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Goiás, sob protocolo no 031/2007.
RESULTADOS:
A amostra apresentou média do IMC de 27,30 kg/m2. A média dos valores do %GC foi de 39,19%, 42,82% e 39,88% pela bioimpedância, DEXA e protocolo de dobras respectivamente, cujo diagnóstico de obesidade é estabelecido a partir de 42%. Em relação ao IMC, protocolo de dobras e bioimpedância, pode-se observar menor prevalência de idosas obesas (46,91%, 34,57% e 40,74%, respectivamente). O DEXA, contudo, indicou prevalência de 60,00% de obesas na população. Esses percentuais sugerem que %GC não tem boa relação com diagnóstico de IMC. Devido a esta diferença, utilizou-se correlação de Pearson para comparar valores aferidos pelos métodos de determinação do %GC e o IMC resultando em um p > 0,83 para todas as análises. As diferenças entre os distintos métodos de avaliação do %GC devem-se as técnicas de aferição, formulação das equações para estimativa da composição corporal e sensibilidade e especificidade de cada um (BARBOSA et al., 2001). Foi observada forte correlação entre os %GC e IMC, sendo a melhor correlação entre IMC e bioimpedância (p=0,93). A concordância entre os métodos e o IMC categorizados pode ser classificada como boa, confirmando os resultados de correlação de Pearson. Este resultado assegura o uso do IMC como um bom preditor do percentual de gordura.
CONCLUSÃO:
O %GC estimado pela bioimpedância tetrapolar, protocolo de dobras cutâneas de Siri (1961) e DEXA, apresentaram boa correlação com o IMC, sendo de grande relevância uma vez que o IMC é muito empregado na avaliação do estado nutricional. As análises presentes neste estudo podem ser utilizadas como justificativa para o emprego do IMC, na ausência de métodos mais específicos, para apreciar da composição corporal em idosos.
Palavras-chave: Idosos, índice de massa corporal, composição corporal.