63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Clínica e Cirúrgia |
ANÁLISE HISTOLOGICA APÓS IMPLANTAÇÃO DO COMPÓSITO TELA DE POLIPROPILENO-QUITOSANA NO PERITÔNIO HÍGIDO DE SUÍNOS |
Caroline Fleury Canesin 1 Apostolo Ferreira Martins 2 Neusa Margarida Paulo 3 |
1. Acadêmica em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária, Universidade Federal 2. Doutorando em Ciência Animal, Escola de Veterinária, Universidade Federal 3. Professora/ Orientadora Adjunto IV, Setor de Cirurgia, Escola de Veterinária, Universidade |
INTRODUÇÃO: |
A membrana peritoneal é composta por uma monocamada de células mesoteliais de origem mesenquimal que repousa sobre uma membrana basal contínua apoiada pelo submesotélio. Entre outras, sua função é proteger a cavidade abdominal, bem como as vísceras aí contidas. Quando o peritônio é traumatizado, seja por procedimentos cirúrgicos ou devido a processos inflamatórios há o desencadeamento de uma série de eventos com a finalidade de promoverem a sua reconstituição. Uma das respostas do organismo ao trauma peritoneal, para promover a cicatrização da serosa, é o conjunto de feixes fibrosos formados entre duas superfícies abdominais durante o processo de reparação, denominados aderências. (SULAIMAN et al., 2002; VAN DER WAL et al.,2007) . Para a prevenção da formação de aderências, atualmente tem-se dirigido uma atenção especial à elaboração de materiais que possam atender às condições necessárias para sua implantação na cavidade abdominal, sem que haja grande índice de morbidade (MARTÍN-CARTES et al.,2006) A implantação de um material sintético no organismo inicia uma reação inflamatória do tipo corpo estranha. (BABENSEE et al.,1998; RATNER & BRYANT, 2004). O estudo histopatológico é indispensável quando se objetiva avaliar a biocompatibilidade de determinado biomaterial. Esta avaliação inclui as determinações da resposta dos tecidos do hospedeiro aos componentes dos diferentes materiais empregados (WILLIAMS, 2003). |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi desenvolvida na Escola de Veterinária (EV) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO. Foram utilizados quatro suínos híbridos, machos e saudáveis. O primeiro grupo, com dois animais, recebeu um implante de tela de polipropileno (Grupo 1) e o segundo grupo (Grupo 2), que também possuía dois animais, foi implantado com o compósito tela de polipropileno/quitosana. Após 30 dias, os animais foram eutanasiados, de forma humanitária. E coletado um bloco de todo músculo, incluindo o implante para fazer as lâminas. A leitura das lâminas foi realizada de forma descritiva e semiquantitativa. Conforme o quadro á baixo QUADRO 1: Interpretação dos escores aplicados na análise dos parâmetros histopatológicos em parede abdominal de suíno após implante intraperitonial Observação Histopatológica Escores Significado Infiltrado inflamatório (classificado em polimorfonuclear ou mononuclear) Angiogênese 0 Ausência de alteração 1 Alteração discreta (presente em menos de 25% do campo) 2 Alteração moderada (presente em 26% a 50% do campo) 3 Alteração acentuada (presente em 51% a 100% do campo) Tecido conjuntivo (classificado em frouxo ou denso) 0 Ausência do tecido conjuntivo 1 Presença do tecido conjuntivo Células Gigantes 0 Ausência de células gigantes 1 Presença de 1 a 3 em torno do implante 2 Presença de mais de 3 em torno do implante |
RESULTADOS: |
Aos 30 dias após a implantação do biomaterial, no grupo 1, 50% dos animais tinham infiltrados inflamatórios moderados, classificando- os com escore 2 e os outros 50% apresentaram-se de forma discreta, sendo classificado com escore 1. Com predominância de fibroblastos. Encontrou-se em 100% dos animais do grupo 1, tecido conjuntivo denso arranjado de forma concêntrica em torno do monofilamento da tela de polipropileno. Sendo classificados com escore 1 Notou-se também em 100% dos animais do grupo 1, presença de tecido de granulação acentuado, próximo a tela, com formação de células gigantes multinucleadas. O escore de ambos os animais foram classificados como 2. No grupo de quitosana foram encontrados em 100% dos animais, inflamação mononuclear acentuada adjascente a tela de quitosana, classificando os com escore 3. Observou-se também um discreto número de células gigantes multinucleadas, em 100% dos animais, sendo assim classificando com escore 2. Foi notado moderada infiltração de neutrófilos, associadas a acentuada formação de tecido de granulação. Entretanto, apesar da sua consagrada biocompatibilidade, os biomateriais devem ser usados com precaução, uma vez que podem provocar fortes reações teciduais, conforme relatam BINYAMIN et al. (2006). Neste trabalho se pode observar que a implantação do compósito polipropileno, desencadeou uma resposta, verificada aos 30 dias do pós-operatório, o que deve permanecer ao longo do tempo, conforme reportou WILLIAMS (2003). |
CONCLUSÃO: |
O uso de biomateriais pode contribuir consideravelmente para a prática cirúrgica, desde que saiba compreender os eventos celulares que ocorrem no sítio de implantação, bem como o impacto destas reações no organismo como um todo. |
Palavras-chave: histologia, compósito, quitosana. |