63ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 6. Genética

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL MUTAGÊNICO E/OU ANTIMUTAGÊNICO DA PLANTA MEDICINAL DENTE-DE-LEÃO (TARAXACUM OFFICINALIS WEBER), EM CÉLULAS SOMÁTICAS DE DROSOPHILA MELANOGASTER; TESTE SMART/ASA

Thalita Marra Rosa 1 Jorge Freitas Cieslak 1 Salvador de Carvalho 1,3 Wanderlene Blanco Nunes 1,2

1. UFG 2. Profa. Dra /Orientadora - ICB3 3. Prof. Dr. - ICB1

INTRODUÇÃO:

A utilização de plantas como recurso terapêutico é uma prática generalizada na medicina popular e tem aumentado acentuadamente nas ultimas décadas. A utilização de plantas para o tratamento de doenças acontece em todo o mundo e há muito tempo, porém apenar desta vasta utilização das plantas medicinais, pouca informação se encontra disponível sobre seus constituintes, bem como sobre os riscos em potencial oferecidos a saúde humana (FERRO, 2006) A planta medicinal Dente-de-leão (Taraxacum officinale W), da família Asteraceae é muita utilizada no tratamento de enfermidades como anemia, problemas hepáticos, câncer, cirrose, esplenite, doenças de pele, doenças ósseas, hepatite, excesso de colesterol e também é bom depurativo do sangue (http://www.plantamed.com.br). O fitoterápico Dente-de-leão, sendo muito utilizado pela população, faz se necessário o conhecimento de que o mau uso pode acarretar reações colaterais ao organismo. Neste enfoque têm sido elaborados testes para avaliar a ação mutagênica e/ou antimutagênica de fitoterápicos em células somáticas de Drosophila melanogaster (D. melanogaster). O presente trabalho visou conhecer uma genotoxicidade e/ou antigenotoxicidade do fitoterápico Dente-de-leão e os efeitos que pode causar no organismo da Drosophila utilizando o Test SMART/asa.

METODOLOGIA:

Os agentes químicos utilizados foram: Cloridrato de doxorrubicina (DXR) e Extrato aquoso do pó retirado da porção foliar da planta Taraxacum officinale. Os cruzamentos usados foram: Cruzamento padrão (ST- Standard Cross). cruzamento de alta biotivação (“HB - High Bioactivation Cross”). Os estoques de D. melanogaster foram mantidos em frascos de 1/4 de litro contendo meio de cultura específico. Os ovos foram coletados em frascos contendo meio "frapê". Durante todo o experimento foi mantida uma temperatura de 25  1º C e umidade relativa de aproximadamente 60 %. Após 72  4 h, as larvas provenientes de ambos os cruzamentos foram colocadas em um frasco, adicionados 5 mL do extrato obtido com o pó da folha da planta diluídos em água destilada, nas concentrações de 0,05; 0,025; 0,0125 g/mL e DXR (0,125 mg/mL), para avaliação de efeitos genotóxicos, comparados com o controle negativo (água destilada). Para avaliação da atividade antigenotóxica de T. officinale foi adicionado em dado frasco 5 mL de solução de DXR (0,125 mg/mL) associadas com extrato aquoso de T. officinale (EADL) (0,05; 0,025; 0,0125 g/mL). A análise das lâminas foi realizada em microscópio óptico com ampliação de 400X. As manchas foram classificadas como simples mwh ou flr3, quando somente um dos marcadores se expressou, ou manchas gêmeas, se ambos os fenótipos mutantes - pêlos múltiplos (mwh) e pêlos com a base alargada (flr3) - estavam presentes.

RESULTADOS:

Foram analisadas 1280 asas provenientes de adultos emergentes do experimento, que incluíram o controle negativo (água destilada estéril), controle positivo (DXR - 0,125 mg/mL) e 3 diferentes concentrações (0,05; 0,025; 0,0125 g/mL) do EADL isoladas e 3 concentrações (0,05; 0,025; 0,0125 g/mL) do EADL associadas com DXR (0,125 mg/mL). A análise dos dados demonstra não haver um aumento estatisticamente significante (α=β=0,05) no número total de manchas, no número de manchas simples pequenas e no número de manchas simples grandes comparando-se as dosagens testadas ao controle negativo, tanto no cruzamento ST quanto HB. Em alguns dados os resultados foram inconclusivos, sugerindo ser necessário o aumento da amostragem para certificar a significância ou não estatística dos dados comparados ao controle. Pode-se observar no cruzamento ST e HB um aumento da freqüência de manchas na dose com concentração 0,0125 g/mL, associada a DXR, quando comparada com o controle positivo e uma diminuição de manchas nas doses com concentração 0,025 e 0,05 g/mL. No cruzamento ST, em particular, os resultados foram inconclusivos para a dose de concentração 0,05 g/ml.

CONCLUSÃO:

Com base no experimento realizado, o extrato aquoso de Dente-de-Leão não apresentou efeito genotóxico nas concentrações testadas em ambos os cruzamentos em comparação ao controle negativo. O EADL na concentração mais diluída (0,0125 mg/mL), apresentou um efeito potencializador da DXR, provavelmente pela formação de um terceiro composto mais genotóxico, indutor de maior número de mutações quando comparados com o controle positivo. Uma vez que, a interação entre dois compostos depende entre outros fatores da diluição do composto. O EADL apresentou efeito modulador dependente da metabolização, visto que as concentrações 0,025; 0,05 g/mL do EADL, no cruzamento HB, apresentaram redução na freqüência de mutações. Desta forma podemos classificá-lo como um agente antigenotóxico de ação indireta.

Palavras-chave: Taraxacum officinale, Teste SMART/asa, Drosophila melanogaster.