63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Clínica e Cirúrgia |
EFEITOS CARDIORRESPIRATÓRIOS, COMPORTAMENTAIS E ANTINOCICEPTIVOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DE TRAMADOL EM EQUINOS |
Moisés Caetano e Souza 1 Leandro Guimarães Franco 2 Rejane Loose Pucci 3 Sandro de Melo Braga 4 Sarah Barbosa Martins 5 Juan Carlos Duque Moreno 6 |
1. Aluno de Graduação, Escola de Veterinária e Zootecnia, UFG 2. Docente de Anestesiologia Veterinária – Universidade de Franca - SP 3. Médica Veterinária Autônoma 4. Médico Veterinário Anestesiologista, Universidade Paulista-UNIP/Goiânia-GO 5. Mestranda, Escola de Veterinária e Zootecnia, UFG 6. Prof. Dr./Orientador, Escola de Veterinária e Zootecnia, UFG |
INTRODUÇÃO: |
O tramadol, análogo sintético da codeína, tem baixa afinidade por receptores mu (µ). Apesar de não ser considerado um opioide típico, exerce sua atividade analgésica fundamentalmente nesses receptores opioides. O Tramadol mostrou eficácia e segurança na analgesia profilática da dor em humanos, cães e ratos, tornando-se interessante a avaliação do seu uso em equinos, podendo tornar-se alternativo para o tratamento da dor nesta espécie, já que os opioides podem causar excitação do Sistema Nervoso Central (SNC). O trabalho teve como objetivos:1) Avaliar o pontecial antinociceptivo (PAN) do tramadol em um modelo de algometria de pressão pelo uso de analgesímetro digital;2) Verificar as possíveis alterações comportamentais induzidas pela administração intravenosa (IV); e 3) Mensurar os efeitos do fármaco sobre as variáveis cardiovasculares, respiratórias, motilidade intestinal e temperatura retal em equinos. A relevância da pesquisa baseia-se em verificar o PAN do tramadol pela via IV usando o analgesímetro digital, que surge como forma alternativa ao uso dos filamentos de von frey, eliminando problemas associados à diferença no diâmetro entre os filamentos deste. |
METODOLOGIA: |
O experimento obedeceu aos preceitos éticos de experimentação animal, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás (COEP-UFG), n°027/10. Foram usados seis equinos, em três ocasiões, com intervalo mínimo de 15 dias entre procedimentos experimentais. Os equinos receberam, pela via IV, 1,0mg/Kg, 2,0mg/Kg e 3,0mg/Kg de cloridrato de tramadol. As avaliações foram feitas antes e cinco, 10, 20, 30, 45, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos, após administração do fármaco. Avaliaram-se frequência cardíaca (FC), respiratória (f) e temperatura retal (TR). A pressão arterial média (PAM) foi mensurada pelo método oscilométrico. A motilidade intestinal (MI) foi avaliada por auscultação conforme método descrito por SINGH et al.(1997). Na avaliação do grau de sedação observou-se a altura de cabeça em relação ao solo (AC) e transformada em porcentagem. A avaliação do potencial antinociceptivo mecânico (PANM) foi feita por algometria de pressão, com o uso do Analgesímetro digital, INSIGHT®-Ribeirão Preto-SP, aplicado na região da coroa do casco. Os dados obtidos na fase experimental foram submetidos à análise estatística pelo programa de computador Jandel SigmaStat for Windows (SigmaStat for Windows, versão 3.0.1.Systat Software Inc-Richmond, CA, EUA). |
RESULTADOS: |
Apesar de a f ter aumentado na primeira hora na dose de 3mg/Kg, voltou à valores basais aos 90 minutos, porém dentro dos parâmetros normais para a espécie. DHANJAL et al.(2009) observaram aumento logo após a administração de tramadol, podendo ser secundário a estimulação do SNC. Não houve diferença estatística na MI entre os tratamentos nem ao longo do tempo nos grupos, em contradição aos trabalhos de DHANJAL et al. (2009) e SILVA JÚNIOR (2009) que observaram diminuição. Observou-se aumento da PAM para as três doses, possivelmente também ocasionado pela estimulação do SNC. Não foram observadas diferenças estatísticas nos valores de FC. Tampouco houve diferença na AC, estando em desacordo com DHANJAL et al. (2009) que observaram aumento, e SILVA JÚNIOR (2009) que observou diminuição. Apesar de DHANJAL et al. (2009) terem observado diminuição da TR, neste estudo observou-se aumento em todos os grupos, provavelmente relacionado com a temperatura ambiente. Não foi possível comprovar PANM do tramadol, condizendo com os achados de DHANJAL et al.(2009) e SILVA JÚNIOR(2009), em modelos de nocicepção térmica. Observaram-se alterações comportamentais como tremores da cabeça, musculatura peitoral e do dorso, salivação e inquietação, sendo mais evidentes na dose de 3mg/Kg. |
CONCLUSÃO: |
A administração intravenosa de cloridrato de tramadol, nas doses de 1,0, 2,0 e 3,0 mg/Kg, causa mínimos efeitos nas variáveis cardiorrespiratórias. Contudo, foram observadas alterações comportamentais nas diferentes doses de tramadol, sendo estes efeitos mais acentuados com a dose de 3,0mg/Kg. Com base na avaliação do limiar nociceptivo pelo analgesímetro digital, concluiu-se que o tramadol não possui potencial antinociceptivo em equinos. REFERÊNCIAS DHANJAL, K. J.; WILSON, D. V.; ROBINSON, E.; TOBIN, T. T.; DIROKULU, L.Intravenous Tramadol: effects, nociceptive properties, and pharmacokinetics in horses.Veterinary Anaesthesia Analgesia, v. 36, p.581-590, 2009. SILVA JÚNIOR, J.R., (85).Efeitos do tramadol isolado ou associado à xilazina em equinos (Doutorado em Clínica Médica Veterinária). Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, 2009. SINGH, S.; YOUNG, S. S.; McDONELL, W. N.; O´GRADY, M. Modification of Cardiopulmonary and Intestinal Motility Effects of Xylazine with Glycopyrrolate in Horses. Canadian Journal Veterinary Research, Ottawa, v.61, n.2, p. 99-107, 1997. |
Palavras-chave: Tramadol, Equinos, Analgesia. |