63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
CONSTRUINDO PRÁTICAS EDUCATIVAS - DIDÁTICAS APLICADAS À QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL
Juliana Alves de Araújo Bottechia 1, 2
Andréia Costa Tavares 1, 2
Kattia de Jesus Amin Athayde Figueiredo 1, 2
Reinaldo Vicentini Júnior 1, 2
Renato Ferreira dos Santos 1, 2
Robson Santos Camara Silva 1, 2
1. Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação – EAPE, Brasília/DF
2. Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEE-DF
INTRODUÇÃO:
Em 2010 ocorreu um momento histórico na rede pública de ensino do DF, no qual a totalidade das vagas oferecidas do quadro de acesso para os dois semestres da Educação de Jovens e Adultos foram preenchidas sem a necessidade de re-oferta de vagas e; esta modalidade da educação básica; reorganizou-se no cenário local e reafirmou-se como sendo um espaço de inclusão ainda mais significativo. Este cenário apontou a necessidade de realizar, em âmbito institucional, cursos de formação continuada para professores regentes da rede pública de ensino, que considerassem na especificidade e na natureza da EJA o seu ponto de partida, considerando os componentes curriculares de ensino: História, Português e Química. O curso “Construindo Práticas Educativas - Didáticas Aplicadas a EJA” reunia entre os objetivos propiciar uma formação continuada específica que discutisse a metodologia identitária para esta modalidade da educação básica; construir material didático adequado aos conteúdos químicos escolhidos pelos professores cursistas e socializar por meio da publicação de um Instrumento Metodológico de Ação Interventiva. O presente trabalho pretende apresentar as questões desveladas no referido curso, relacionadas à diversidade dos contextos de um ensino com qualidade social na escola pública.
METODOLOGIA:
No que tange ao desenvolvimento do curso conforme seu programa, as aulas direcionavam desde o início para a organização do IMAI por meio da pesquisa para a construção de um diagnóstico da situação-problema-desafio, suportado no próprio memorial-educacional-profissional de cada docente, a fim de propiciar sua identificação com a realidade do aluno-trabalhador que ele mesmo vivencia quando decide fazer um curso de formação continuada em tempo de serviço. A partir do contexto trazido pela experiência dos cursistas promovemos uma reflexão à luz das referências postas pelas políticas públicas voltadas para a EJA, bem como as políticas intersetoriais; as referências da teoria da aprendizagem sócio-histórica; os eixos do currículo no DF como letramento, diversidade; e a avaliação formativa. Para tanto utilizamos artigos científicos selecionados entre periódicos nacionais, construímos mapas conceituais, promovemos visionamento de vídeos para refletirem analiticamente a identidade da EJA na condição de modalidade da educação básica e realizamos a análise do currículo escolar da EJA, bem como de livros didáticos dos três segmentos para o DF. Os produtos sob a forma dos IMAIs foram apresentados na turma e encaminhados em versão digital para socialização interna da rede e futura publicação.
RESULTADOS:
Os resultados indicam que ao longo do curso vários elementos constituintes possibilitaram a busca de uma mudança de visão sobre o ensino disciplinar na EJA. Os professores debateram e confrontaram suas experiências com a realidade dos fazeres pedagógicos; expuseram a importância de agregar conhecimento propiciado pelo curso; em especial com a análise do currículo escolar e dos livros didáticos para EJA do DF. Recursos utilizados como o diagnóstico da situação-problema-desafio, o mapa conceitual e o IMAI foram responsáveis pela avaliação como “bom” e “excelente” por 100% dos professores. Apontaram os debates coletivos como responsáveis por revisitarem sua práxis pedagógica, modificada frente a realidade de atuação, concretizada com a elaboração dos projetos que tinham por objetivo pensar de forma sistematizada a realidade dos problemas escolares nas disciplinas; seguido de aprofundamento teórico-conceitual constitutivos de eixos temáticos da base comum e da específica, além de propor ação interventiva para solução de alguma das questões de modo significativo para começar a favorecer a transposição didática dos conteúdos químicos nesta modalidade; respeitando suas características identitárias para o aprofundamento da reflexão e busca de melhoria da qualidade social do ensino.
CONCLUSÃO:
Como os procedimentos teórico-metodológicos foram desenvolvidos a partir de um “per-curso” de aprendizagem, iniciado por um estudo prévio da realidade de trabalho e de sua própria história; o curso se constituiu em espaço de escuta sensível para a fala dos docentes na EJA que puderam se expressar em relação aos principais problemas enfrentados na modalidade quais sejam: a diversidade do corpo discente das salas de aula da EJA no DF que para além da heterogeneidade, se revelou na complexidade da fala dos docentes participantes. Outra situação desvelada é a limitação tanto pela inexistência de material didático de qualidade para o ensino nos três segmentos, quanto pela fragilidade do processo de definição curricular que apenas agora começa a se estabelecer como um direito da categoria. Podemos perceber ainda como um foco de angústia o não atendimento aos seus discentes por equipes de diagnóstico para apoiar os processos educacionais e é positiva a experiência do curso enquanto fórum de debate dos docentes que puderam trocar experiências com vista a elaboração de uma intervenção propositiva; elaborada a partir de dimensão específica da prática educativa escolar, da organização do trabalho pedagógico, ou mesmo de questões da política pública que impactasse nas escolas de EJA do DF.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem docente, Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores, Educação pública de qualidade social.