63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências |
POSSIBILIDADES E DIFICULDADES DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS PARA A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS |
Renata Priscila da Silva 1 Monica Lopes Folena Araújo 2 |
1. Mestranda em Ensino das Ciências – UFRPE 2. Profa. Orientadora - Depto de Educação – UFRPE |
INTRODUÇÃO: |
As atividades experimentais (AE) sempre tiveram um papel de destaque no ensino de Ciências. Mas, apesar de muitos professores de Ciências concordarem com a relevância das atividades experimentais, poucas vezes eles fazem uso das mesmas, e, quando o fazem, restringem seu uso ao operacionalismo. Compartilhando da definição trazida por Pedroso (2009) que delimita as AE como eventos planejados e controlados, que vão além da mera observação e buscam a compreensão do funcionamento ou organização do objeto ou fenômeno observado, percebemos que, como ferramenta de ensino, essas atividades possibilitam a construção e reconstrução de conceitos e estabelecem relações entre teoria e prática, seu uso deve ser por tanto incentivado. Partindo desse pressuposto, a presente pesquisa buscou identificar quais as possibilidades e dificuldades que os professores de Ciências encontram para utilizarem as atividades experimentais. Conhecer essas limitações é essencial para que estratégias para o emprego dessas atividades sejam desenvolvidas e alcancem êxito no processo de ensino-aprendizagem. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi realizada em outubro de 2010, com três professoras de Ciências de uma escola pública estadual, situada no Bairro de Dois Irmãos Recife-PE. A escola é considerada de médio porte e não possui laboratório de Ciências. Para fins de preservar o anonimato e facilitar o momento de análise dos dados, as professoras foram nomeadas em P1, P2 e P3. As docentes P1 e P3 possuem licenciatura em Ciências Biológicas e mais de 10 anos de experiência. A professora P2 é Bacharel em Ciências Biológicas e Doutora em Entomologia, com cerca de 5 anos de experiência em sala de aula. Utilizamos a metodologia interativa, pois esta permite uma postura mais crítica do pesquisador e uma maior interação entre entrevistador e entrevistado. O instrumento para coleta de dados foram entrevistas realizadas no âmbito do Círculo Hermenêutico Dialético proposto por Oliveira (2005). A análise dos dados foi feita de acordo com os preceitos da análise de conteúdo (BARDIN, 1977). |
RESULTADOS: |
Todas as professoras fazem uso de atividades simples, cujo material elas ou os alunos consigam trazer, já que a escola não dispõe. Mas há particularidades na realização das atividades. A professora P1, desenvolve AE para confirmação dos conceitos dos livros, numa perspectiva de AE como serva da teoria. A professora P2, realiza AE antes da explanação do assunto, para despertar o interesse, os alunos realizam pesquisas para encontrarem respostas, mas, na etapa final, a professora traz a resposta certa, o que evidencia sua crença nas AE como motivadora, sem que a curiosidade seja posta à prova num processo mais reflexivo. A professora P3, costuma realizar AE partindo de uma problemática que surge após uma discussão em sala, na qual há levantamentos de hipóteses e realização de experimentos para que a problemática seja resolvida (testagem das hipóteses) o que mostra flexibilidade e valorização dos saberes do educando. Como dificuldades as professoras apontaram falta de tempo para planejar e desenvolver as AE e falta de material e laboratório na escola. A falta de apoio da gestão e de outros professores constitui também entrave para a realização de AE, segundo as professoras. |
CONCLUSÃO: |
Ao final da pesquisa, percebemos que todas as entrevistadas realizam atividades experimentais só que em uma proporção menor do que elas gostariam. Não há uma receita única a ser seguida para desenvolver AE e a forma de uso dessas atividades está bastante a trelada às concepções de Ciência e de conhecimento do professor. O interessante é que se busque sempre fazer dessas atividades a possibilidade de desenvolver a criticidade do aluno. Para que isso ocorra é preciso formação continuada dos professores que estimule a produção do conhecimento e não a sua reprodução. Em relação às dificuldades apontadas pelas professoras, o tempo e a falta de condições materiais e estruturais na escola são muito citadas na literatura. A falta de apoio da gestão e de outros docentes como limitadora das atividades experimentais não foi encontrada na literatura consultada, constituindo uma via para demais pesquisas. |
Palavras-chave: Atividades Experimentais, Professores de Ciências, Ensino de Ciências. |