63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 10. Odontologia |
AVALIAÇÃO DA IMUNOEXPRESSÃO DE GRANZIMA B EM LESÕES E CONDIÇÕES CANCERIZÁVEIS DE BOCA |
Nathalia Caroline de Souza Lima 1 Andréia de Souza Gonçalves 1 Luis Gustavo Jaime Paiva 1 Nádia do Lago Costa 1 Aline Carvalho Batista 2 |
1. Departamento de Patologia Bucal, Faculdade de Odontologia – UFG 2. Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Patologia Bucal, Faculdade de Odontologia – UFG |
INTRODUÇÃO: |
O sistema imune tem importante papel no reconhecimento e destruição de células alteradas, através da liberação de grânulos protéicos citotóxicos, tais como perforina e granzima B (GB), por linfócitos e células NK. A principal função da proteína perforina é formar poros na membrana de células-alvo para facilitar a entrada da GB no citosol. No citoplasma a GB inicia a morte apoptótica da célula, principalmente, pela transformação direta de pro-caspases em caspases, destruição de proteínas necessárias para a viabilidade celular e ativação da proteína pro-apoptótica Bid, que envolve o processo mitocondrial de apoptose. Todavia, apesar do importante papel da GB no combate a células alteradas, assim como na destruição de células epiteliais no LP, não há na literatura estudos que avaliaram a expressão da GB em lesões cancerizáveis de boca. Desta forma, o objetivo desse estudo foi avaliar a expressão e distribuição de células GB+ em lesões cancerizáveis de boca, pois um melhor entendimento da imunidade que se desenvolve em tais lesões pode propiciar meios de proteção, reduzindo, portanto, as chances de que estas sofram malignização. |
METODOLOGIA: |
Foram empregadas as seguintes amostras do arquivo de blocos do Laboratório de Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia – UFG: 10 amostras de leucoplasia (LE) sem displasia (grupo 1); 10 de leucoplasia (LE) com displasia (grupo 2); 10 de queilite actínica (QA) (grupo 3), 10 de líquen plano (LP) (grupo 4) e 10 amostras de mucosa bucal clinicamente saudáveis (controle). O material foi corado pelo método de HE para a caracterização microscópica de acordo com a Organização Mundial de Saúde. As amostras, também, foram submetidas à técnica imunoistoquímica, com o método de identificação com polímero (Sistema Novolink, Novocastra, RE7280-K), para a identificação de GB utilizando o anticorpo monoclonal de camundongo anti-GB humana (11F1, Novocastra). A análise quantitativa foi realizada considerando as células positivas tanto na região intraepitelial quanto subepitelial, utilizando microscópio óptico contendo um retículo de integração em rede quadrada acoplado na objetiva de 40x. Foram analisados 10 campos alternados. Avaliou-se a densidade de células GB positivas por mm2. O resultado foi expresso como média ± DP e o valor de P<0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Os valores obtidos foram analisados através do teste não-paramétrico de Mann-Whitney. |
RESULTADOS: |
Neste estudo demonstrou-se que lesões potencialmente malignas de cavidade oral e de lábio possuem maior expressão de GB do que a mucosa clinicamente saudável, e esse aumento é significativo quando estas lesões apresentam displasia epitelial. Os resultados demonstraram, ainda, uma alta expressão de GB na QA quando comparada com os grupos de LEs e controle. Além disso, evidenciou-se uma expressão similar de GB no LP e na QA. A partir desses dados sugere-se que a QA, uma lesão potencialmente maligna cujo principal carcinógeno é a radiação UV, apresenta uma resposta imunológica citotóxica local mais efetiva do que as LEs. Os achados, também, revelaram uma maior expressão de GB nas células presentes na região subepitelial, em íntima associação com o revestimento epitelial, quando comparadas àquelas presentes na região intraepitelial. Recentemente, ZANCOPE et al. (2010) também evidenciaram maior expressão de linfócitos T CD8+ na região subepitelial de LEs e QA e, além disso, demonstraram relação positiva entre a densidade dessas células e a sobrevida de pacientes com CEC de boca. |
CONCLUSÃO: |
Dessa maneira, considerando o papel dos linfócitos T CD8 e da granzima B no combate às células alteradas e tendo em vista a pequena quantidade de estudos avaliando a expressão da protease em lesões potencialmente malignas de cavidade oral e lábio, o presente trabalho é de grande importância ao acrescentar conhecimentos à literatura científica. Sugerindo que a alta expressão de GB, na leucoplasia com displasia epitelial e na queilite actínica, pode indicar modificações no microambiente dessas lesões e possivelmente refletir em resposta imunológica citotóxica local mais efetiva. |
Palavras-chave: Lesões cancerizávies, Imunidade tumoral, Granzima B. |