63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
RELATO DE EXPERIÊNCIA: IMPRESSÕES DE UM BOLSISTA DO PIBID ACERCA DAS TURMAS EM AULAS DE QUÍMICA
Camila Fernandes Mari 1
Marcos Vogel 2
1. Graduanda em Licenciatura em Química - CCA-UFES
2. Prof. Msc/ Depto. de Zootecnia - CCA-UFES
INTRODUÇÃO:
O professor da escola básica, especialmente o de Química, tem como desafio equilibrar tempo de aulas limitado com: conteúdos teórico-científicos extensos, práticas laboratoriais, assuntos envolvidos em um currículo voltado às questões sociais, CTS, os quais englobam as relações entre a ciência suas tecnologias e implicações e impactos na sociedade, além de tentar promover práticas capazes de estimular a curiosidade do aluno.
Por isso, a formação inicial deste profissional deve ultrapassar os muros da universidade, devendo ser feita também na escola, a fim de ampliar a formação a partir de problemas práticos, uma vez que a escola é um local de muitas dificuldades e potencialidades.
No âmbito do projeto, PIBID, através de análise de textos que discutiam sobre ensino de química, desenvolveu-se uma interferência, cujo tema era “transformações químicas”. Assim, usando atividades de caráter motivacional, estabeleceu-se um processo de aula dialógica, ou seja, centrada nos conhecimentos e dúvidas dos estudantes, estimulada por questionamentos do bolsista.
O objetivo deste trabalho é apresentar as impressões de um bolsista do projeto PIBID acerca da diversidade existente entre turmas de mesmo nível e as dificuldades para iniciar uma intervenção dialogada na sala de aula de ensino de Química.
METODOLOGIA:
A intervenção na escola até o momento, aconteceu durante um período letivo e a equipe de bolsistas foi dividida em grupos para atender o máximo de turmas possível. Estes grupos trabalharam com monitorias no contraturno e com atividades práticas no laboratório da escola com o apoio do professor da disciplina.
Baseados na discussão de textos sobre experimentação problematizadora e sobre construção dialogada do conhecimento, um experimento de caráter motivacional e de baixo custo foi inserido no contexto escolar.
Optou-se então, em todas as aulas, por começá-las questionando os alunos sobre o que sabiam acerca da disciplina, observando como se relacionavam com os conceitos básicos sobre transformação e a realidade de seu contexto social. Dessa maneira, através de um diálogo, negociou-se a construção de conceitos sobre transformações químicas e posteriormente, sem esgotar o tema, foi proposto aos alunos a realização de uma experiência de combustão, com permanganato de potássio e glicerina sobre um algodão. Permitindo a estes discutir o tema a partir das evidências.
Todas as atividades realizadas com as turmas foram gravadas e relatadas. Em posse desses dados, foi feita uma análise comparando as interações ocorridas em diferentes turmas.
RESULTADOS:
Durante as aulas as turmas apresentaram alguns aspectos comuns, mas, em cada uma, a motivação dos alunos em geral para a participação foi muito diferente. Entre as cinco turmas de primeiro ano do ensino médio, duas se destacaram: uma por ter alunos bem interessados em participar da aula, dialogando com o bolsista; e outra por terem alunos que não viam utilidade e relevância em aprender química, totalmente apática frente aos questionamentos e também, para a nossa surpresa, aos experimentos.
Existem muitos fatores que podem explicar tal diferença entre as duas turmas e, um destes, pode ser a ordem da aula (teoria e depois prática), como também a motivação que segundo estudiosos, ela ou a falta dela a aprender química está relacionada com a facilidade ou não em aprendê-la, a forma como esta é apresentada e se o aluno vê utilidade ao estudá-la.
Eu, como bolsista, em reunião de formação, fiz o seguinte comentário: “fiquei frustrada e desmotivada diante da turma com a qual trabalhei, pois a maioria dos alunos quase não participou, além de comentarem que o meu esforço e a aprendizagem sobre a disciplina eram inúteis. Enquanto a turma de uma bolsista de outra equipe foi muito participativa.” Ressalto que, esse evento foi importante para entender a complexidade do ambiente escolar. Mesmo em uma mesma escola, com o mesmo perfil sócio-cultural de alunos, o planejamento de uma atividade precisa ser flexível, visto a grande diversidade de alunos presentes.
CONCLUSÃO:
Antes que o jovem professor possa tomar posse de sua profissão, é necessário que em sua formação inicial ele tenha a oportunidade experimentar formas diferentes ensino. Mas além de tentar ensinar os conteúdos de maneira significativa, reflexiva e coerente, este não pode ignorar fatores que motivam os alunos a aprender, tendo consciência que nem sempre as aulas práticas são o suficiente para que isto ocorra, visto que a ordem da aula, a facilidade ou dificuldade, o contexto do aluno e a identificação deste com o professor e com a disciplina influenciam diretamente em suas participações e aproveitamento.
Palavras-chave: Ensino de Química, Aulas dialógicas, Motivação.