63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Ormosia paraensis Ducke (FABACEAE)
Cândida Lahís Mews 1
Roberta Thays dos Santos Cury 1
Divino Vicente Silvério 2
Henrique Augusto Mews 3
1. Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM
2. Programa de Pós-graduação em Ecologia, Universidade de Brasília - UnB
3. Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, Universidade de Brasília - UnB
INTRODUÇÃO:
A gama de espécies com potencial para recuperação de florestas e áreas degradadas é bastante vasta, entretanto muitas espécies nativas não são incluídas em plantios heterogêneos devido às dificuldades para a produção de mudas. Entre os principais fatores que dificultam a produção de mudas em viveiro e as iniciativas de recuperação de áreas degradadas, destacam-se a dormência física ou fisiológica das sementes de algumas espécies e a falta de informação sobre a germinação e os substratos mais adequados ao estabelecimento das plântulas. Como consequência, frequentemente registra-se limitada riqueza de espécies em ações de reflorestamentos, ocasionando plantios bastante homogêneos que podem não favorecer espécies pertencentes a diferentes grupos ecológicos. Além disso, tais limitações dificultam também a determinação dos tratamentos pré-germinativos e dos regimes de irrigação e adubação mais adequados para garantir elevada germinação das sementes e vitalidade das plântulas. Buscando atender parcialmente esta demanda, o objetivo do presente estudo foi avaliar a germinação de sementes de Ormosia paraensis Ducke, uma espécie nativa e de ampla distribuição geográfica, submetidas a quatro diferentes tratamentos pré-germinativos e combinadas em diferentes substratos.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no viveiro do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM (13º04'35" S e 52º23'08" W), Fazenda Tanguro, Querência-MT. Foram utilizadas 1.800 sementes de O. paraensis coletadas no solo, sob matrizes em um trecho de floresta preservada. Foram avaliados quatro tratamentos pré-germinativos: (1) escarificação mecânica na região oposta ao eixo embrionário, com lixa nº 120, (2) escarificação mecânica com embebição em água em temperatura ambiente por 24 horas, (3) choque térmico, submetendo as sementes à água quente (100ºC) por 25 minutos e, posteriormente, à água gelada (5ºC) durante 25 minutos e (4) tratamento controle. As sementes tratadas foram plantadas em três diferentes substratos: areia, serragem e solo florestal. Em cada substrato foram utilizadas três réplicas de 50 sementes para cada tratamento pré-germinativo (n=12 por substrato e n=9 por tratamento). A germinação foi avaliada em intervalos de sete dias até o final do pico de germinação. Foram consideradas germinadas as sementes com plântulas emergentes na superfície do substrato. Foi realizada uma ANOVA fatorial para testar interação entre tratamentos e substratos, e ANOVA de um fator seguida de teste de Tukey (p<0,05) para comparação de médias dentro dos tratamentos e substratos.
RESULTADOS:
Não houve interação significativa entre os tratamentos pré-germinativos e os tipos de substratos (F=2,070; p=0,094). A germinação das sementes de Ormosia paraensis também foi semelhante para os diferentes substratos utilizados, não havendo diferenças significativas entre eles (F=2,371; p=0,113). Entretanto, foram significativas as diferenças entre os diferentes tratamentos pré-germinativos (F=99,495; p<0,001). As taxas de germinação do tratamento com escarificação mecânica associada à embebição em água (36,4%) e do tratamento com escarificação mecânica (28,4%) não diferiram entre si, porém foram significativamente maiores em relação aos tratamentos choque térmico (0.2%) e controle (2.2%). Os tratamentos de escarificação aumentaram a germinação em 15 vezes e reduziram o tempo médio de germinação em mais de 30 dias em relação ao tratamento controle, indicando que a escarificação constitui um método viável para superação da dormência em sementes de O. paraensis.
CONCLUSÃO:
Entre os diferentes tratamentos pré-germinativos testados em condições de viveiro, a escarificação mecância com ou sem embebição em água foi o método mais eficiente na superação da dormência tegumentar apresentada pelas sementes de Ormosia paraensis. O emprego de tal tratamento permite aumentar a capacidade e a velocidade da germinação, independentemente dos substratos utilizados. Os resultados apresentados neste estudo fornecerão subsídios para novas pesquisas sobre a quebra de dormência em sementes duras e informações úteis à produção de mudas de Ormosia paraensis, visando iniciativas relacionadas ao reflorestamento.
Palavras-chave: Quebra de dormência, Reflorestamento, Tratamentos pré-germinativos.