63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física |
MAPEAMENTO DE FITOFISIONOMIAS DA FAZENDA NHUMIRIM, PANTANAL DA NHECOLÂNDIA, MATO GROSSO DO SUL |
Luciana Graci Rodela 1 Sandra Aparecida Santos 2 José Pereira de Queiroz Neto 3 Viviane Mazin 4 |
1. Universidade Nove de Julho 2. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Pantanal 3. Universidade de São Paulo 4. Arcplan Geoprocessamento |
INTRODUÇÃO: |
O Pantanal é uma região de encontro de tipos de vegetação tropical: florestas e cerrados, cujas distribuições são influenciadas por diversas características ambientais, especialmente inundações, que se diferenciam em intensidade, duração, profundidade, alcance e gênese em toda a região. A pecuária de corte, principal atividade econômica da região, utiliza principalmente as pastagens nativas, isto é, campos e cerrados, como base alimentar para o gado. Na sub-região da Nhecolândia, especialmente na fazenda Nhumirim, a distribuição de fitofisionomias é influenciada pela habitualidade em que o solo se mantém úmido/seco, em função das chuvas. A fazenda, a aproximadamente 18o59’S e 56o39’O, pertence à Embrapa Pantanal; de modo geral, se caracteriza pela conservação e representatividade de ambientais característicos da Nhecolândia, no que se refere à pecuária, à vegetação (campos, cerrados e florestas) e ao relevo (baias, salinas, cordilheiras e vazantes) atraindo, de forma importante, a fauna silvestre. A presente pesquisa apresenta resultados de mapeamento 1:30.000, de fitofisionomias da fazenda Nhumirim, levantamento da flora dominante e discussões sobre a distribuição da vegetação e seus ambientes, podendo servir de base a diversos temas de pesquisas em realização sobre a área. |
METODOLOGIA: |
A área mapeada, a fazenda Nhumirim e seus arredores, totalizou 14.641,97 ha. O mapa de fitofisionomias foi realizado com base em interpretação de imagens de satélite digital Landsat-7, composição RGB-345, órbita/ponto 226/74. As imagens utilizadas representam períodos de sazonalidade, considerando-se as estações do ano e o balanço hídrico de Thornthwaite-Mather para a área (período de 21 anos), sendo uma imagem de período de seca (abril) e outra de umidade (setembro) no solo. A escolha de imagens/bandas associou-se à qualidade, adaptação à interpretação visual e aplicabilidade das bandas à radiação eletromagnética. A interpretação foi feita em escala 1:20.000 na tela do computador, em programa ArcView 3.2, com alternância de sobreposição das imagens, para identificar campos inundáveis. Simultaneamente, houve interpretação de fotografias aéreas preto e branco 1:15.000, números 42165, 42914 e 42915 (Embrapa, junho/1965). O mapa final foi apresentado em escala 1:30.000. Realizaram-se 58 dias de trabalhos de campo, distribuídos em diferentes períodos sazonais. Foram realizadas 627 amostragens de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas caracterizadoras e indicadoras das fitofisionomias propostas e, com o apoio do Herbário da Embrapa Pantanal houve a determinação de espécies/gêneros. |
RESULTADOS: |
As fitofisionomias mapeadas foram: Cerradão e floresta estacional; Cerrado stricto sensu; Campo cerrado; Campo sujo/limpo; Campo sazonal; Campo úmido; Carandazal (carandá, Copernicia alba); Campo limpo de salina. 20,79% da área mapeada é de florestas com predominância de Scheelea phalerata (cerradão e floresta estacional, que por apresentar distribuição em faixas estreitas, em hidroseres, não se pode distinguir em escala 1:30.000), 21,85% são campo cerrado e cerrado stricto sensu (onde dominam, p. ex.: Byrsonima orbignyana, Curatella americana, etc.), 14,74% são campos limpos/sujos em solos habitualmente secos, predominando, p. ex. Mesosetum chaseae, Waltheria communis, Elyonurus muticus, etc.), 28,46% são campo sazonal (campo limpo/sujo em solos que sofrem ressecamento no período de estiagem e encharcamento do período de chuvas, onde predominam, p. ex.: Axonopus purpusii, Andropogon bicornis, Setaria geniculata, Richardia grandiflora, Cyperus brevifolius, etc.) e 10,54% são campo úmido (o solo habitualmente permanece úmido/encharcado, e predominam, p. ex.: Scleria leptostachya, Reimarochloa brasiliensis, Heliotropium filiforme, Leersia hexandra, Hymenachne amplexicaulis, etc.). 3,57% da superfície são áreas perenes (383 baías, 4 salinas e um trecho da vazante do Riozinho). |
CONCLUSÃO: |
A vegetação da fazenda Nhumirim inclui-se no domínio do Cerrado, devido a sua estrutura e composição florística. As fitofisionomias apresentam distribuição labiríntica, proporcionada pela influência/alcance habitual das inundações, formando séries de tipos de campos geralmente circulares, em torno de lagoas, e grandes capões alongados de florestas e cerrados, acompanhando cordilheiras. Entremeiam-se pequenas manchas de campos cerrados. A interpretação de imagens sobrepostas possibilitou a verificação das diferenças de umidade em ambientes pedológicos entre períodos sazonais. A topografia local pode ser subentendida através do mapa de fitofisionomias, sendo as áreas de campo úmido as mais baixas (entornos de baías, vazantes, etc.), as áreas de campo sazonal, intermediárias, e as áreas de florestas e cerrados, mais elevadas (cordilheiras). As famílias Poaceae, principalmente, Cyperaceae, Sterculiaceae, Leguminosae, Rubiaceae, Asteraceae, Euphorbiaceae, Arecaceae, Malpighiaceae, Annonaceae, Scrophulariaceae, Labiatae e Bromeliaceae foram as mais importantes. A maior diversidade de espécies foi encontrada nos campos sazonal e úmido e a menor diversidade nas florestas e no campo limpo de salina. M. chaseae e A. purpusii, de alto valor nutritivo para bovinos, são amplamente distribuídas. |
Palavras-chave: Pantanal da Nhecolândia, Mapa de fitofisionomias, Levantamento florístico. |