63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
Bullying no cotidiano de uma Escola Pública do Ensino Fundamental (Zona Leste de Manaus-AM)
Yana Prestes Simão 1
Sandra Beltran-Pedreros 2
1. Licenciada em Educação Física Faculdade La Salle Manaus
2. Profa. M.Sc./ Orientadora – Coordenação de Pesquisa, Faculdade La Salle Manaus
INTRODUÇÃO:
A violência é um crescente problema de saúde pública, com conseqüências individuais e sociais, em especial para os jovens que aparecem como os que mais morrem e os que mais matam. É consenso que a violência pode ser evitada, seu impacto minimizado e os fatores que contribuem para respostas violentas mudados. A violência ocorrida dentro das escolas era tratada apenas como falta de disciplina, formas de delinqüência juvenil e comportamento anti-social. Na atualidade o problema é visto como fenômeno social que necessita de estudos mais elaborados para sua total compreensão. O Bullying é um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica, assim como uma ação de transgressão individual ou de grupo, que é exercida de maneira continuada, por um indivíduo ou grupo sobre uma vítima predeterminada. Este trabalho analisou o fenômeno Bulliyng e suas possíveis causas na busca de estratégias de intervenção que auxiliem aos docentes na prevenção do problema no ambiente escolar. A escola é palco das interações sociais entre seus alunos, porem essas relações se dificulta pela ocorrência desenfreada do Bullying. O fenômeno ocasiona trágicas conseqüências na formação social, emocional e física dos alunos, daí se tira a importância de pesquisar e estudar sobre tal tema.
METODOLOGIA:
A pesquisa exploratória norteada dedutivamente foi realizada em escola da rede municipal de ensino da zona Leste de Manaus (AM), que atende crianças no ensino fundamental de 1° ao 5° ano nos turnos matutino e vespertino. A escola foi escolhida por estar num bairro de alto risco social, com elevados índices de violência e pela solicitação da diretora da escola, que identificou o bullying como outro fator que influencia a formação social, física, psíquica e emocional do aluno. A população foi composta por 20 alunos de 2 turmas do 2° e 3° ano, selecionada pela técnica de amostragem aleatória sistemática, onde foram selecionados cinco alunos correspondentes aos múltiplos de 5 que constavam na lista de freqüência em cada turma, mantendo a proporção 1:1 para gênero. A idade dos alunos estava entre 7 e 12 anos. Doze docentes com idade entre 20 e 45 anos participaram; 77% com curso de graduação conclusos os outros estão em andamento. Só 2 professores possuem curso de especialização e o tempo médio de profissão foi 6,6 anos. Questionários adaptados de Pingoello (2009) para professores e de Oliveira (2007) para alunos foram aplicados de forma individual e sigilosa.
RESULTADOS:
58% dos docentes identificaram exclusão de alunos dos grupos de convivência na sala de aula. Os meninos estão mais envolvidos em bullying que as meninas (75%), sofrendo empurrões (13%), desinteresse (13%), implicância (11%), apelidos, agressão física e verbal e danos a material tiveram 8% cada. Comportamentos considerados como inadmissíveis (67%), parcialmente aceitos (8%) e brincadeiras próprias da idade (8%) pelos docentes. Nenhum professor tem recebido treinamento sobre o bullying, dificultando a identificação do fenômeno e deixando-o sem suporte no atendimento aos conflitos. O pouco conhecimento sobre a forma como fenômeno se apresenta e se propaga contribui com a omissão de casos e na tentativa de solucionar o problema, elevando a sensação de impunidade dos agressores e de insegurança nos alunos. Os alunos se vêm 22% bonitos, 18% magros, 15% quietos, 13% sociáveis, 10% agitados, 9% pouco sociáveis, 6% gordos, 4% inseguros e 4% feios; sendo que 46% afirmam que seus melhores amigos estão na escola e 43% na rua em que moram, mas os não amigos também estão na escola (73%) e 27% na rua. 40% dos alunos declararam a aula como o momento mais desagradável e 30% reconheceram não ter boas relações com os colegas, ainda que 40% já brigou com colegas e 55% já foi intimidado.
CONCLUSÃO:
Os docentes possuem pouco conhecimento sobre o assunto dificultando a percepção do sofrimento enfrentado pela vítima. Os resultados da pesquisa apontam a ocorrência do Bullying na convivência escolar como algo comum e aceitável por passar despercebido no cotidiano, tornando cada vez mais distante a relação educador aluno. Torna-se indispensável que os docentes estejam preparados para lidar com os conflitos escolares, pois ao possuírem tais habilidades tornará mais fácil elaborar estratégias para a diminuição do fenômeno, não só intervindo na ocorrência do Bullying, como também fazendo com que as crianças tomem conhecimento do assunto, contribuindo assim para o melhor desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem, superando o senso comum e encarando a realidade escolar. A escola deseja enfrentar o Bullying e por falta de conhecimento sobre a gravidade do assunto, nada vem fazendo para a diminuição de sua ocorrência. Os alunos acreditam possuir bom relacionamento com os colegas de classe, embora citem que é nesta mesma classe que se encontram os colegas que os intimidam, deixando a sala de aula como o momento menos agradável na escola.
Palavras-chave: Bullying, Violência Escolar, Educação Física escolar.