63ª Reunião Anual da SBPC |
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes |
Desenvolvimento motor em crianças de 3 a 5 anos em risco social |
Lorena Auzier Batista 1 Sandra Beltran Pedreros 2 |
1. Licenciada em Educação Física Faculdade La Salle Manaus. Aluna do Curso de Docência Universitária Faculdade La Salle Manaus 2. Profa. M.Sc./ Orientadora – Coordenação de Pesquisa, Faculdade La Salle Manaus |
INTRODUÇÃO: |
O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela aquisição de habilidades motoras que possibilita à criança domínio do seu corpo, locomover-se e manipular objetos. As brincadeiras são responsáveis por estimular o desenvolvimento cognitivo, motriz e sócio afetivo, por isso, a Educação Infantil é o momento de interação da criança com o mundo, com todos os que a cercam e com ela mesma. A seqüência de progressão dos estágios de maturidade motora é a mesma para a maioria das crianças, mas o ritmo variará dependendo de fatores hereditários e ambientais. Na parte ambiental, crianças que se desenvolvem em condições de risco social (alta prevalência de doenças e violência, má alimentação, educação e moradia) têm maior chance de apresentar atrasos e dificuldades em seu potencial de crescimento, principalmente, no desenvolvimento motor e cognitivo. Assim a pesquisa objetivou avaliar o desenvolvimento motor de crianças de 3 a 5 anos em risco social de um Centro Municipal de Ensino Infantil da zona Leste de Manaus (AM). A necessidade de compreender melhor a importância de um bom desenvolvimento motor na infância e sua função no desenvolvimento cognitivo e sócio afetivo da criança em risco social torna o trabalho do professor de educação física uma ação fundamental. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa indutiva, descritiva qualitativa de abrangência zonal com aplicação regional, foi realizada na escola CMEI Umberto Calderaro, que atende mais de 200 crianças, das quais compõem a amostra 61 crianças (38 meninas e 23 meninos). O desenvolvimento motor grosso e fino foi avaliado mediante 10 testes-tarefas na escala satisfatório, regular e fracasso. Adicionalmente as mães foram entrevistadas sobre o histórico do desenvolvimento motor da criança desde o nascimento e as crianças foram medidas e pesadas. Finalmente foram realizadas observações ad libitum das crianças durante as atividades lúdicas, para verificar a influência do ambiente no desenvolvimento motor da criança, já que atividades, consideradas testes, podem gerar algum grau de ansiedade ou timidez na criança levando a um desempenho mais baixo de fato. Os riscos sociais foram indagados mediante observação direta do ambiente nos aspectos de saneamento básico, urbanismo, moradia, emprego e segurança. Os inquéritos foram quantificados como freqüência absoluta e relativa por idade e gênero para tratar de verificar a existência de níveis de desenvolvimento motor com suas possíveis causas. Foi calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC) de cada criança e definido o estado nutricional segundo as tabelas do WHO (2006). |
RESULTADOS: |
Das crianças 90,2% nasceram de 9 meses de gestação, 73,8% por parto cesariano, 67,2% não tinham dado de índice APGAR e nenhuma mãe conhecia o significado desse índice; 4,9% foi amamentada máximo 48 meses e 19,7% por menos de seis meses; 84,2% das meninas e 65,2% dos meninos tiveram peso normal, os restantes abaixo do peso. A motricidade global durante o primeiro ano de vida foi mais precoce nos meninos. A motricidade grossa acompanhou o crescimento, porém a fina se apresentou mais tardiamente. Os testes de desenvolvimento motor indicaram que as crianças acompanham o estágio de maturidade da sua idade, 50% tiveram desempenho satisfatorio, mas em duas das três habilidades motoras finas foi regular e/ou com fracaso de realização. Foi observado que os brinquedos usados pela criança estimulam a motricidade grossa, mas brinquedos ou atividades para o estímulo da motricidade fina (uso de talheres, sapatos com cadaço, roupas com botões, jogos de encaixe) foram pouco observados e não faz parte do interesse dos pais dar brinquedos educativos. As professoras relataram dificuldades no desenvolvimento da linguagem escrita e verbal. O risco social do ambiente observou-se na ausência de saneamento básico e espaço público, alta criminalidade e desemprego, e desestrutura familiar. |
CONCLUSÃO: |
As crianças desta pesquisa, envolvidas em um ambiente de risco social, apresentaram estágios de maturidade motora, em geral, acorde com a idade, ainda que com falta de habilidade motora relacionada com o aperfeiçoamento dos movimentos. Esses problemas foram mais evidentes nas meninas e, em especial em três crianças de 4 anos cujas dificuldades e/ou fracasos na execução das tarefas os classificam no estágio inicial do desenvolvimento motor. Cabe destacar que os maiores problemas estão na motricidade fina. O ambiente social não oferece espaços adequados e seguros para a estimulação (parque infantil e brinquedos para brincadeiras que ajudem a desenvolver a motricidade fina), e o desconhecimento dos pais sobre o tema dificulta mais ainda o processo. É reconhecida a importância da motricidade, em especial a fina, para o desenvolvimento da linguagem escrita e verbal. Assim, tornam-se fundamentais políticas que garantam a presença do professor de Educação Física, que em conjunto com a escola e sociedade ajude a combater o impacto do risco social no desenvolvimento infantil acompanhando o desenvolvimento integral da criança, detectando, prevenindo, e solucionando problemas. |
Palavras-chave: Risco social, Desenvolvimento motor infantil, Educação física infantil. |