63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
MICRONUTRIENTES NA CANA-DE-AÇÚCAR IRRIGADA NO ESTADO DE ALAGOAS: CORREÇÃO DO SOLO COM ESCÓRIA SIDERÚRGICA
Lúcio Bastos Madeiros 1
Magda Renata Marques Diniz 2,3
Magnus Roberto Diniz Júnior 5
Victor Martins Parízio Guabiraba 4
1. Prof. Dr. - IFAL
2. Profa. - IFAL
3. mestranda UFRN
4. Aluno do curso superior em Gestao Ambiental - IFAL
5. Aluno da UFRN
INTRODUÇÃO:
No Brasil, a área ocupada com a cultura da cana-de-açúcar é de aproximadamente 9,0 milhões de hectares
(CONAB, 2008). Quantidade adequada de água irrigada deverá minimizar o desperdício de água, perdas de elementos essenciais e benéficos existentes na química do solo. Os efeitos benéficos do silício (Si) têm sido demonstrados em várias espécies vegetais, como é o caso da cana, especialmente, quando estas plantas são submetidas a algum tipo de estresse, seja ele de caráter biótico ou abiótico, como o caso do estresse hídrico sofrido pelos canaviais que são cultivados com pouca água, na região Nordeste, durante os longos meses de estiagem sofridos por esta gramínea. dentre os produtos como fonte de Si, tem-se a escória de siderurgia, pois a cada quatro toneladas de ferro-gusa produzidas no Brasil, é gerada, em média, uma tonelada de escória de alto forno (COELHO, 1998). Segundo Louzada (1987), algumas escórias, pelos seus altos teores de micronutrientes, poderiam substituir o FTE (fonte de micronutrientes), com a vantagem de liberar mais rapidamente o silício, além de exercer efeito de calagem no solo. Dantas Neto et al (2006), estudos cana irrigada no Estado da Paraíba com aplicações de N e K2O, promovendo aumento na sacarose da cana-de-açúcar. Objetivou-se quantificar os micronutrientes da cana-de-açúcar e o pH do solo à aplicação de escória siderúrgica submetida a diferentes quantidades de águas em condições de campo no município de São Sebastião, estado de Alagoas.
METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido no município de São Sebastião – AL. As análises de micronutrientes do solo foram realizadas segundo metodologia da EMBRAPA (2005). Para a análise de silício no solo usou-se o método de Elliott e Snyder (1991). Utilizou-se a escória de siderúrgica com a seguinte composição: SiO2, CaO, P2O5; K2O; Fe2O3; S-SO3 e MnO com 23,0; 47,7; 0,42; 0,19; 11; 0,37 e 1,8 dag kg-1, respectivamente, e pH = 9,8. Dos 25 tratamentos constituídos, tem-se: 5 doses de escórias siderúrgicas E1 = 0; E2 = 1000; E3 = 2000; E4 = 3000 e E5 = 4000 kg de escória por hectare e 5 lâminas de água, sendo no primeiro corte (cana planta) L5 = 1226, L4 = 1260, L3 = 1292, L2 = 1328, L1 = 1362 mm; e no segundo corte (cana soca) 692, 787, 920, 1167 e 1338 mm. Referidos valores corresponderam à soma da precipitação pluvial total no período mais as aplicações de irrigação. As irrigações foram realizadas em turnos de rega fixos, uma vez por semana quando necessário. Utilizou-se um esquema de faixas, subdivididas em blocos casualizados, com quatro repetições, sendo as faixas, as doses de escória e as subfaixas, as lâminas de irrigação, totalizando 100 parcelas experimentais com área útil de 24m2 cada uma. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias, entre as cultivares, foram comparadas entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, e análise de regressão para as doses escória quando necessária. Analisaram-se as variáveis pelo programa estatístico SAS.
RESULTADOS:
Os micronutrientes Zn, Cu, Fe e Mn foliares da cana planta e soca variaram, significativamente, devido à aplicação de escórias, no entanto à aplicação de diferentes lâminas apenas a concentração de Mn, na cana planta, e Cu, na cana soca, teve efeito significativo. Os micronutrientes Zn, Fe e Mn, na cana planta, e Zn e Mn, na cana soca, foram afetados pela ação conjunta de escórias versus lâminas. O pH do solo incrementou, de forma linear, 0,181 e 0,201, após o corte da cana planta e soca, respectivamente, por tonelada de escória aplicada no solo. Estes mesmos resultados foram observados por Madeiros (2004) com a cultivar RB72454 de cana-de-açúcar cortada aos 90 dias após a germinação com aumento no pH de forma linear. A aplicação de escória resultou num decréscimo de 0,74 e 12,95 mg kg-1 de cobre e ferro na folha da cana planta. No entanto, no segundo corte, apenas o elemento ferro se ajustou de forma linear e decrescente em 14,52 mg kg-1. O aumento no pH, devido à presença desta escória, possivelmente, promoveu menor disponibilidade de micronutrientes como o Fe e Cu no solo. Houve aumento linear de 2,25 mg kg-1 de zinco na folha, na cana planta. Com o segundo corte, o modelo que se ajustou foi quadrático, a maior dose, 4 toneladas de escória, resultou em 215,24 mg kg-1. Estas diferenças podem estar relacionadas com as variações de eficiências de utilização e absorção desses micronutrientes pelas cultivares (EPSTEIN; BLOOM, 2006).
CONCLUSÃO:
Verificou-se aumento do pH no solo após os dois cortes da cana-de-açúcar. A aplicação de escória, após o primeiro corte da cana, promoveu aumento na concentração de Zn na folha; no entanto, Cu e Fe diminuíram. Após o segundo corte, as concentrações de Zn aumentaram, e apenas o Fe diminuiu. A quantidade de Mn resultou em efeito interativo e diminuiu devido à presença de escória no solo após o primeiro e segundo cortes. Quando o fator foi lâmina, após o primeiro e segundo corte, houve aumento deste elemento.
Palavras-chave: Cana-de-açúcar, Quantidade de água, Escória.