63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO DE CRIANÇAS SURDOCEGAS E CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA E DO DESIGN ASSISTIVOS
Janaína Cheim Alves 1
Vagner Rogério dos Santos 2
1. Pesquisadora do Programa de Extensão em Pesquisa de Tecnologia e Design Assistivo da UNIFESP, São Paulo.
2. Prof. Dr./ Orientador - Departamento de Oftalmologia, Setor de Bioengenharia Ocular- UNIFESP, São Paulo.
INTRODUÇÃO:
O uso da tecnologia e do design assistivos para a inclusão de pessoas portadoras de
deficiência são áreas de estudo novas e bastante promissoras.

A tecnologia assistiva é a área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. O Design Assistivo visa agregar à tecnologia fatores estéticos e de usabilidade com o objetivo de romper com as barreiras oriundas do preconceito e estimular a utilização por meio da valorização da estética e da funcionalidade. Ambos podem auxiliar esta parcela da população a conseguir maior comodidade na realização de tarefas do cotidiano.
Este estudo aborda o processo de aprendizado e comunicação de crianças com surdocegueira deficiência que compromete em diferentes graus os sentidos da audição e visão. Propõe-se o desenvolvimento de um conceito de design assistivo relacionando as tecnologias assistivas e os possíveis benefícios que essas podem trazer à vida das crianças surdocegas.
METODOLOGIA:
O entendimento das necessidades desses indivíduos concretizou-se com as análises
de informações extraídas das revisões bibliográficas referentes às crianças com
surdocegueira e seus processos de comunicação. Realizou-se pesquisa de campo
de produtos assistivos, tecnologias de estimulação tátil e conceitos de design.
Após a coleta de dados foram traçadas as relações existentes entre as necessidades
das crianças surdocegas, os produtos e as tecnologias existentes para a
conceituação de um novo produto de design assistivo.
RESULTADOS:
O levantamento de dados nos permite concluir que existe uma insuficiência no
desenvolvimento de tecnologias e conceitos de design assistivos para crianças
surdocegas. Os produtos comercializados são criados para pessoas cujos processos
de comunicação estão desenvolvidos e o aprendizado de uma linguagem já está
sedimentado. Observou-se necessário o desenvolvimento de uma solução com
conceito wearable tátil , ou seja, um dispositivo com interação ou resposta tátil que possa ser utilizado no corpo. Podendo ser caracterizado por roupas, sapatos ou qualquer acessório vestível.
O dispositivo proposto tem a função de auxiliar a criança surdocega e o professor no
estabelecimento da rotina para que o aprendizado possa ser realizado em condições
mais propícias. A alternativa desenvolvida foi a criação de um produto assistivo que
pudesse ajudar a criança a se situar no tempo, de acordo com os referenciais das
suas atividades diárias, facilitando seu desenvolvimento e autonomia. A proposta de
design assistivo também ajudará a criança a ter uma antecipação das atividades do
cotidiano, a serem realizadas, assim como maior desenvolvimento do conceito de causa e consequência das ações. Desta maneira propõe-se a criação de Tips: um
wearable tátil que fornece pistas temporais e de atividades para crianças surdocegas.
CONCLUSÃO:
Pouca ou quase nenhuma existência de tecnologias e design asssistivos para
surdocegos explicita a relevância do estudo na sugestão de caminhos e soluções que
venham ajudar na melhoria da qualidade de vida dessas crianças. Foram
apresentadas as soluções tecnológicas e conceituais que têm potencial para serem
usadas positivamente facilitando o relacionamento dos surdocegos com o ambiente
ao seu redor.
Espera-se que o uso de tecnologia tátil, juntamente com o conceito
de produto wearable, pensados contextualmente para a realidade das crianças
surdocegas, auxilie no melhoramento do processo de aprendizado e percepção do
mundo.
Palavras-chave: Design-Assistivo, Tecnologias Assistivas, Crianças Surdocegas.