63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
CONTROLE DO DIABETES EM PACIENTES ACOMPANHADOS POR UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE SAÚDE
Hélio de Souza Júnior 1
Sandra Aparecida Benite-Ribeiro 2
1. Campus Avançado de Jataí, Universidade Federal de Goiás – UFG
2. Profa. Dra./ Orientadora – Campus Avançado de Jataí, Universidade Federal de Goiás – UFG
INTRODUÇÃO:
A prática de maus hábitos alimentares associada ao sedentarismo pode elevar a probabilidade do desenvolvimento de sobrepeso ou obesidade que, por sua vez, são fatores de risco de várias doenças crônicas, tais como diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o DM tipo 2 é caracterizado pela contínua produção de insulina pelo pâncreas, associado a incapacidade de absorção de glicose pelas células, que deste modo não conseguem suficientemente metabolizar a glicose presente na corrente sanguínea. Visando o controle do DM o Ministério da Saúde Brasileiro vem implantando programas de prevenção no sistema básico de saúde que visam conscientizar as pessoas sobre a importância de manter uma dieta alimentar hipocalórica (DHC) e a prática regular de atividade física (AFR). Em Jataí – GO tem sido realizado um programa de apoio ao paciente com diabetes desde o ano de 1998. O presente trabalho analisou os dados coletados pela equipe de saúde do Programa de Educação e Controle de Diabetes da Secretaria Municipal de Saúde, durante os anos de 2002 a 2004, com os objetivos de: 1)caracterizar os pacientes e sistematizar os resultados obtidos; 2)investigar os efeitos da prática de AFR e da DHC no controle da glicemia e da massa corporal dos pacientes.
METODOLOGIA:
O estudo consistiu na compilação de dados dos prontuários de 102 pacientes adultos do Programa de Educação e Controle do Diabetes da Secretaria Municipal de Saúde, de ambos os sexos diagnosticados como portadores de diabetes tipo 2, no período de 2002 até 2004. Os dados compilados dos prontuários foram: identificação, idade, Glicemia (GL) pós prandial, uso de medicamentos para controle da GL, altura, massa corporal e índice de massa corporal (IMC), relatos individuais quanto ao uso de álcool, tabaco, presença de DM na família, prática de AFR regular e de DHC. A GL foi considerada descompensada quando estava acima de 180 mg/dL e sobrepeso ou obesidade, IMC ≥ 25 Kg/m2. As prevalências pelo teste do Qui-Quadrado na primeira consulta. Para a análise longitudinal, durante os 36 meses de estudo, foram eleitas 3 consultas separadas por um intervalo de quatro meses. Nestas análises foram avaliados os efeitos da prática de AFR e de DHC sobre o IMC e a GL, sem divisão dos pacientes por sexo ou faixa etária (ANOVA para amostras repetidas, complementada por Bonferroni). Os dados foram analisados por meio do programa Prism, 1999, GraphPad Software Inc., San Diego CA. O nível de significância adotado para as análises foi de 5 %.
RESULTADOS:
Foi observada prevalência de mulheres (62,8%), de pacientes na faixa etária de 40 a 69 anos (76,8%), de não tabagistas (75,5%), de não alcoolistas (85,9%), de não usuários de insulina (79,3%) e de usuários de antidiabéticos orais (86,9%). Nas análises das médias de IMC (M±DP), divididos pelo gênero, só foi encontrada diferença na 1ª consulta, na qual as mulheres apresentaram IMC significativamente maior do que os homens (feminino: 30,6 ± 6,8 e masculino: 26,8 ± 4,1, P<0,05). Em relação à GL, não foram encontradas diferenças entre os sexos em nenhuma consulta. A caracterização da amostra em todas as outras consultas analisadas mostrou a prevalência de mulheres e de usuários de antidiabéticos orais. Houve também prevalência de praticantes de AFR na quarta consulta (69% vs 30,8%) e de praticantes de DHC na quinta (76,2% vs 23,8%) e na oitava (90% vs 10%) consultas. Foi observado que a prática de AFR e da DHC foram eficazes ao reduzir GL na 3ª consulta (225.6 ± 41.9 e 305,6 ± 54,6). Foi possível parear, com um N satisfatório, o IMC e a GL em somente 3 consultas. Sendo assim a análise longitudinal mostrou redução da GL nas 2ª (186,8 ± 89,15) e 3ª (201,1 ± 109,3) consultas em relação à 1ª (284,1 ± 133,1), e do IMC na 3ª consulta (27,02 ± 5) em relação à 1ª (27,85 ± 5).
CONCLUSÃO:
Apesar de, mesmo nas últimas consultas, os pacientes ainda apresentarem valores médios de glicemia e de IMC além dos valores normais de referência, consideramos que o Programa de Educação e Controle de Diabetes do Município de Jataí – GO por meio do acompanhamento e do fornecimento de medicação foi de grande importância para o controle do DM dos pacientes. Consideramos também que o presente trabalho forneceu importante auxílio à equipe do programa de apoio ao diabético da secretaria de saúde de Jataí, ao detectar seus benefícios e suas falhas. Para melhor sistematização dos resultados, seria de grande valia que a equipe multidisciplinar adotasse outras medidas antropométricas, tais como a circunferência da cintura e do quadril, além de registros mais metódicos nos prontuários. Outro fator positivo seria a solicitação regular de exames de hemoglobina glicosilada, importante indicador do controle glicêmico crônico.
Palavras-chave: Diabetes mellitus, Atividade Física, Dieta Alimentar.